quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

REDAÇÃO IV- FUNÇÕES DE LINGUAGEM - ALDRY SUZUKI AMO VOCÊS!!







4- funções de linguagem


Quando um poeta descreve a Lua, suas impressões se dispõem de maneira especial, conforme a subjetividade de suas sensações.

Quando um cientista descreve o mesmo objeto, submete-o à interpretação informativa, impessoal e científica.




Assim, a Lua, que para o poeta seria “uma inspiração romântica”, para o cientista é “ o satélite natural da Terra”.

Dessa forma, temos as funções da linguagem que apontam o direcionamento da mensagem para um ou mais elementos do circuito da comunicação.

Qualquer produção discursiva, linguística (oral ou escrita) ou extralinguística (pintura, música, fotografia, propaganda, cinema, teatro, etc.) apresenta funções da linguagem.







1-    Elemento da comunicação

Ao elaborarmos uma redação, precisamos ter em mente que estamos escrevendo para alguém.


Enquanto a redação literária se destina à publicação em jornal, livro ou revista, e seu público é geralmente heterogêneo, a redação para vestibular tem em vista selecionar os candidatos cuja habilidade discursiva os torna aptos a ingressar na vida acadêmica.




Seja um texto literário ou escolar, a redação sempre apresenta alguém que o escreve, o emissor, e alguém que o , o receptor. O emissor escreve é a mensagem.

O elemento que conduz o discurso para o receptor é o canal (no nosso caso, o canal é o papel).

Os fatos, os objetos ou imagens, os juízos ou raciocínios que o emissor expõe ou sobre os quais discorre constituem o referente.


A língua que o emissor utiliza ( no nosso caso, obrigatoriamente, a língua portuguesa) constitui o código .

Assim, através de um canal, o emissor transmite ao receptor, em um código comum, uma mensagem, que se reporta a um contexto ou referente.








2-    Funções de linguagem

A ênfase num elemento do circuito de comunicação determina a função de linguagem que lhe corresponde:



ELEMENTO

FUNÇÃO
Contexto
Referencial

Emissor

Emotiva

Receptor

Conativa

Canal

Fática

Mensagem  

Poética

Código

Metalinguística



Cada um desses seis elementos determina uma função de linguagem.




Raramente se encontram mensagens em que haja apenas uma; na maioria das vezes o que ocorre é uma hierarquia de funções em que predomina ora uma, ora outra.





OBSERVE ESTE TRECHO:

Escrever é triste. Impede a conjugação de tantos outros verbos.
Os dedos sobre o teclado, as letras se reunindo com maior ou menor velocidade, mas com igual indiferença pelo que vão dizendo, enquanto lá fora a vida estoura não só em bombas como também em dádivas de toda natureza, inclusive a simples claridade da hora, vedada a você, que está de olho na maquininha. O mundo deixa de ser realidade quente para se reduzir a marginalia, purê de palavras, reflexos no espelho (infiel) do dicionário.

                                   (Carlos Drummond de Andrade)




No exemplo acima, predomina a função metalinguística (volta-se para a própria produção discursiva) e a poética (produz efeito estético através da linguagem metafórica): porém, menos evidentes, aparecem as funções referencial (evidencia o assunto) e emotiva (revela emoções do emissor).

A classificação das funções da linguagem depende das relações estabelecidas entre elas e os elementos do circuito da comunicação.




Esquematicamente, temos:


Num CONTEXTO,

o   EMISSOR (codificador)

elabora uma MENSAGEM,

através de um CÓDIGO,

veiculada por um CANAL,

para um RECEPTOR (decodificador).


  





Função referencial ou denotativa

Certamente a mais comum e mais usada no dia-a-dia, a função referencial ou informativa, também chamada denotativa ou cognitiva, privilegia o contexto.

Ela evidencia o assunto, o objeto, os fatos, os juízos.

É a linguagem da comunicação.

Faz referência a um contexto, ou seja, a uma informação sem qualquer envolvimento de quem produz ou de quem a recebe.

Não há preocupação com estilo; sua intenção é unicamente informar.

É a linguagem das redações escolares, principalmente das dissertações, das narrações não fictícias e das descrições objetivas.
Caracteriza também o discurso científico, o jornalístico e a correspondência comercial.

Exemplo:

Todo brasileiro tem direito á aposentadoria. Mas nem todos têm direitos iguais. Um milhão e meio de funcionários públicos, aposentados por regimes especiais, consomem mais recursos do que os quinze milhões de trabalhadores aposentados pelo INSS. Enquanto a média dos benefícios aos aposentados pelo INSS é de 2,1 salários mínimos, nos regimes especiais tem gente que ganha mais de 100 salários mínimos.
                     (Programa Nacional de Desestatização)





Função emotiva ou expressiva

Quando há ênfase no emissor (primeira pessoa) e na expressão direta de suas emoções e atitudes, temos a função emotiva, também chamada expressiva ou de exteriorização psíquica.

Ela é linguisticamente representada por interjeições, adjetivos, signos de pontuação (tais como exclamações, reticências) e agressão verbal (insultos, termos de baixo calão), que representam a marca subjetiva de quem fala. 

Exemplo:



Oh! Como és linda, mulher que passas

Que me sacias e suplicias

Dentro das noites, dentro dos dias!

                                    (Vinícius de Moraes)



Observe


Luís, você é um mesmo um burro!”






A essa frase perde seu caráter informativo (já que Luís não é uma pessoa transformada em animal) e enfatiza o emotivo, pois revela o estado emocional do emissor.

As canções populares amorosas, as novelas e qualquer expressão artística que deixe transparecer o estado emocional do emissor também pertencem à função emotiva.

Exemplos:





E aí me dá uma inveja dessa gente...
                                               (Chico Buarque)


Não adianta nem tentar

Me esquecer

Durante muito tempo em sua vida

Eu vou viver.

                   (Roberto Carlos  e Erasmo Carlos )

Sinto que viver é inevitável. Posso na primavera  ficar ficar horas sentada fumando, apenas sendo. Ser às vezes sangra. Mas  não há como não sangrar, pois é no sangue que sinto a primavera . Dói . A primavera me dá coisas. Dá do que viver. E sinto que um dia na primavera é que vou morrer. De amor pungente  coração  enfraquecido.

                                            (Clarice Lispector)





Função conativa ou de apelo
A função contativa é aquela que busca mobilizar  a atenção do receptor, produzindo um apelo ou uma ordem.
Pode ser volitiva, revelando assim uma vontade (“por favor, ou gostaria que você se retirasse.”)ou   imperativa, que é a característica fundamental da propaganda. Encontra no vocativo e no imperativo sua expressão gramatical mais autêntica.

Exemplos:


Antônio , venha cá!!

Compre um e leve três.

Beba Coca-Cola.

Se o terreno é difícil, use uma solução inteligente:

Mercedes-Benz.





Função fática

Se a ênfase está no canal, para checar sua recepção ou para manter a conexão entre os falantes, temos a função fática.
Nas fórmulas ritualizadas da comunicação, os recursos fáticos são comuns.

Exemplos:


Bom dia!

Oi tudo bem?

Ah, é!

Hum... hum...

Alô, quem fala?

Hã, o quê?



Observe os recursos fáticos que, embora característicos da linguagem oral, ganham expressividade na música:


Alô, alô marciano

Aqui quem fala é da Terra.

                          (Rita Lee e Roberto de Carvalho)


Blá, blá, blá, blá, blá

Blá, blá, blá, blá

Ti,ti,ti, ti,ti

Ti, ti,ti,ti

Tá tudo muito bom, bom!
Tá tudo muito bem, bem!

                                      (Evandro Mesquita)



Atente para o fato de que o uso excessivo dos recursos fáticos denota carência vocabular, já que destitui a mensagem de carga semântica, mantendo apenas a comunicação, sem traduzir informação.

Exemplo:



_Você gostou dos contos de Machado?

_ Só, meu. Valeu.






Função metalinguística


A função metalinguística visa à tradução do código ou à elaboração do discurso, seja ele linguístico ( a escrita ou a oralidade), seja extralinguístico (música, cinema, pintura, gestualidade etc. - Chamados de códigos complexos).

Assim, é a mensagem que fala de sua própria produção discursiva.

Um livro convertido em filme apresenta um processo de metalinguagem, uma pintura que mostra o próprio artista executando a tela, um poema que fala do ato de escrever, um conto ou romance que discorre sobre a própria  linguagem etc.

São igualmente metalinguísticos. O dicionário é metalinguístico por excelência.


Exemplos:




-Foi assim que se fez. A literatura é a literatura, seu Paulo. A gente discute, briga, trata de negócios naturalmente, mas arranjar palavras com tinta é outra coisa. Se eu fosse escrever como falo, ninguém me lia.

                                         (Graciliano Ramos)


Lutar com palavras

É a luta mais vã.

Entanto lutamos

Mal rompe a manhã.

                         (Carlos Drummond de Andrade)

A palavra é o homem mesmo. Estamos feitos de palavras . Elas são a única realidade ou, ao menos , o único testemunho de nossa realidade.

                                                (Octávio Paz)




“Anuncie o seu produto: a propaganda é a arma do negócio.”

Nesse exemplo, temos a função metalinguística (a propaganda fala do ato de anunciar), a conativa (a expressão aliciante do verbo anunciar no imperativo) e a poética (na renovação de um clichê, conferindo-lhe um efeito especial).





Função poética


Quando a mensagem se volta para seu processo de estruturação, para os seus próprios constituintes, tendo em vista produzir um efeito estético, através de desvios da norma ou de combinatórias inovadoras da linguagem, temos a função poética, que pode ocorrer num texto em prosa ou em verso, ou ainda na fotografia, na música, no teatro, no cinema, na pintura, enfim em qualquer modalidade discursiva que apresente uma maneira especial de elaborar o código, de trabalhar a palavra.

Exemplos:



Que não há forma de pensar ou crer,

De imaginar, sonhar ou de sentir,

Nem rasgo de loucura

Que ouse pôr a alma humana frente a frente

Com isso que uma vez visto e sentido

Me mudou, qual ao universo o sol

Falhasse súbito, sem duração

No acabar...

                                        (Fernando Pessoa)




Observe, entretanto , que o discurso desviatório necessita de um contexto para produzir sensação estética, como no poema abaixo, cujo nonsense é altamente poético no contexto de Alice no País das Maravilhas:







Pois então tu mataste o  Jaguadarte!

Vem aos meus braços, homenino meu!

Oh dia fremular! Bravooh! Bravarte!

Ele se ria jubileu.

Era briluz. As lesmolisas touvas

Roldavam e relviam nos gramilvos.

Estavam mimsicais as pintalouvas

E os momirratos davam grilvos.

         (Lewis Carrol, traduzido por Augusto de Campos.)


 Meus amores  tudo sobre redação e colocarei por 19 capítulos ... amo vocês, bom estudo com muita paz e luz e que a inteligência divina os oriente, guie em amplo aspecto com glórias e realizações em tudo que almejares, desejares, que suas metas, ideais sejam grandes e com certeza serão vitoriosos como eu sou, amém. Com carinho de sua eterna Prof Dr Master Reikiana Aldry Suzuki bjs