4- funções
de linguagem
Quando um poeta descreve a Lua, suas impressões
se dispõem de maneira especial, conforme a subjetividade de suas sensações.
Quando um cientista descreve o mesmo objeto, submete-o à
interpretação informativa, impessoal e científica.
Assim, a Lua, que para o poeta seria “uma inspiração romântica”,
para o cientista é “ o satélite natural da Terra”.
Dessa forma, temos as funções da linguagem que apontam o
direcionamento da mensagem para um ou mais elementos do circuito da
comunicação.
Qualquer produção discursiva, linguística (oral ou escrita) ou
extralinguística (pintura, música, fotografia, propaganda, cinema, teatro, etc.)
apresenta funções da linguagem.
1- Elemento
da comunicação
Ao elaborarmos uma redação, precisamos ter em mente que estamos
escrevendo para alguém.
Enquanto a redação literária se destina à publicação em jornal,
livro ou revista, e seu público é geralmente heterogêneo, a redação para
vestibular tem em vista selecionar os candidatos cuja habilidade discursiva os
torna aptos a ingressar na vida acadêmica.
Seja um texto literário ou escolar, a redação sempre apresenta
alguém que o escreve, o emissor, e alguém que o lê
, o
receptor. O emissor escreve é a mensagem.
O elemento que conduz o discurso para o receptor é o canal (no
nosso caso, o canal é o papel).
Os fatos, os objetos ou imagens, os juízos ou raciocínios que o emissor
expõe ou sobre os quais discorre constituem o referente.
A língua que o emissor utiliza ( no nosso caso, obrigatoriamente,
a língua portuguesa) constitui o código .
Assim, através de um canal, o emissor transmite ao receptor, em um código
comum, uma mensagem, que se reporta a um contexto ou referente.
2- Funções
de linguagem
A ênfase num elemento do circuito de comunicação determina a
função de linguagem que lhe corresponde:
ELEMENTO
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FUNÇÃO
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Contexto
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Referencial
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Emissor
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Emotiva
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Receptor
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Conativa
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Canal
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Fática
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Mensagem
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Poética
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Código
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Metalinguística
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Cada um desses seis elementos determina uma função de linguagem.
Raramente se encontram mensagens em que haja apenas uma; na
maioria das vezes o que ocorre é uma hierarquia de funções em que predomina ora
uma, ora outra.
OBSERVE
ESTE TRECHO:
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Escrever
é triste. Impede a conjugação de tantos outros verbos.
Os
dedos sobre o teclado, as letras se reunindo com maior ou menor velocidade,
mas com igual indiferença pelo que vão dizendo, enquanto lá fora a vida
estoura não só em bombas como também em dádivas de toda natureza, inclusive a
simples claridade da hora, vedada a você, que está de olho na maquininha. O
mundo deixa de ser realidade quente para se reduzir a marginalia, purê de
palavras, reflexos no espelho (infiel) do dicionário.
(Carlos Drummond de Andrade)
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No exemplo acima, predomina a função metalinguística
(volta-se para a própria produção discursiva) e a poética (produz efeito
estético através da linguagem metafórica): porém, menos evidentes, aparecem as
funções referencial (evidencia o assunto) e emotiva (revela emoções do
emissor).
A classificação das funções da linguagem
depende das relações estabelecidas entre elas e os elementos do circuito da
comunicação.
Esquematicamente, temos:
Num CONTEXTO,
o EMISSOR (codificador)
elabora uma MENSAGEM,
através de um CÓDIGO,
veiculada por um CANAL,
para um RECEPTOR (decodificador).
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Função referencial
ou denotativa
Certamente
a
mais comum e mais usada no dia-a-dia, a função referencial ou
informativa, também chamada denotativa ou cognitiva, privilegia o contexto.
Ela
evidencia o assunto, o objeto, os fatos, os juízos.
É a
linguagem da comunicação.
Faz
referência a um contexto, ou seja, a uma informação sem qualquer envolvimento
de quem produz ou de quem a recebe.
Não há
preocupação com estilo; sua intenção é unicamente informar.
É a
linguagem das redações escolares, principalmente das dissertações, das
narrações não fictícias e das descrições objetivas.
Caracteriza
também o discurso científico, o jornalístico e a correspondência comercial.
Exemplo:
Todo
brasileiro tem direito á aposentadoria. Mas nem todos têm direitos iguais. Um
milhão e meio de funcionários públicos, aposentados por regimes especiais, consomem
mais recursos do que os quinze milhões de trabalhadores aposentados pelo
INSS. Enquanto a média dos benefícios aos aposentados pelo INSS é de 2,1
salários mínimos, nos regimes especiais tem gente que ganha mais de 100
salários mínimos.
(Programa Nacional de Desestatização)
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Função emotiva
ou expressiva
Quando
há ênfase no emissor (primeira pessoa) e na expressão direta de suas
emoções e atitudes, temos a função emotiva,
também chamada expressiva ou de exteriorização psíquica.
Ela é
linguisticamente representada por interjeições, adjetivos, signos de pontuação
(tais como exclamações,
reticências) e agressão verbal (insultos,
termos de baixo calão), que representam a marca subjetiva de quem fala.
Exemplo:
Oh! Como
és linda, mulher que passas
Que
me sacias e suplicias
Dentro
das noites, dentro dos dias!
(Vinícius
de Moraes)
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Observe
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“Luís, você é um mesmo um burro!”
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A essa
frase perde seu caráter informativo (já que Luís não é uma pessoa transformada
em animal) e enfatiza o emotivo, pois revela o estado emocional do emissor.
As
canções populares amorosas, as novelas e qualquer expressão artística que deixe
transparecer o estado emocional do emissor também pertencem à função emotiva.
Exemplos:
E aí me dá uma inveja dessa gente...
(Chico Buarque)
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Não adianta nem tentar
Me esquecer
Durante muito tempo em sua vida
Eu vou viver.
(Roberto Carlos e Erasmo Carlos )
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Sinto que viver é inevitável. Posso na primavera ficar ficar horas sentada fumando, apenas
sendo. Ser às vezes sangra. Mas não há
como não sangrar, pois é no sangue que sinto a primavera . Dói . A primavera
me dá coisas. Dá do que viver. E sinto que um dia na primavera é que vou
morrer. De amor pungente coração enfraquecido.
(Clarice Lispector)
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Função conativa
ou de apelo
A
função contativa é aquela que busca mobilizar
a atenção do receptor, produzindo um apelo ou uma ordem.
Pode
ser volitiva, revelando assim uma vontade (“por favor, ou gostaria que você se
retirasse.”)ou imperativa, que é a característica fundamental
da propaganda. Encontra no vocativo e no imperativo sua expressão gramatical
mais autêntica.
Exemplos:
Antônio
, venha cá!!
Compre
um e leve três.
Beba
Coca-Cola.
Se o
terreno é difícil, use uma solução inteligente:
Mercedes-Benz.
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Função
fática
Se a
ênfase está no canal, para checar sua recepção ou para manter a conexão entre
os falantes, temos a função fática.
Nas
fórmulas ritualizadas da comunicação, os recursos fáticos são comuns.
Exemplos:
Bom
dia!
Oi
tudo bem?
Ah,
é!
Hum...
hum...
Alô,
quem fala?
Hã,
o quê?
|
Observe
os recursos fáticos que, embora característicos da linguagem oral, ganham
expressividade na música:
Alô,
alô marciano
Aqui
quem fala é da Terra.
(Rita
Lee e Roberto de Carvalho)
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Blá,
blá, blá, blá, blá
Blá,
blá, blá, blá
Ti,ti,ti,
ti,ti
Ti,
ti,ti,ti
Tá
tudo muito bom, bom!
Tá
tudo muito bem, bem!
(Evandro
Mesquita)
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Atente
para o fato de que o uso excessivo dos recursos fáticos denota carência vocabular,
já que destitui a mensagem de carga semântica, mantendo apenas a comunicação,
sem traduzir informação.
Exemplo:
_Você gostou dos contos de Machado?
_ Só, meu. Valeu.
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Função metalinguística
A função
metalinguística visa à tradução do código ou à elaboração do discurso,
seja ele linguístico ( a
escrita ou a oralidade), seja extralinguístico (música, cinema, pintura, gestualidade etc. -
Chamados de códigos complexos).
Assim,
é a mensagem que fala de sua própria produção discursiva.
Um livro
convertido em filme apresenta um processo de metalinguagem, uma pintura que
mostra o próprio artista executando a tela, um poema que fala do ato de
escrever, um conto ou romance que discorre sobre a própria linguagem etc.
São igualmente
metalinguísticos. O dicionário é metalinguístico por excelência.
Exemplos:
-Foi assim
que se fez. A literatura é a literatura, seu Paulo. A gente discute, briga,
trata de negócios naturalmente, mas arranjar palavras com tinta é outra
coisa. Se eu fosse escrever como falo, ninguém me lia.
(Graciliano
Ramos)
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Lutar
com palavras
É a
luta mais vã.
Entanto
lutamos
Mal rompe
a manhã.
(Carlos
Drummond de Andrade)
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A
palavra é o homem mesmo. Estamos feitos de palavras . Elas são a única
realidade ou, ao menos , o único testemunho de nossa realidade.
(Octávio Paz)
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“Anuncie o seu produto: a propaganda é a
arma do negócio.”
Nesse
exemplo, temos a função metalinguística (a propaganda fala do ato de anunciar), a conativa
(a expressão aliciante do verbo
anunciar no imperativo) e a poética (na renovação de um clichê, conferindo-lhe um efeito especial).
Função
poética
Quando a
mensagem se volta para seu processo de estruturação, para os seus próprios
constituintes, tendo em vista produzir um efeito estético, através de desvios
da norma ou de combinatórias inovadoras da linguagem, temos a função poética,
que pode ocorrer num texto em prosa ou em verso, ou ainda na fotografia, na
música, no teatro, no cinema, na pintura, enfim em qualquer modalidade
discursiva que apresente uma maneira especial de elaborar o código, de
trabalhar a palavra.
Exemplos:
Que
não há forma de pensar ou crer,
De imaginar,
sonhar ou de sentir,
Nem rasgo
de loucura
Que ouse
pôr a alma humana frente a frente
Com isso
que uma vez visto e sentido
Me
mudou, qual ao universo o sol
Falhasse
súbito, sem duração
No acabar...
(Fernando
Pessoa)
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Observe,
entretanto , que o discurso desviatório necessita de um contexto para produzir
sensação estética, como no poema abaixo, cujo nonsense é altamente poético no contexto de Alice no País das Maravilhas:
Pois
então tu mataste o Jaguadarte!
Vem aos
meus braços, homenino meu!
Oh
dia fremular! Bravooh! Bravarte!
Ele
se ria jubileu.
Era briluz.
As lesmolisas touvas
Roldavam
e relviam nos gramilvos.
Estavam
mimsicais as pintalouvas
E os
momirratos davam grilvos.
(Lewis
Carrol, traduzido por Augusto de Campos.)
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Meus amores tudo
sobre redação e colocarei por 19 capítulos ... amo vocês, bom estudo com muita
paz e luz e que a inteligência divina os oriente, guie em amplo aspecto com
glórias e realizações em tudo que almejares, desejares, que suas metas, ideais
sejam grandes e com certeza serão vitoriosos como eu sou, amém. Com carinho de
sua eterna Prof Dr Master Reikiana Aldry Suzuki bjs