domingo, 9 de setembro de 2012

Dificuldades e Distúrbios na Aprendizagem XIV ORIENTAÇÃO AOS EDUCADORES



 autora: Aldry Suzuki

V- ORIENTAÇÃO AOS EDUCADORES


            Partindo de nossas experiências profissionais  que buscam o atendimento global e integrado da criança, concluímos ser de fundamental importância, para os educadores em geral, a manutenção de um contato mais estreito com a fonoaudiologia.

            Em todos os trabalhos é necessário um contato mais direto com um especialista na área para uns esclarecimentos dos termos e os procedimentos necessários para um trabalho conciso, digno e de extrema eficiência para diagnosticar todos os casos encontratos, mesmo que você educador deduza que seu aluno se enquadre dentro de certos processos, nada melhor que uma palavra daquele que entende e tem mais experiência que você para isto. Além de ser mais seguro você poderá pedir ajuda deste especialista para que possa dar os passos necessários para lhe auxiliar nesta árdua jornada de educador.

            É a professora e fonodiologa:” Regina Barbalho Drummond, dá um alerta a isto”Inicialmente, deixando bem claro que a nossa postura a respeito de  testagem em massa e de baterias fonoaudiologicas aplicadas em instituições de ensino é de total repudio, pois consideramos ser impossível avaliar o quadro clínico de uma criança sem possuirmos dados complementares e imprescindíveis fornecidos pela família, profissionais afins e um  contato mais direto para sua observação. Por este motivo nosso primeiro alerta aos educadores e principalmente coordenadores de escolas é de evitar esse tipo de testagens, que do nosso ponto de vista fere a ética profissional, pois além de não permitir um diagnóstico preciso poderá acarretar rótulos indevidos.

            Por outro lado entendemos que o caminho a ser seguido é o de esclarecimento da profissão a todos os educadores, para que possam melhor se posicionar perante certas manifestações, sendo capazes de detectar as dificuldades precocemente e encaminhar ao profissional competente quando necessário.

            Acreditamos que as reciclagens de professores, palestras para pais e professores muito ajudam, porém defendemos a inclusão, nos cursos de formação de professores, de “Distúrbios fonoaudiológicos”,como disciplina curricular. Pelo desconhecimento de nossa área é que entendemos (mas não aceitamos)  as graves falhas cometidas.

            Quando a criança nasce percebe luzes, figuras e sons indistintos, aos poucos com a ajuda principal da mãe ela evolui para a coordenação de movimentos e percepções, começando, a partir daí, o processo de estimulação para o seu desenvolvimento.

            Cabe ao educador despertar sua curiosidade e estimular a exploração de todas as suas possibilidades. Seguindo a evolução desse comportamento observamos que a criança vai perceber a importância da linguagem, usando-a quando for necessário. Pesquisas demonstram que as crianças mais carentes têm uma linguagem quantitativamente mais limitada e qualitativamente diferente das que possuem condições socioeconômicas melhores, mostrando-nos que quanto maior for o estímulo, melhor será a resposta.

            O importante para os , terapeutas, é prevenir os distúrbios e comprometimentos que citamos;por isso achamos de real importância orientar os educadores pré-escolares.

            Iniciaremos estimulando a criança  a aumentar seu vocabulário fazendo com que ela amplie o número e qualidade de seus conhecimentos.

Devemos falar correto e muito com as crianças, contar histórias adequadas, cantar, criar situações em que a criança possa espontaneamente organizar seu pensamento, elaborando assim suas próprias histórias através de descrições de suas atividades diárias, passando a descrever o que aconteceu, o que esta acontecendo e o que ira acontecer. Estaremos com isso ajudando o processo de organização de seu pensamento lógico, que nesta fase já se encontra elaborado.

 Nossa orientação não fica a nível da fala, pois sabemos que através das atividades livres a criadoras elas também se expressa. Esse aconselhamento tem fundamento especial para os portadores de atraso de linguagem e de fala, não deixando de ter valor para os casos de dislalias, pois quando lhe damos um bom modelo de fala, estamos contribuindo para a sua melhora.

            Todo momento na pré-escola é importante para o fonoaudiólogo, pois nesta fase encontramos alguns distúrbios que podem ser evitados e prevenidos.

            Com nossa experiência observamos que quando oferecidos maiores recursos a criança, melhores e mais preciosos serão os resultados de seu aprendizado.

            Não dispensamos que as funções intelectivas sejam trabalhadas, de forma lúdica, na pré-escola; as falhas detectadas pela professora em suas observações servirão de elementos fundamentais para um encaminhamento mais conveniente.

            Citamos sem preocupação com técnicas, o que é importante deixar patente:

  Estimular a fala da criança sob todos os aspectos;

  Falar corretamente, dando-lhe um bom feed-back acústico-articulatório;

  Dar oportunidade a criança de experimentar , com diversos tipos de materiais, seu potencial criativo;

  Proporcionar através de objetos concretos da sua real vivência seu desenvolvimento integral respeitando a sua maturidade;

  Através  da descoberta de seu corpo, a criança venha a formar um bom padrão de esquema corporal, sem limitações repressivas;

  Fazer das atividades que complementam as básicas do curriculum tradicional, um instrumento do real que habita e ocupa um espaço que infelizmente, em muitas situações é restringido pela própria fisiologia humana.”


V I– AS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS


            Sendo assim, não podemos deixar de considerar a importância da teoria das inteligências múltiplas para a educação.

            HOWARD GARDNER, psicólogo construtivista e também professor adjunto de neurologia na Universidade de Medicina de Boston, com uma grande equipe de pesquisadores, desenvolve na Universidade de Harvard projetos que buscam explicar o desenvolvimento do que é inteligência múltipla, desenvolvendo a idéia de que as manifestações de inteligência compõem um amplo espectro de competências, incluindo as dimensões; musical, cinestésica-corporal, lógica-matemárica, espacial, lingüística , intrapessoal, interpessoal e naturalista.

            “O professor Nilson José Machado, doutor em Educação pela Universidade de São Paulo, onde inclui ainda a competência pictórica  que se manifesta em qualquer criança através de seus desenhos ou outros signos pictóricos, ainda antes que a linguagem escrita lhe seja acessível. Presente em grandes pintores, é típica do cartunista cujos personagens “falam” por suas expressões não verbais”. (ANTUNES, Celso,jogos para a estimulação das múltiplas inteligências,editora: vozes, 2002)

            A competência musical consiste na habilidade de apreciar, reproduzir ou compor a música. Esta habilidade conta com a capacidade de discriminação e sons e percepção de variações, como ritmo e timbre.

            Dimensão corporal cinestésica é a habilidade do atleta, do artista, para resolver problemas, para criar produtos através do corpo. Utiliza com grande facilidade a coordenação motora grossa ou fina, apresenta grande controle de movimentos corporais e manipula objetos com destreza.

            Competência lógica-matemática apresenta grande habilidade em desenvolver raciocínios dedutivos e resolução rápida para lidar com números ou outros objetos matemáticos, envolvendo cálculos e transformações.

            Inteligência espacial é a habilidade de encontrar caminhos, reconhecer faces, notar mínimos detalhes. Geralmente esta competência está associada às atividades do arquiteto ou do navegador, que revelam grandes habilidades na percepção e administração do espaço, na elaboração de mapas, plantas, etc. Apresentam capacidade para perceber um objeto sob ângulos.

            Inteligência lingüística  se expressa de forma mais visível no orador, no escritor e em todos os que lidam criativamente com as palavras. Tem habilidade no uso da linguagem para discursos, para transmitir idéias, convencer, agradar e também fazer humor. Apresenta facilidade na significação das palavras e valorização semântica/sintática.

            Inteligência interpessoal consiste na habilidade de socializar-se. É a capacidade de perceber distinções entre pessoas, em perceber seus humores, suas motivações, em captar suas intenções. É característica nos líderes, políticos, professores, terapeutas, etc.

            Inteligência intrapessoal, podemos ter como características básica, permitir estar bem consigo mesmo, assim como a compreensão e o trabalho de si mesmo, permitindo o entendimento e o trabalho de si mesmo, permitindo o entendimento e o trabalho de si mesmo, permitindo o entendimento e o trabalho com as outras pessoas. Aquele que desenvolve mais esta inteligência tem um modelo de si mesmo e se ajuda na resolução de conflitos.(CND, Curitiba – Paraná, 2003)

            Uma das últimas competências destacadas por Gardner e não presente em suas primeiras obras é a inteligência naturalista ou biológica que, como seu nome indica, esta ligada `a compreensão do ambiente e paisagem natural, uma afinidade inata dos seres humanos por outras formas de vida e identificação entre os diversos tipos de espécies, plantas e animais.

            “Os cincos primeiros anos de vida de um ser humano são fundamentais para o desenvolvimento de suas inteligências. Embora a potencialidade do cérebro se apresente como produto de uma carga genética que se perde em tempos imemoriais (afinal de contas, temos dois pais, quatro avós, oito bisavós e assim  por diante chegando a mais de 4000 tataravós dos tataravôs), nos primeiros anos de vida o cérebro sai dos 400 gramas quando do nascimento, para chegar perto do um quilo e meio quando adulto, crescendo e pesando  mais em função das múltiplas conexões entre os neurônios  que formam uma rede de informações diversificada. Essa rede se apresenta em pontos diferentes do cérebro e, ao que tudo indica, possui especificações que diferenciam uma inteligência da outra. Essa área do organismo não nasce pronta, isso vai acontecendo progressivamente, sobretudo entre  os cinco e dez anos de idade, quando em seu respectivo hemisfério se plugarem (ligarem) as terminações  nervosas responsáveis pela fala, visão, tato, percepção lógica, lingüística, sonora e outras. Para que esse desenvolvimento cerebral atinja toda sua potencialidade e multiplique seu poder de conexões, necessita de ginástica e esta é, genericamente, chamada de estímulos. Estes devem ser produzidos por adultos e outras crianças, mas com serenidade. A obsessão por tentar estimular o cérebro, o tempo inteiro, é tão nocivo quanto dar comida ao estômago em quantidade excessiva. Mesmo quando os estímulos não são oferecidos, o cérebro sabe procura-los nos desafios a que se propõe.

            A importância do ambiente e da educação necessita, entretanto, ser percebida em uma dimensão expressiva, mas não infinita. Nenhuma criança é uma esponja passiva que absorve o que lhe é apresentado. Ao contrário, modelam ativamente seu próprio ambiente e se tornam agentes de seu processo de crescimento e das forças ambientais que elas mesmas ajudam a formar. Em síntese, o ambiente e a educação fluem do mundo externo para a criança e da própria para seu mundo.Para estimular suas múltiplas inteligências somente ganham validade quando centrados sobre o próprio indivíduo. 

Estímulos excessivos atuam como “desestímulos”- os estímulos são o alimento das inteligências.

            Sem esses estímulos a criança cresce com limitações e seu desenvolvimento cerebral fica extremamente comprometido. Mas, é preciso cuidado. Estimulações excessivas, já se disse antes, possuem o mesmo sentido que alimentação em quantidade acima da necessidade. Um berço precisa ser a primeira sala de aula de uma criança e sua primeira escola da vida é o quarto, a sala e a cozinha, com mães e pais estimulando todas as inteligências. Ma isso não pode ser feito o tempo todo. A casa ou mesmo a escola não pode virar um laboratório onde a criança recebe,a toda hora, todas as iniciações lingüísticas, lógica-matemática, espaciais, corporais e outras. Cabe ao professor ou os pais estarem plugados (ligados) na criança o tempo todo  e sentirem que, quando surgir o apetite pelo desafio do jogo, é importante ter em mãos os recursos para que sejam usados com sobriedade e, principalmente, com a co-participação de outras crianças e de adultos.

            Outro elemento importante no estímulo é observar a criança o tempo todo e anotar seus progressos, mesmo os mais simples. Conservar uma ficha simples para cada inteligência e ir anotando resultados ajuda a compreender melhor a criança. O fascínio da aprendizagem não se manifesta pelo alcance de uma meta numérica, mas pela percepção do progresso, mesmo o mais modesto. Jamais compare o progresso de uma criança com o de outra. Nunca confunda velocidade na aprendizagem com inteligência. Andar mais cedo, resolver um problema mais depressa, falar com maior fluência, sensibilizar-se pelo som de um música precocemente não é sinal de inteligência maior, reflete apenas heranças genéticas diferentes.

            As inteligências em um ser humano são mais ou menos como janelas de um quarto. Abrem-se aos poucos, sem pressa, e para cada etapa dessa abertura existem múltiplos estímulos. Não se fecham presumivelmente até os 72 anos de idade, mas próximo à puberdade perdem algum brilho. Essa perda não significa desinteresse, apenas ocorre a consolidação do que se aprendeu em período de maior abertura. Abrem-se praticamente para todos os seres humanos ao mesmo tempo, mas existe uma janela para cada inteligência.- É um erro supor que o estímulo possa fazer a janela abrir mais depressa. Por isso, essa abertura precisa ser aproveitada por pais e professores com equilíbrio, serenidade e paciência. O estímulo não atua diretamente sobre a janela , mas, se aplicado adequadamente, desenvolve habilidades  e estas, sim, conduzem a aprendizagens significativas.(ANTUNES, Celso, Jogos para a estimulação das múltiplas inteligências. Petrópolis, RJ:Vozes, 1998)

Prof Dr Master Reikiana
Aldry Suzuki

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