AS ORIGENS DE PORTUGAL E DA LÍNGUA PORTUGUESA
NOÇÕES HISTÓRICAS
DO LATIM VULGAR AO ROMANÇO
Muito
pouco se sabe das antigas populações que habitavam a Península Ibérica antes do
século III a.C.,quando os romanos a invadiram para expulsar as tropas
cartaginesas de Aníbal, na Segunda Guerra Púnica, iniciando o processo de
romanização da região.
A população local contituía uma complexa mistura de
raças: celtas, iberos, púnico-fenícios, lígures, gregos e outros grupos mal
identificados, que quase nada conservaram de suas línguas nativas.
Apesar
da resistência de alguns povos do Norte, já no século I d.C. toda a Península
se romanizara, e o latim passou a ser a língua comum, com exceção das regiões
montanhosas do Norte, onde as populações mantiveram a língua nativa, o basco,
que até hoje é falado.
O
latim levado pelos dominadores era o latim vulgar (sermo vulgaris),
denominação que compreende as inúmeras variedades da língua falada pelos
soldados, colonos e funcionários romanos.
Esse latim vulgar, mesmo em Roma,
diferia do latim literário ou clássico
(sermo
litterarius), que foi escrito com intensões artísticas, sob influência
grega, e foi se depurando até atingir, no século I a.C., a alta perfeição da
prosa de Cícero ou da poesia de Virgílio e Horácio.
Com o tempo, foi-se
acentuando a diferença entre a língua literária, praticada por uma pequena
elite, e a língua corrente, falada pelos mais variados grupos sociais e étnicos
da Itália e das províncias incorporadas ao Império Romano, que sob o governo de
Trajano, atingiu o máximo de sua extensão geográfica, da Lusitânia à
Mesopotâmia e do norte da África à Grã-Bretanha.
Falado
em tamanha área geográfica por povos de raças tão diversas, o latim vulgar perdeu
sua unidade, já precária de origem, pois servia de meio de comunicação a
variadas comunidades de analfabetos.
Nos centros urbanos mais importantes, o
ensino do latim difundia o padrão literário e , com isso, retardava os efeitos
das forças de diferenciação.
Mas, no campo, nas vilas e aldeias, a língua, sem
nenhum controle normativo, passou por um processo irreversível de
dialetalização.
Já no século III da nossa era, a unidade linguística do Império
não mais existia, ainda que sobrevivessem os vínculos políticos e certa
comunidade de civilização.
É o que se chama de România, em contraste com a Barbária,
as regiões habitadas por outros povos.
Alguns
fatos históricos contribuíram para acelerar o processo de dialetalização. Entre
eles, destacamos:
*Desde
212, o édito de Caracala estendera o direito de cidadania a todos os indivíduos
livres do Império, com o que Roma e a Itália começaram a perder a situação
privilegiada de que desfrutavam.
*Diocleciano, que governou de 284 a 305, instituiu a obrigatoriedade do latim como língua da administração, mas anulou os efeitos unificadores dessa medida ao descentralizar política e administrativamente o Império em doze dioceses, aguçando os “nacionalismos” regionais e locais.
*em
330, Constantino, que se tornara defensor do cristianismo, transferiu a sedo
Império para bizâncio, a nova Constantinopla. Roma, destituída da condição de
capital, deixou de exercer a função de reitora da norma linguística.
*Com
a morte de Teodósio, em 395, o Império foi dividido entre seus dois filhos.
Arcádio ficou com o Império do Oriente, que teve vida longa, perdurando até 1453.
Honório fico com o Império do Ocidente, que, depois de sucessivas invasões (hunos,
visigodos, ostrogodos, borguinhões, suevos, alanos e vândalos),sucumbiu em 476,
quando Odoacro destronou o imperador fantoche Romulus Augustus, apelidado com o
diminuitivo Augustulus, “Augustinho”.
As
forças linguísticas desagregadoras impuseram-se rapidamente e, já no fim do
século V mis falares regionais estavam mais próximos dos futuros idiomas
românticos ou neolatinos do que do próprio latim.
Começa o período que se
denomina romanço ou romance (do latim a romanice, que significa “falar à
maneira dos romanos”).
É a denominação que se dá à língua vulgar nessa fase de
transição, que termina com o aparecimento de textos redigidos em cada uma das
línguas românicas: o francês, o italiano, o espanhol,
o sardo,
o provençal,
o rético,
o catalão,
o galego-português,
o franco-provençal,
o dálmata
e o romeno.
Entre
os ppovos germânicos que invadiram a Península ibérica, os visigodos, que eram
os mais civilizados, impuseram-se aos demais (vândalos, suevos, e alanos).
O Império Visigótico perdurou até 711,
quando Rodrigo , o último rei godo, não pode deter a invasão árabe.
Esse
Império, que se pode chamar de romano-visigótico, tinha como religião o
cristianismo e como língua o hispano-românico, legítimo continuador do latim
vulgar.
Excluídos os nomes próprios de pessoas e de lugares, a contribuição
goda para o léxico português é pequena, não excedendo de 40 termos.
Do domínio
árabe á guerra de reconquista
Movidas
pela Guerra Santa, as tribos árabes conquistaram o norte da Áfricae, em 711,
desembarcaram na Península Ibérica, onde resistiram até 1492.
Toda a Espanha visigótica
tornou-se domínio muçulmano, a despeito da resistência do pequeno reino do
duque Teodomiro e de alguns focos de rebeldia nas montanhas das Astúrias, de
onde partiria, mais tarde, o movimento de Reconquista.
Os
árabes, sírios e berberes invasores não traziam mulheres e acabavam casando-se
com hispano-visigodas, mantendo escravas galegas e bascas.
Muitos hispanos
godos, os moçárabes, viveram sob o domínio muçulmano: uns se islamizaram ,
outros conseguiram certa autonomia , os mais exaltados influindo na Espanha
moura, onde se falava o romanço ao lado do árabe.
Com
os árabes, floresceram na Península as ciências e as artes; a agricultura, a
indústria e o comércio se desenvolveram, e inúmeras palavras foram introduzidas
para designar os novos e variados conhecimentos. Sem contar os topônimos, o
léxico proveniente do árabe pode chegar a 1.000 termos. As palavras portuguesas
dessa origem referem-se, em geral:
-à organização guerreira: acicate, Adail,
adarga, alcaide, alfanje, alferes, aljava, amia, arrebatar, atalaia, ronda,
zaga, entre outras;
-à agricultura e à jardinagem: açafrão, açúcar,
açucena, alcachofra, alecrim, alface, alfafa, alfazema, algodão, benjoim,
berinjela,etc;
-ao comércio, a pesos e medidas: aduana,
armazém, arroba, quilate, quintal, etc;
-a ofícios e cargos: alfageme, alfaiate,
algibebe, almocreve, almotacel, almoxarife, arrais, caliga, emir, etc;
-a instrumentos musicais: adufe, alaúde,
anafil, arrabil, tambor, etc;
-às ciências: álgebra, algoritmo, cifra,
zênite, álcool, álcali etc;
Em
alguns casos, os árabes foram intermediários de palavras que haviam tomado a
outras línguas:
do grego (alambique,
alcaparra, alfândega, alquimia, acelga, arroz);
do sânscrito (alcanfor, xadrez);
do persa( azul, escarlate, jasmim, laranja); além das formas
arabizadas de palavras latinas
(abricó, alcácer, albornoz, almude).
Foi
durante o domínio árabe que se acentuaram as características distintivas do
romanço peninsular.
Na região que
compreendia a Galiza (extremo norte da Espanha e a faixa lusitana entre o rio
Douro e o rio Minho), constituiu-se uma unidade linguística particular que conservaria
sua homogeneidade até o século XIV: o galego-português.
O
galego-português, provavelmente, teria contornos definidos desde o século VI,
mas é só a partir do século IX que podemos atestar sua existência por meio de
palavras que se colhem de textos de latim bárbaro, língua dos documentos
forenses da Idade Média, em que, não raro, aparecem vocábulos do romanço
regional. Contudo, só no fim do século XII e início do XIII temos os primeiros
documentos redigidos integralmente em galego-português, marcando o início da
fase propriamente histórica da nossa língua.
A independência
de Portugal
O
domínio árabe foi mais intenso no sul da Península Ibérica. O norte, montanhoso
e pobre, não foi totalmente submetido.
Na
região acidentada das Astúrias, teriam se refugiado os nobres visigodos e um
deles, Pelágio, teria assumido a liderança de um movimento para “reconquistar”
o território perdido.
O
que ocorreu nesse período, entre os séculos IX e XI, pe envolto em suposições e
lendas.
Nas
terras em que ia se desagregando o domínio muçulmano, foram se instaurando os reinos cristãos em torno de três
núcleos: o asturiano, que originou o
Leão e Castela; o pirenaico, de onde
saíram os reinos de Navarra, Aragão e alguns condados mais ou menos autônomos;
o de Barcelona, ligado aos francos,
que teve uma evolução política, sob muitos aspectos, diferente daquela dos
outros Estados hispânicos.
A
Leão e Castela estavam subordinados o Condado de Galiza (às vezes designados
como reino) e o Condado Portucalense,
cuja designação provinha de Portucale,
principal povoação situada perto da foz do Douro, povoada e “restaurada” em
meados do século IX pelo conde Vimara Peres. Uma descendente desse conde, A
condessa Mumadona, fundou um convento em Guimarães, mandou construir o castelo de São Mamede.
Essa foi a origem da povoação que serviu de capital do condado e que teve uma
importante função política nos primeiros tempos da vida nacional.
Descendentes
de Mumadona Governaram Portucale com certa autonomia, entre eles a poderosa família
dos Gonçalo Mendes, que mais tarde ajudaram D. Afonso Henriques em suas
pretensões à independência.
As
regiões mais ao sul formavam também um condado, com sede em Coimbra.
Reconquistada aos sarracenos em 1064, foi governada pelo moçárabe Sesnando, uma
das figuras mais expressivas da sociedade que ia se formando ao sul do rio
Douro. Filho de Judeus, foi capturado pelos mouros e levado para Sevilha, onde
abandonou o cristianismo.
Convertido
ao islamismo, chegou ao cargo de vizir de Sevilha; era comum um antigo cristão
atingir altos postos a serviço dos mouros e, com igual frequência, antigos
mouros ocuparem posições importantes junto aos reis cristãos.
Sesnando,
já vizir de Sevilha, mudou novamente de religão e colocou-se a serviço de
Fernando, o Magno, rei de Leão, a quem o moçárabe teria sugerido a conquista de
Coimbra, efetivada pelos cristãos após um prolongado cerco; o astucioso vizir a
governou até morrer. Sesnando casou uma filha com o Conde de Portucale,
construiu as muralhas na cidade, restaurou a diocese para a qual, à revelia de
Roma, escolheu o bispo (origem da lenda do Bispo Negro) e povoou terras do
interior.
Essas
personagens histórico-lendárias forneceram vasto material à pesquisa e à
imaginação de muitos escritores portugueses: Alexandre Herculano
recriou o Pelágio em seu Eurico, O presbítero, e o Bispo Negro
está em suas Lendas e Narrativas; Eça de Queirós revisitou a saga dos Gonçalo
Mendes , na figura rude do Tructesindo, protagonista da novela medieval
inscrita em A Ilustre Casa de Ramires.
Nós
fins do século XI, Afonso VI. de Leão e Castela,dispõe já de grandes forçasse
de grande prestígio na Europa cristã; foi ele que forneceu grande parte dos
recursos para a construção de Cluny III, o mais majestoso templo que até então
a cristandade erguera.
Entre
os cavaleiros que, sob a liderança de D. Afonso VI, o correram à Península
Ibérica para lutar contra os mouros, destacam-se dois nobres da Borgonha: os primos D. Raimundo e D. Henrique. Ao primeiro, D. Afonso VI outorgou o Condado de Galiza
e deu-lhe em casamento D. Urraca, que viria a ser a herdeira do trono.
D. Henrique de Borgonha
casou-se com Tareja (Teresa), filha bastarda do rei de Leão de Castela, e
recebeu o governo do Condado
Portucalense, que integrava naquela ocasião as duas unidades condais, ao
norte e ao sul do curso do Douro.
Essas
nomeações teriam o propósito de refrear as tendências de autonomia, já
reveladas por Galiza e Portucale em mais de uma ocasião, substituindo, nessas
regiões longínquas, o governo de famílias locais pelos membros da família real:
D. Raimundo e D. Henrique, agora genros do Rei D. Afonso VI.
Se
era esse o objetivo, o resultado foi o oposto do que se esperava, e a ligação
da região do Norte com a do Sul. Veio a ser um passo decisivo para a
independência portuguesa.
O
conde Henrique de Borgonha amplia seus domínios, anexando ao Condado
Portucalense os territórios conquistados na campanha contra os mouros.
Seu
filho, Afonso Henriques, amplia a
autonomia do condado em relação à Castela e, em 1128, inicia o processo de
independência, que se desdobra em várias etapas: a guerra do infante português
contra o imperador; a Batalha de Ourique
contra os mouros, em 1139, consolidando o prestígio de Afonso Henriques, que passa a usar o título de rei; a Conferência
de Samoura, em 1143, da qual decorre a enfeudação ao Papa; finalmente, em 1179,
o reconhecimento pela Santa Sé da nova monarquia,
o Reino de Portugal, e primeira
dinastia, a Casa de Borgonha. D. Sancho, o Povoador, que sucedeu a Afonso
Henriques, livra o território português dos últimos focos de resistência moura,
consolidando o Reino de Portugual e a Dinastia de Borgonha.
O caráter nacional português
Três
matrizes contraditórias contribuíram para a cultura que inseminava a população
portuguesa do século XII: a católica, a islâmica e a hebraica.
Essa
contradição terá influência duradoura na modelação do espírito português.
A
expulsão de mouros e judeus no fim do século XV e a inquisição foram os
aspectos mais dramáticos da destruição sistemática que a cultura triunfante
infligiu às culturas opostas, um “genocídio cultural” imposto aos vencidos
(técnica e literalmente mais evoluídos), que deixou marcas na maneira de ser
portuguesa: “o credo na boca”, a necessidade de viver a parecer o que não se
era e de tentar esconder-se da morte invocando uma fé que não se tinha.
O
judeu Maimônides defendia o criptojudaísmo, isto é, o direito moral de
professar intimamente uma crença e aparentar que se professava outra.
O
islamita Averróis, em Sevilha , filosafava sobre a dupla verdade, isto é, a
possibilidade de uma afirmação ser verdadeira do ponto de vista da razão e não
o ser do ponto de vista da fé, e vice-versa.
A
contradição entre as culturas parece ter definido algumas marcas indeléveis:
um
permanente ceticismo em relação aos ideais;
a legitimação táctica da hipocrisia e do
oportunismo;
a
desconfiança em relação ao novo, sempre suspeito de pôr em risco a segurança do
Estado e a unidade moral da Nação, identificada como um credo único;
a
intolerância religiosa e o chauvinismo ideológico.
Por
outro lado, parecem ter plasmado no português: a aclimamatabilidade;
a
miscibilidade;
o
espírito de aventura;
a continuidade
de social;
a
aptidão pelo trabalho longo, paciente e difícil;
o
fatalismo;
o
culto da personalidade e uma gama enorme de outros traços , positivos ou negativos,
variáveis no tempo e no espaço, mas sempre indiciadores de uma cultura
assentada na diversidade e contradição: católicos,
árabes e judeus – portugueses de qualquer forma -, experimentados na longa
convivência com muitos credos, povos, raças e costumes na América, na África e
no Oriente.
Evolução
da língua portuguesa
Do
latim ao português atual, reconhecem-se os seguintes períodos na evolução da
Língua Portuguesa:
a-
Latim
lusitânico, língua falada na Lusitânia,desde a implantação do
latim até o século V, da qual não há documento escrito;
b-
Romance
lusitânico, língua falada na Lusitânia, do século VI ao século
IX, da qual também não há registro;
c-
Português
proto-histórico, língua falada até fins do século XII, da
qual há vestígios em palavras intercaladas nos documentos escritos em latim
bárbaro ou em latim tabeliônico, usado nos registros cartorários . Alguns
livros didáticos incluem neste período os dois anteriores;
d-
Português
arcaico, do século XII(fins) ao XVI, compreendendo dois
períodos distintos:
D1- o galego português, do século XII ao
XIV;
D2- o português médio, do século XIV ao
XVI, em que ocorre a separação do galego-portugues em dois idiomas distintos, e
a língua Portuguesa inicia a transição
entre sua fase arcaica e a moderna;
e-
Português
moderno, da segunda metade do século XVI até os nossos dias.
Em 1536, com a primeira gramática de Fernão de Oliveira, a língua portuguesa
começa a uniformizar-se. No mesmo século, com Luís de Camões, atinge a
excelência literária.
Expansão
da lusofonia
Com
os descobrimentos marítimos dos séculos XV e XVI, os portugueses ampliaram o
império de sua língua por todos os continentes. Ainda hoje, apesar de retração
, uma sétima parte da Terra fala português:
A-
Na Europa: Portugual continental, o
arquipélago dos Açores e a Ilha da Madeira;
B-
Na África: o arquipélago de Cabo verde, as
ilhas de São Tomé e Príncipe e ,no continente, Guiné-Bissau, Angola e
Moçambique;
C-
Na Ásia: Macau (domínio português até
dezembro de 1999), além de Goa, Damão, Sri Lanka(ex-Ceilão), Java e Málaca
(regiões onde se falam dialetos crioulos);
D-
Na Oceania: parte oriental da ilha de Timor
(Timor Leste), anexada à indonésia. A luta pela autonomia do Timor Leste rendeu
aos seus líderes, homens de expressão portuguesa , o prêmio Nobel da paz de
1996, atribuído aos timonenses José Ramos Horta e Carlos Felipe Ximenes;
E-
Na América: o Brasil .
“a alma portuguesa, pelo mundo
em pedaços repartida ...” segundo Camões. Nossa língua é falada, nos cinco
continentes, por mais de 200 milhões de pessoas.
Periodização
da literatura portuguesa
Em
oito séculos de evolução, a Literatura Portuguesa atravessou as três eras
históricas vividas pela Europa:
a Era
Medieval, marcada pelo feudalismo, pelo teocentrismo, do século XII ao XV;
a Era Clássica, que abrange o
Renascimento, o período da Contrarreforma e a restauração dos dos valores
clássicos, via Iluminismo, e se estende pelos séculos XVI a XVIII;
a Era Moderna (ou Romântica), que
assistiu às revoluções burguesas, depois à Revolução Industrial, para desaguar
no século XX, das duas grandes guerras mundiais, a “era dos extremos”, da
máquina, da eletricidade e de todas as inquietações de um universo sob o signo
da velocidade.
As
escolas , correntes e movimentos
literários em que didaticamente se divide a história literária refletem a
evolução dos estilos através dos tempos. O contexto histórico-cultural
certamente influencia os escritores e lhes fornece substância para suas obras,
mas é por meio da linguagem que eles
expressam essa
substância.
Literatura é um tipo de trabalho cuja matéria é a linguagem e cuja
finalidade é provocar no leitor um determinado prazer de leitura, o prazer literário, semelhante ao que se
tem ouvindo uma canção, assistindo a uma peça de teatro ou vendo um quadro ou
uma escultura.
A
linguagem literária ou artística desenvolveu ao longo da história sua própria
tradição, composta do conjunto de obras que já foram escritas.
É em
razão desse passado que um escritor, uma geração ou um movimento podem ser
avaliados;
há os diluidores, que
nada acrescentam ao que já foi criado;
os
mestres, que retomam, aperfeiçoam e
atualizam essa tradição;
os
gênios, que buscam o novo e
instauram muitas vezes uma nova tradição (utilizando aqui uma distinção que fez
Ezra Pound entre esses níveis – diluidores, mestres e gênios).
Um
dos objetivos do estudo dos estilos literários é a compreensão das várias
soluções formais que os escritores vêm criando, ao longo do tempo, para dar
expressão aos sentimentos, valores e crenças de cada época, agrupando-os em
escolas, correntes, movimentos e estilos, com base em determinadas semelhanças
formais ou temáticas.
Essa
“classificação”deve levar sempre em conta que literatura é continuidade, e a
fixação de datas e limites atende a objetivos puramente didáticos e, às vezes,
mais confunde que elucida.
É o risco inerente a toda generalização. Por
exemplo: Camões, que estudaremos dentro do Classicismo, ou do Renascimento
português, porque assim o quer uma arraigada tradição didática, está muitas
vezes, mais próximo do Maneirismo, ou do Barroco, que da contenção e otimismo
clássicos, sem falarmos na expressiva produção medieval, ainda sob os moldes do
Cancioneiro Geral.
Os
fatos históricos e culturais e o aparecimento de obras inovadoras que são
tomados como referência para o início ou fim dos períodos literários devem ser
compreendidos como artifícios didáticos, marcos divisórios estabelecidos pelos
historiadores da literatura para delimitar períodos cuja gestação levou , por
vezes, muitas décadas.
Disso
decorrem as nebulosas transições, em que o antigo e o novo coexistem, fontes
inesgotáveis de mal-entendidos e
estéreis polêmicas.
Cronologia
da literatura portuguesa
Era
medieval séculos XII a XV
TROVADORISMO 1200 – 1434
1200 - Cantiga “Ora faz host” o senhor de Navarra”,
de João Soares de Paiva(ou Pávia). Primeiro documento literário (data
presumida).
El-Rei
D.Dinis, Martim Codax, João de
Guilhade, D. Sancho I, Pero de Ponte, D. AfonsoX, Martim Soares, Estevão
Coelho, Gomes Charinho, Julião Bolseiro, Nuno Fernandes Torneol e Bernal de
Bonaval.
HUMANISMO / PRÉ-RENASCIMENTO 1434 – 1527
1434 - Nomeação de Fernão Lopes como Primeiro
Cronista- Mor do Reino (mecenatismo oficial).
Fernão
Lopes, Gomes Eanes Azurara e
Rui de Pina (historiografia ); Garcia de
Resende, Duarte de Brito, Diogo Brandão, João Ruiz de Castelo Branco, Jorge
Aguiar, Álvaro de Brito, Luís Anriques, Conde Vimioso e Aires Teles (poetas do
Cancioneiro Geral); Gil Vicente
(teatro).
Era clássica séculos XVI a XVIII
CLASSICISMO RENASCIMENTO 1527 - 1580
1527 – Introdução da medida nova(decassílabos, o soneto
e outras formas clássicas), trazidas da Itália por Sá de Miranda.
Bernandim Ribeiro, Cristovão Falcão, Sá de
Miranda, Antonio Ferreira, Damião de Góis, João de Barros, Fernão Mendes Pinto
e Camões.
BARROCO (CULTISMO E CONCEPTISMO) 1580 – 1756
1580 – Domínio Espanhol (união das coroas ibéricas) e
morte de Camões.
Francisco Rodrigues Lobo, Sóror Violante do Céu,
D. Francisco Manuel de Melo, Matias Aires, Manuel de Souza Coutinho, Sóror
Mariana D Alcoforado, Padre Manuel Bernandes, Padre Antonio Vieira.
NEOCLASSISMO / ARCADISMO E CONCEPTISMO 1756 -1825
1756 – Fundação da Arcádia Lusitana. Correia Garção,
Filinto Elísio, Antônio Dinis da Cruz e Silva, Marquesa D Alorna, Nicolau
Tolentino de Almeida, Padre José Agostinho de Macedo, Boccage.
Era moderna ou romântica século XIX
ROMANTISMO 1825 – 1865
1825 – Publicação do poema de Camões, de Almeida Garrett, Almeida
Garrett, Alexandre Herculano,
Antônio Feliciano de Castilho, Camilo
Castelo Branco, Soares Passos, Júlio
Dinis, João de Deus.
REALISMO / NATURALISMO 1865 – 1890
1865 – Questão Coimbrã (ou “Bom senso e Bom Gosto”)
– polêmica entre românticos e realistas.
Antero de
Quental, Guerra Junqueiro, Cesário
Verde, Eça de Queirós, Gomes Leal, João Penha, Fialho de Almeida, Ramalho
Ortigão, Oliveira Martins e Teófilo Braga.
SIMBOLISMO E TRANSIÇÃO 1890 – 1915
1890 – Publicação de Oaristos, de Eugênio de Castro. Eugênio de Castro, Antônio Nobre, Camilo
Pessanha, Teixeira de Pacoais, Afonso Lopes Vieira, Augusto Gil, Florbela
Espancam, Aquilino Ribeiro, Raul Brandão, Antônio Patrício e Júlio Dantas.
Modernismo século XX
1915 –Publicação da revista Orpheu, porta-voz do
Orfismo. Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, Almada Negreiros.
SEGUNDA GERAÇÃO PRESENÇA
1927 – Publicação da revista , Porta voz do
presencismo. José Régio, Branquinho da
Fonseca, João Gaspar Simões, Miguel Torga, Adolfo Casais Monteiro, Antônio
Botto e Vitorino Nemésio.
TERCEIRA
NEORREALISMO
1940 – Publicação de Gaibéus, de Alves Redol. Ferreira de Castro, Alves Redol, Vergílio Ferreira, Fernando Namora, José Rodrigues Miguéis, Manoel
da Fonseca e Carlos de Oliveira.
Autores contemporâneos
Mário Cesariny de Vasconcelos, Alexandre O Neil,
Antônio Ramos Rosa, Sebastião da Gama, Eugênio de Andrade, Herberto Hélder,
Fiama Hasse Pais Brandão, Teresa Velho Horta, Sofia de Melo Breyner Andresen,
E. M. de Melo e Castro, Ana Hatherly, maria Agustina Bessa, Luís, Luísa Neto
Jorge, David Mourão Ferreira, José Cardoso Pires, Augusto Abelaira, Alfredo
Margarido, José Saramago.
Meus amores uma pequena introdução dos estilos
literários vou postar tudo sobre literatura.. amo vocês, bom estudo com muita
paz e luz e que a inteligência divina os oriente, guie em amplo aspecto com
glórias e realizações em tudo que almejares, desejares, que suas metas, ideais
sejam grandes e com certeza serão vitoriosos como eu sou, amém. Com carinho de
sua eterna Prof Dr Master Reikiana Aldry Suzuki bjs
Bom
estudo meus amores, toda paz e luz em suas provas, que sua existência seja
repleta de glórias e realizações com carinho de sua eterna Prof Dr Master
Reikiana Aldry Suzuki
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