3- níveis
de linguagem
Não há dúvida que as línguas se aumentam e
alteram com o tempo e as necessidades dos usos e costumes. (...) A este
respeito a influência do povo é decisiva.
(Machado
de Assis)
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A
língua pertence a todos os membros de uma comunidade e é uma entidade viva em
constante mutação.
Novas
palavras são criadas ou assimiladas de outras línguas, à medida que surgem
novos hábitos, objetos e conhecimentos.
Os
dicionários vão incorporando esses novos vocábulos(neologismos),quando consagrados
pelo uso. Atualmente, os veículos de comunicação audiovisual, especialmente os
computadores e a Internet, têm sido fonte de incontáveis neologismos – alguns necessários,
porque não havia equivalentes em Português; outros dispensáveis, porque
duplicam palavras existentes.
O
único critério para sua integração na língua é, porém, o seu emprego constante
por um número considerável de usuários.
De
fato, quem determina as transformações linguísticas é o conjunto de usuários,
independentemente de que sejam eles, estejam escrevendo ou falando, uma vez que
tanto a língua escrita quanto a oral apresentam variações condicionadas por
diversos fatores: regionais, sociais, intelectuais, etc.
O movimento de 1922 não nos deu – nem nos
podia dar – uma “língua brasileira”, ele incitou os nossos escritores a
concederem primazia absoluta aos temas essencialmente brasileiros {...} e a
preferirem sempre palavras e construções vivas do português do Brasil a outras,
mortas e frias, armazenadas nos dicionários e nos compêndios gramaticais.
(Celso Cunha)
A vida não me chegava
pelos jornais nem pelos livros
Vinha da boca do povo na
língua errada do povo
Língua certa do povo
Porque ele é que fala
gostoso o português do Brasil.
(Manuel Bandeira)
Embora
as variações linguísticas sejam condicionadas pelas circunstâncias, tanto a
língua falada quanto a escrita cumprem sua finalidade, que é a comunicação.
A
língua escrita obedece a normas gramaticais e será sempre diferente da língua
oral, mais espontânea, solta, livre, visto que acompanhada da mímica e
entonação, que preenchem importantes papéis significativos. Mais sujeita a
falhas, a linguagem empregada coloquialmente difere substancialmente do padrão culto,
o que, segundo alguns linguistas, criou no Brasil um abismo quase
intransponível para os usuários da língua, pois se expressar em português com
clareza e correção é uma das maiores dificuldades dos brasileiros: “No português do Brasil, a distância entre o nível
popular e o nível culto ficou tão marcada que, se assim prosseguir, acabará
chegando a se parecer com o fenômeno verificado no italiano ou no alemão, por
exemplo , com a distância entre um dialeto e outro.”
(Evanildo Bechara, Ensino da Gramática. Opressão?Liberdade?)
Com base nessas considerações, não se deve
regre o ensino da língua pelas noções de certo e errado, mas pelos conceitos de
adequado e inadequado, que são
mais convenientes e exatos, porque refletem o uso da língua nos mais diferentes
contextos.
Não se espera que um adolescente, reunindo
a outros em uma lanchonete, assim se expresse: “Vamos ao shopping assistir um filme”, mas
aceita-se : “Vamos
no shopping assistir um filme”.
Não seria adequado a um professor
universitário assim se manifestar: “ fazem
dez anos que participo de palestras nesta egrégia Universidade, nas quais
sempre houveram estudantes interessados”.
Escrever conforme a norma culta – que não representa
uma camisa-de-força, mas um tesouro das formas de expressão mais bem cultivadas
da língua – é um requisito para qualquer profissional de nível universitário
que se pretenda elevar acima da vala comum de usa profissão.
O domínio eficiente da língua, em seus
variados registros e em suas inesgotáveis possibilidades de variação, é uma das
condições para o bom desempenho profissional e social.
1-A linguagem popular ou coloquial
É
aquela usada espontânea e fluentemente pelo povo. Mostra-se quase sempre
rebelde à norma gramatical e é carregada
de vícios de linguagem (solecismo – erros de regência e concordância;
barbarismo – erros de pronúncia, grafia
e flexão; ambiguidade; cacofonia; pleonasmo), expressões vulgares, gírias
e preferência pela coordenação, que ressalta o caráter oral e popular da
língua.
A
linguagem popular está sempre nas mais diversas situações: conversas familiares
ou entre amigos, anedotas, irradiação de esportes, programas de TV (sobretudo
os de auditório), novelas, expressão dos estados emocionais, etc.
2-A linguagem culta ou de padrão
É
aquela ensinada nas escolas e serve de veículo às ciências em que se apresenta
com terminologia especial. É usada pelas pessoas instruídas das diferentes
classes sociais e caracteriza-se pela obediência às normas gramaticais. Mais
comumente usada na linguagem escrita e literária, reflete prestígio social e
cultural. É mais artificial, mas estável, menos sujeita a variações. Está
presente nas aulas, conferências, sermões, discursos políticos, comunicações
científicas, noticiários de TV, programas culturais etc.
3-Gíria
Segundo
Mattoso
Câmara Júnior, “estilo
literário e gíria são, em verdade, dois polos da Estilística, pois gíria não é
a linguagem popular, como pensam alguns, mas apenas um estilo que se integra à
língua popular”.
Tanto
que nem todas as pessoas que se exprimem através da linguagem popular usam
gíria.
A gíria
relaciona-se ao cotidiano de certos grupos sociais “ que vivem à margem das classes dominantes:
os estudantes, esportistas, prostitutas, ladrões” (Dino
Preti)
Como arma
de defesa contra as classes dominantes Esses grupos utilizam a gíria como meio
de expressão do cotidiano, para que as mensagens sejam decodificadas apenas pelo
próprio grupo.
Assim a
gíria é criada por determinados segmentos da comunidade social que divulgam o
palavreado para outros grupos até chegar à mídia. Os meios de comunicação de
massa, como a televisão e o rádio, propagam os novos vocábulos, às vezes,
também inventam alguns.
A gíria
é criada por determinados segmentos da comunidade social que divulgam o
palavreado para outros grupos até chegar á mídia. Os meios de comunicação de
massa, como a televisão e o rádio, propagam os novos vocábulos, às vezes,
também inventam alguns.
A gíria
que circula pode acabar incorporada pela língua oficial, permanecer no
vocabulário de pequenos grupos ou cair em desuso.
Caracterizada como um vocabulário especial,
a gíria surge como um signo de grupo, a princípio secreto, domínio exclusivo de
uma comunidade social restrita (seja a gíria dos marginais ou da polícia, dos
estudantes, ou de outros grupos ou profissões).
(...) Ao Vulgarizar-se, porém, para a
grande comunidade, assumindo a forma de uma gíria comum, de uso geral e não
diferenciado,(...) torna-se difícil precisar o que é de fato vocábulo gírio ou
vocábulo popular.
(...) É expressa frequentemente sob forma
humorística ( e não raro obscena, ou ambas as coisas juntas), como ocorre, por
exemplo, em certos signos que revelam evidente
agressividade, como bicho, forma de chamamento que na década de 1970
substituía amigo, colega, cara; coroa, para pessoa mais idosa, madura: quadrado,
em lugar de conservador, tradicional, reacionário; mina, para namorada, foram
trazida da linguagem marginal da prostituição, onde originalmente significa
mulher rendosa para o malandro, que vive à custa dela etc.
(Dino Preti)
Primeiro,
ela pinta como quem não quer nada. Chega na moral, dando uma de Miguel, e
acaba na boca do povo. Depois desbaratina,
vira levo-leva, sai de fininho e some. Mas, às vezes volta arrebentando,sem o menor aviso. Afinal,
qual é a da gíria?
(Cássio
Schubsky, Superinteressante)
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4-Linguagem vulgar
Existe
uma linguagem vulgar, segundo Dino Preti, “ligada aos grupos extremamente
incultos, aos analfabetos”, aos que têm pouco ou nenhum contato com centros
civilizados. Na linguagem vulgar multiplicam-se estruturas com “nóis vai,ele fica”, “eu di um beijo
nela”, “vamos i no mercado”
5-Linguagem regional
Regionalismos
ou falares locais são variações geográficas do uso da língua padrão, quanto às
construções gramaticais, empregos de
certas palavras e expressões e do ponto
de vista fonológico. Há, no Brasil por
exemplo, falares ou dialetos amazônico, nordestino, baiano, fluminense, mineiro
, sulino.
Ex: falar ou dialeto gaúcho.
Pues,
diz o divã no consultório do analista de Bagé é forado com um pelego. Ele recebe
os pacientes de bombacha e pé no chão.
-
Buenas. Vá entrando e se abanque, índio velho.
- O
senhor quer que eu deite logo no divã?
-bom,
se o amigo quiser dançar uma marcha, antes, esteja a gosto. Mas eu prefiro
ver o vivente estendido e charlando que nem china da fronteira, pra não
perder tempo nem dinheiro.
(Luís Fernando Verissimo, O analista de Bagê)
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Ex: falar
ou dialeto caipira.
Aos
dezoitos anos pai Norato deu uma facada num rapaz, num adjuntório e abriu o
pé no mundo. Nunca mais ninguém botou os olhos em riba dele, afora o afilhado.
-Padrinho,
avim cá chama o sinhô pra mode i mora mas eu.
- Quá,
fio, esse caco de gente num sai daqui mas não.
-Bamo.
Buli gente num bole, mais bicho... O sinhô anda perrengado...
(Bernardo Élis, Pai Norato)
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Papos
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- Me disseram...
- Disseram-me.
- Hein?
- O correto é “disseram-me”. Não “me disseram”.
- Eu falo como quero. E te digo mais... Ou é “digo-te”?
-O quê?
-Digo-te que você...
- O “te” e o “você” não combinam.
- Lhe digo?
- Também não. O que você ia me dizer?
_ Que você sendo grosseiro, pedante e chato. E que eu vou te
partir a cara. Lhe partir a cara. Partir a sua cara. Como é que diz?
_ Partir-te a cara.
- Pois é. Partila-hei de, se você
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Não para de me corrigir . Ou corrigir-me
- É para os eu bem.
-Dispenso as suas correções. Vê se esquece-me. Falo como bem
entender. Mais uma correção e eu...
- O quê?
- O mato.
- Que mato?
- Mato-o. Mato-lhe. Mato você.
Matar-lhei-ei-te. Ouviu bem?
_ Eu só estava é querendo...
-Pois esqueça-o e para-te.
Pronome no lugar certo é elitismo!
-Se você prefere falar errado...
-Falo como todo mundo fala. O importante é me entenderem . Ou
entenderem-me?
_ no caso... não sei.
- Ah, não sabe? Não o sabes?
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Sabes-lo não?
-esquece.
-Não. Como “esquece”
você prefere falar errado?
E o certo é “esquece” ou esqueça”?
Ilumine-me.
Mo diga. Ensine-lo-ias se o soubesses, mas não sabe-o.
- esta bem, esta bem.
Desculpe.
- Fale como quiser.
-agradeço-lhe a permissão para falar errado que mas dás. Mas não
posso dizer-lo –te o que dizer-te-ia.
-Por quê?
- Porque , com todo esse papo, esqueci-lo.
(Luís
Fernando Verissimo)
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Meus amores tudo
sobre redação e colocarei por 19 capítulos ... amo vocês, bom estudo com muita
paz e luz e que a inteligência divina os oriente, guie em amplo aspecto com
glórias e realizações em tudo que almejares, desejares, que suas metas, ideais
sejam grandes e com certeza serão vitoriosos como eu sou, amém. Com carinho de
sua eterna Prof Dr Master Reikiana Aldry Suzuki bjs
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