IV
– CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS DE UMA “BOA HISTÓRIA E NARRAÇÃO”
O narrador se
encontra diante dos ouvintes para iniciar a história. Antes porém, é
conveniente estabelecer uma breve conversa que facilite o entendimento do
enredo e evite interrupções.
Por Favor !! Não
Entre!
Contando histórias.
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um cartaz –indicando que você está contando história;
#
que não deve ser interrompida naquele momento.
·
Se a história gira em torno de animais
domésticos e começamos diretamente, sem
preâmbulos, os ouvintes poderão interromper, dizendo: “eu também tenho um
gato”... como sei disso, vou contar. “O gato de botas”, eles ficam felizes em
contar sobre seu gatinho de estimação. Nem
todos falam, não importa, escutam essa conversa que não deve ser longa, só o
tempo necessário para que as crianças se predisponham a escutar a história de
um gato que não é o deles, mas bem que poderia ser. Isso facilita também a
identificação e a integração da mensagem.
·
Em história de brinquedos, bonecas, irmãozinhos,
deve-se permitir à criança falar sobre a própria
vivência. É uma conversa informal estabelecendo portanto, a empatia
indispensável e ainda permite ao narrador conhecer melhor as crianças, além de
dar-lhes oportunidade para falar.
·
Contar histórias é uma arte, por conseguinte
requer a prática de certa tendência inata, uma
predisposição latente, aliás, em toda pessoa, mas é preciso despertar naquelas
que se propõem lidar com crianças. Em primeiro lugar, o contador deve estar
consciente de que a história é que é importante. Ele é apenas o transmissor,
conta o que aconteceu - e o faz com
naturalidade, sem afetação, deixando as palavras fluírem.
·
Contar com naturalidade implica ser simples, sem
artificialismo. São, também, indispensáveis a sobriedade nos gestos e
equilíbrio na expressão corporal. Se o contador vivencia o enredo com interesse
e entusiasmo, ele estabelece sintonia com o auditório. As emoções se transmitem
pela voz, principal instrumento do narrador. Há vários tipos de vozes:
adocicada, sussurrando, suave, cálida, arriscada (perigoso, temerário,
intrépido), espinhenta, sem vibração, sem modulações, inertes, sem
consistência, inexpressiva. O narrador tem de expressar-se numa voz definida,
inconfundível tem de saber modulá-la de acordo com o que está contando,
considerando os seguintes aspectos:
Intensidade: o timbre de voz varia na
razão direta da distância de quem fala a quem ouve, varia também conforme a
emoção que se quer passar, juntamente com o ritmo, a inflexão e as entonações.
Durante cursos de treinamentos, algumas pessoas perguntam como se faz a voz do
“Lobo” ou do “Porquinho” e sendo o “Lobo” um animal de maior parte que assume
na história um papel violento, o narrador engrossa a voz, torna-se mais grave.
Se o foco da narrativa gira em torno de crianças, flores, seres delicados, o narrador
reveste-se de ternura, sem falsear a voz. Isso é muito importante, saber
modular a voz e torna-la expressiva, deverá constituir um treino constante que
ela possa ser utilizada em toda a sua plenitude.
Clareza:
Ela deve falar por si, sem necessidade de explicações. Significa boa dicção,
correção de linguagem, evitando repetições desnecessárias, os chamados “tiques”
de linguagem, daí, nés, os cacoetes (certo?, então?, ai!, entenderam?, etc),
defeitos esses que podem ser corrigidos com disciplinas, impostação de voz.
Conhecimentos:
Apreciar os comentários das crianças e avaliar as suas reações. Entretanto,
nada disso funciona se você não gosta de crianças, se não se diverte tanto
quanto elas com a história. Funciona, assim, quando é capaz de sentir que o ato
de narrar é uma interação integral de captar com sensibilidade a mensagem na
narrativa. A criança por si, encontra em cada uma dessas histórias um motivo
que a toca particularmente de maneira íntima e pessoal.
Simplicidade:
Simplicidade de linguagem. Períodos curtos e em ordem direta. Crianças e
adultos entendem bem o que é simples e claro. Só prestam atenção no que lhes
interessa e reagem da mesma forma diante das histórias. Só o tema as interessa,
se sua linguagem está de acordo com suas necessidades e compreensão, então vem,
participam e aprendem. Caso contrário, simplesmente as ignoram.
Se
aprende fazer... fazendo,
Se aprende andar... andando,
Se aprende falar... falando,
Se aprende a contar história ...
contando história.
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