quarta-feira, 22 de junho de 2016

REDAÇÃO VIII - DESCREVER, NARRAR, DISSERTAR - ALDRY SUZUKI AMO VOCÊS!!








REDAÇÃO CAPÍTULO VIII



 DESCREVER, NARRAR, DISSERTAR




 ALDRY SUZUKI AMO VOCÊS !!







1.       Modalidades redacionais


Tudo o que se escreve é redação. Elaboramos bilhetes, cartas, telegramas, respostas de questões discursivas, contos, crônicas, romances, empregando as modalidades redacionais ou tipo de composição: descrição, narração ou dissertação. Geralmente as modalidades redacionais aparecem combinadas entre si. Seja qual for o tipo de composição, a criação de um texto envolve conteúdo (nível de ideias, mensagem, assunto), estrutura (organização das ideias, distribuição adequada em introdução, desenvolvimento e conclusão), linguagem (expressividade, seleção de vocabulário) e gramatica (norma da língua).





2.       Narrar – descrever – dissertar


A narração é marcada pela temporalidade; a descrição, pela espacialidade; a dissertação, pela racionalidade.
O redator que narra trabalha com fatos; o que descreve, com características; o que disserta, com juízos.


O narrador conta fatos que ocorrem no tempo, recordando, imaginando ou vendo... O escrevedor caracteriza entes localizados no espaço. Para isso, basta sentir, perceber e, principalmente, ver. O dissertador expõe juízos estruturados racionalmente.
A trama narrativa apreende a ocorrência na sua dinâmica temporal. O processo descritivo suspende o tempo e capta o ente na sua espacialidade atemporal. A estrutura dissertativa articula ideias, relaciona juízos, monta raciocínios e engendra teses.

O texto narrativo é caracterizado pelos verbos nocionais (ações, fenômenos e movimentos); o descritivo, pelos verbos relacionais (estados, qualidades e condições) ou pela ausência de verbos; o dissertativo, indiferentemente, pelos verbos nocionais e/ou relacionais.

Narra-se o que tem história, o que é factual, o que acontece no tempo; o narrador só conta o que viu acontecer, o que lhe contaram como tendo acontecido ou aquilo que ele próprio criou para acontecer.

Descreve-se o que tem sensorialidade e, principalmente, perceptibilidade; afinal, o descrever o que se vê ou imagina-se ver, o que se ouve ou imagina-se ouvir, o que se pega ou imagina pegar, o que se prova gustativamente ou imagina-se provar, o que se cheira ou imagina-se cheirar. Em outras palavras, descreve-se o que tem linhas, forma, volume, cor, tamanho, espessura, consistência, cheiro, gosto, etc. Sentimentos e sensações também podem ser caracterizados pela  descrição ( exemplos: paixão abrasadora, raiva surda).

Disserta-se sobre o que pode ser discutido: o dissertador trabalha com ideias, para montar juízos e raciocínios.





3.       Descrever

A descrição procura apresentar, com palavras, a imagem de seres animados ou inanimados – em seus traços mais peculiares e marcantes -, captados através dos cinco sentidos. A caracterização desses entes obedece a uma delimitação espacial.



O quarto respirava todo um ar triste de desmazelo e boemia. Fazia má impressão estar ali: o vomito de Amâncio secava-se no chão, azedando o ambiente; a louça, que servia ao último jantar, ainda coberta pela gordura coalhada, aparecia dentro de uma lata abominável, cheia de contusões e roída de ferrugem. Uma banquinha, encostada a parede, dizia com seu frio aspecto desarranjando que vela, cujas ultimas gotas de estearina se derramavam melancolicamente pelas bordas de um frasco vazio de xarope Larose, que lhe fizera as vezes de castiçal.
(Aluísio Azevedo)






4.       Narrar

A narração constitui uma sequência temporal de ações desencadeadas por personagens envoltas numa trama que culmina num clímax e que, geralmente, esclarecesse no desfecho.



 
Ouvimos passos no corredor: era D. Fortunata. Capitu compôsse depressa, tão depressa que, quando a mãe à ponta, ela abanava a cabeça e ria. Nenhuma contração de acanhamento, um riso espontâneo e claro. Que ela explicou por estas palavras alegres:
  - Mamãe,  olhe como este senhor cabeleireiro me penteou; pediu-me para acabar o penteado, e fez isto. Veja que tranças!
 - Que tem? Acudiu a mãe, transbordando de benevolência. Está muito vem. Ninguém dirá que é de pessoa que não sabe pentear. 
 - O quê, mamãe? Isto? Redarguiu Capitu, desfazendo as tranças. Ora, mamãe!
E com um enfadamento gracioso e voluntario que às vezes  tinha, pegou do pente e alisou os cabelos para renovar   o penteado. D. Fortunata chamou-lhe tonta, e disse0lhe que não fizesse caso, não era nada, maluquices da fila. Olhava com ternura para min e para ela, depois, parece0me que desconfiou. Vendo-me calado, enfiando, cosido à parede, achou talvez que houvera entre nos algo mais que penteado, e sorriu por dissimulação...
(Machado de Assis)  








5.       Dissertar

A dissertação consiste na exposição logica de ideias discutidas com criticidade por meio de argumentos bem fundamentados.

Homens e livros
Monteiro Lobato dizia que um pais se faz com homens e livros. O Brasil tem homes e livros. O problema é o preço. A vida humana está valendo muito pouco, já as cifras cobradas por livros exorbitam.
A notícia de que uma mãe vendeu o seu filho á enfermeira por R$ 200,00 em duas prestações, mostra como anda baixa a cotação da vida humana neste país. Se esse é o valor que uma mãe atribui a seu próprio filho, o que dizer quando não existem vínculos de parentesco. De uma fútil briga de transito aos interesses da indústria do tráfico, no Brasil, hoje, mata-se por nada.
A falta de instrução, impedindo a maioria dos brasileiros de conhecer o conceito de cidadania, está entre as causas das brutais taxas de violência registradas no país.
Os livros são, como é obvio, a principal fonte de instrução já inventada pelo homem. E, para aprender com os livros, são necessárias apenas duas condições: saber lê-los e poder adquiri-los. Pelo menos 23% dos Brasileiros já encontram um obstáculo intransponível na primeira condição. Um número incalculável, mas certamente bastante alto, esbarra na segunda.
Aqui, um exemplar de uma obra de cerca de cem páginas sai por cerca de R$ 15,00, ou seja, 15% do salario mínimo. Nos EUA, uma obra com quase mil páginas custa US$ 7,95, menos da metade da brasileira e com 900 páginas a mais.
O principal fator para explicar o alto preço das edições nacionais são as pequenas tiragens. Num pais onde pouco de lê, de nada adianta fazer grandes tiragens. Perde-se, assim, a possibilidade de reduzir o custo do produto por meio dos ganhos de produção de escala.
Numa aparente contradição à famosa lei da oferta e da procura, o livro no brasil é caro porque o brasileiro não lê. Vencer esse suposto paradoxo, alfabetizado a população e incentivando-a a ler cada vez mais, poderia resultar num salutar processo de queda do preço do livro e valorização da vida.   
U pois se faz com homens e livros. Mas é preciso que os homens valham mais, muito mais, do que os livros.
(Folha de S.Paulo)





Observações finais:

Na narração encontramos traços descritivos que caracterizam cenários, personagens ou outros elementos da história. Por exemplo:

Caminharam pela estrada poeirenta até chegar a Jardinópolis, onde a família os recebeu.

A descrição pode iniciar-se dos apetrechos necessários para pescar. Chegando lá, o céu estava nublado, o vento forte, as palmeiras agitadas e o mar espumante. Por exemplo:

Indo à praia, Luís muniu-se dos apetrechos necessários para pescar. Chegando lá, o céu estava nublado, o vento forte,  as palmeiras agitadas e o mar espumante.

A dissertação pode apresentar tese ou breves trechos argumentativos de natureza descritiva ou narrativa, desde que sejam exemplificativos para o assunto abordado. Por exemplo:

No século XIX, os mineiros norte-americanos passaram a usar calças de brim suja cor azul-índigo desbotava no atrito com as rochas.  Estava lançada a calça jeans que, nos anos 60, haveria de tornar-se signo da rebeldia e da contracultura.




Resumindo:
A descrição caracteriza seres num determinado espaço ->fotografia.
A narração sequencia ações num determinado tempo ->história.
A dissertação expõe, questiona e avalia juízos ->discussão.




Observe a seguir o quadro-resumo das modalidades de redação:


REDAÇÃO:QUADRO-RESUMO
MODALIDADES
DESCRIÇÃO
NARRAÇÃO
DISSERTAÇÃO
CARACTERISTICAS


INTRODUÇÃO




DESENVOLVIMENTO







CONCLUSÃO






RECURSOS





REQUISITOS
Situa seres e objetos no espaço (fotografia).

O observador focaliza o ser ou abjeto, distingue seus aspectos gerais e os interpreta.

Capta os elementos numa ordem coerente com a disposição em que eles se encontram no espaço, caracterizando-os objetiva e subjetivamente, física e psicologicamente.

Não há um procedimento especifico para conclusão. Considera-se concluído o texto quando se completa a caracterização.

Uso dos cinco sentidos: audição, gustação, olfato, tato e visão, que, concluído o texto quando se completa a caracterização.

Sensibilidade para combinar e transmitir sensações físicas (cores, formas, sons, gostos, odores) e psicológicas (impressões subjetivas, comportamentos). Pode ser redigida num único parágrafo.


Situa seres e objetos no tempo (história).

Apresenta as personagens, localizando-as no tempo e no espaço.


Através das ações das personagens, constroem-se a trama e o suspense, que culminam no clímax.





Existem várias maneiras de concluir-se uma narração. Esclarecer a trama é apenas uma delas.



Verbos de ação, geralmente no tempo passado; narrador personagem, observador ou onisciente; discursos direto,  indireto e indireto livre.

Imaginação para compor uma historia que entretenha o leitor, provocando expectativa e tensão. Pode ser romântica, dramática ou humorística.

Discute um assunto, apresenta pontos de vista e juízos de valor.

Apresenta a síntese do ponto de vista a ser discutido (tese).


Amplia e explica o parágrafo introdutório. Expõe argumentos que evidenciam posição critica, analítica, reflexiva, interpretativa, opinativa sobre o assunto.



Retoma sinteticamente as reflexões criticas ou aponta as perspectivas de solução para o que foi discutido.




Linguagem referencial, objetiva; evidencias, exemplos, justificativa, vocabulário adequado e diversificado.



Capacidade de organizar ideias (coesão), conteúdo para discussão (cultura geral), linguagem clara, objetiva, vocabulário adequado e diversificado.

CRÔNICA
Da descrição, a crônica tem a sensibilidade impressionista; da narração, imaginação (para  humor ou a tensão); da dissertação, o teor critico. A crônica pode ser narrativa, narrativo-descritiva, humorística, lírica, reflexiva, ou combinar essas variantes com as singularidades do assinto. Desenvoltura e intimidade na linguagem aproximam o texto do leitor. É um gênero breve (curta extensão), que não tem estrutura definida. Toda possibilidade de criação é permitida nesse tipo de redação, que corresponde a um flagrante do cotidiano, em seus aspectos pitorescos e inusitados, a uma abordagem humorística, a uma reflexão existencial, a uma passagem lírica ou a um comentário de interesse social.



Bom estudo meus amores, com carinho de sua eterna Prof Dr Master Reikiana Aldry Suzuki bjs 


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