autora: Aldry Suzuki
V- ORIENTAÇÃO AOS EDUCADORES
Partindo de nossas experiências
profissionais que buscam o atendimento
global e integrado da criança, concluímos ser de fundamental importância, para
os educadores em geral, a manutenção de um contato mais estreito com a
fonoaudiologia.
Em todos os trabalhos é necessário
um contato mais direto com um especialista na área para uns esclarecimentos dos
termos e os procedimentos necessários para um trabalho conciso, digno e de
extrema eficiência para diagnosticar todos os casos encontratos, mesmo que você
educador deduza que seu aluno se enquadre dentro de certos processos, nada
melhor que uma palavra daquele que entende e tem mais experiência que você para
isto. Além de ser mais seguro você poderá pedir ajuda deste especialista para
que possa dar os passos necessários para lhe auxiliar nesta árdua jornada de
educador.
É a professora e fonodiologa:”
Regina Barbalho Drummond, dá um alerta a isto”Inicialmente, deixando bem claro
que a nossa postura a respeito de
testagem em massa e de baterias fonoaudiologicas aplicadas em
instituições de ensino é de total repudio, pois consideramos ser impossível
avaliar o quadro clínico de uma criança sem possuirmos dados complementares e
imprescindíveis fornecidos pela família, profissionais afins e um contato mais direto para sua observação. Por
este motivo nosso primeiro alerta aos educadores e principalmente coordenadores
de escolas é de evitar esse tipo de testagens, que do nosso ponto de vista fere
a ética profissional, pois além de não permitir um diagnóstico preciso poderá
acarretar rótulos indevidos.
Por outro lado entendemos que o caminho a ser seguido é o
de esclarecimento da profissão a todos os educadores, para que possam melhor se
posicionar perante certas manifestações, sendo capazes de detectar as dificuldades
precocemente e encaminhar ao profissional competente quando necessário.
Acreditamos que as reciclagens de professores, palestras
para pais e professores muito ajudam, porém defendemos a inclusão, nos cursos
de formação de professores, de “Distúrbios fonoaudiológicos”,como disciplina
curricular. Pelo desconhecimento de nossa área é que entendemos (mas não
aceitamos) as graves falhas cometidas.
Quando a criança nasce percebe
luzes, figuras e sons indistintos, aos poucos com a ajuda principal da mãe ela
evolui para a coordenação de movimentos e percepções, começando, a partir daí,
o processo de estimulação para o seu desenvolvimento.
Cabe ao educador despertar sua
curiosidade e estimular a exploração de todas as suas possibilidades. Seguindo
a evolução desse comportamento observamos que a criança vai perceber a
importância da linguagem, usando-a quando for necessário. Pesquisas demonstram
que as crianças mais carentes têm uma linguagem quantitativamente mais limitada
e qualitativamente diferente das que possuem condições socioeconômicas
melhores, mostrando-nos que quanto maior for o estímulo, melhor será a
resposta.
O importante para os , terapeutas, é prevenir os
distúrbios e comprometimentos que citamos;por isso achamos de real importância
orientar os educadores pré-escolares.
Iniciaremos estimulando a criança a aumentar seu vocabulário fazendo com que
ela amplie o número e qualidade de seus conhecimentos.
Devemos
falar correto e muito com as crianças, contar histórias adequadas, cantar, criar
situações em que a criança possa espontaneamente organizar seu pensamento,
elaborando assim suas próprias histórias através de descrições de suas
atividades diárias, passando a descrever o que aconteceu, o que esta
acontecendo e o que ira acontecer. Estaremos com isso ajudando o processo de
organização de seu pensamento lógico, que nesta fase já se encontra elaborado.
Nossa orientação não fica a nível
da fala, pois sabemos que através das atividades livres a criadoras elas também
se expressa. Esse aconselhamento tem fundamento especial para os portadores de
atraso de linguagem e de fala, não deixando de ter valor para os casos de
dislalias, pois quando lhe damos um bom modelo de fala, estamos contribuindo
para a sua melhora.
Todo momento na pré-escola é importante para o
fonoaudiólogo, pois nesta fase encontramos alguns distúrbios que podem ser
evitados e prevenidos.
Com nossa experiência observamos que
quando oferecidos maiores recursos a criança, melhores e mais preciosos serão
os resultados de seu aprendizado.
Não dispensamos que as funções
intelectivas sejam trabalhadas, de forma lúdica, na pré-escola; as falhas
detectadas pela professora em suas observações servirão de elementos
fundamentais para um encaminhamento mais conveniente.
Citamos sem preocupação com
técnicas, o que é importante deixar patente:
V I– AS
INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS
Sendo assim, não podemos deixar de
considerar a importância da teoria das inteligências múltiplas para a
educação.
HOWARD GARDNER, psicólogo
construtivista e também professor adjunto de neurologia na Universidade de
Medicina de Boston, com uma grande equipe de pesquisadores, desenvolve na
Universidade de Harvard projetos que buscam explicar o desenvolvimento do que é
inteligência múltipla, desenvolvendo a idéia de que as manifestações de
inteligência compõem um amplo espectro de competências, incluindo as dimensões;
musical, cinestésica-corporal, lógica-matemárica, espacial, lingüística ,
intrapessoal, interpessoal e naturalista.
“O professor Nilson José Machado,
doutor em Educação pela Universidade de São Paulo, onde inclui ainda a competência
pictórica que se manifesta em
qualquer criança através de seus desenhos ou outros signos pictóricos, ainda
antes que a linguagem escrita lhe seja acessível. Presente em grandes pintores,
é típica do cartunista cujos personagens “falam” por suas expressões não
verbais”. (ANTUNES, Celso,jogos para a estimulação das múltiplas
inteligências,editora: vozes, 2002)
A competência musical
consiste na habilidade de apreciar, reproduzir ou compor a música. Esta
habilidade conta com a capacidade de discriminação e sons e percepção de
variações, como ritmo e timbre.
Dimensão corporal cinestésica
é a habilidade do atleta, do artista, para resolver problemas, para criar
produtos através do corpo. Utiliza com grande facilidade a coordenação motora
grossa ou fina, apresenta grande controle de movimentos corporais e manipula
objetos com destreza.
Competência lógica-matemática
apresenta grande habilidade em desenvolver raciocínios dedutivos e resolução
rápida para lidar com números ou outros objetos matemáticos, envolvendo
cálculos e transformações.
Inteligência espacial é a
habilidade de encontrar caminhos, reconhecer faces, notar mínimos detalhes.
Geralmente esta competência está associada às atividades do arquiteto ou do
navegador, que revelam grandes habilidades na percepção e administração do
espaço, na elaboração de mapas, plantas, etc. Apresentam capacidade para
perceber um objeto sob ângulos.
Inteligência lingüística se expressa de forma mais visível no orador,
no escritor e em todos os que lidam criativamente com as palavras. Tem
habilidade no uso da linguagem para discursos, para transmitir idéias,
convencer, agradar e também fazer humor. Apresenta facilidade na significação
das palavras e valorização semântica/sintática.
Inteligência interpessoal
consiste na habilidade de socializar-se. É a capacidade de perceber distinções
entre pessoas, em perceber seus humores, suas motivações, em captar suas
intenções. É característica nos líderes, políticos, professores, terapeutas,
etc.
Inteligência intrapessoal,
podemos ter como características básica, permitir estar bem consigo mesmo,
assim como a compreensão e o trabalho de si mesmo, permitindo o entendimento e
o trabalho de si mesmo, permitindo o entendimento e o trabalho de si mesmo,
permitindo o entendimento e o trabalho com as outras pessoas. Aquele que
desenvolve mais esta inteligência tem um modelo de si mesmo e se ajuda na
resolução de conflitos.(CND, Curitiba – Paraná, 2003)
Uma das últimas competências
destacadas por Gardner e não presente em suas primeiras obras é a inteligência
naturalista ou biológica que, como seu nome indica, esta ligada `a
compreensão do ambiente e paisagem natural, uma afinidade inata dos seres
humanos por outras formas de vida e identificação entre os diversos tipos de
espécies, plantas e animais.
“Os
cincos primeiros anos de vida de um ser humano são fundamentais para o
desenvolvimento de suas inteligências. Embora a potencialidade do cérebro se
apresente como produto de uma carga genética que se perde em tempos imemoriais
(afinal de contas, temos dois pais, quatro avós, oito bisavós e assim por diante chegando a mais de 4000 tataravós
dos tataravôs), nos primeiros anos de vida o cérebro sai dos 400 gramas quando
do nascimento, para chegar perto do um quilo e meio quando adulto, crescendo e
pesando mais em função das múltiplas
conexões entre os neurônios que formam
uma rede de informações diversificada. Essa rede se apresenta em pontos
diferentes do cérebro e, ao que tudo indica, possui especificações que
diferenciam uma inteligência da outra. Essa área do organismo não nasce pronta,
isso vai acontecendo progressivamente, sobretudo entre os cinco e dez anos de idade, quando em seu
respectivo hemisfério se plugarem (ligarem) as terminações nervosas responsáveis pela fala, visão, tato,
percepção lógica, lingüística, sonora e outras. Para que esse desenvolvimento
cerebral atinja toda sua potencialidade e multiplique seu poder de conexões,
necessita de ginástica e esta é, genericamente, chamada de estímulos.
Estes devem ser produzidos por adultos e outras crianças, mas com serenidade. A
obsessão por tentar estimular o cérebro, o tempo inteiro, é tão nocivo quanto
dar comida ao estômago em quantidade excessiva. Mesmo quando os estímulos
não são oferecidos, o cérebro sabe procura-los nos desafios a que se propõe.
A importância do ambiente e da
educação necessita, entretanto, ser percebida em uma dimensão expressiva, mas
não infinita. Nenhuma criança é uma esponja passiva que absorve o que lhe é
apresentado. Ao contrário, modelam ativamente seu próprio ambiente e se tornam
agentes de seu processo de crescimento e das forças ambientais que elas mesmas
ajudam a formar. Em síntese, o ambiente e a educação fluem do mundo externo
para a criança e da própria para seu mundo.Para estimular suas múltiplas
inteligências somente ganham validade quando centrados sobre o próprio
indivíduo.
Estímulos
excessivos atuam como “desestímulos”- os estímulos são o alimento
das inteligências.
Sem esses estímulos a criança
cresce com limitações e seu desenvolvimento cerebral fica extremamente
comprometido. Mas, é preciso cuidado. Estimulações excessivas, já se disse
antes, possuem o mesmo sentido que alimentação em quantidade acima da
necessidade. Um berço precisa ser a primeira sala de aula de uma criança e sua
primeira escola da vida é o quarto, a sala e a cozinha, com mães e pais
estimulando todas as inteligências. Ma isso não pode ser feito o tempo todo. A
casa ou mesmo a escola não pode virar um laboratório onde a criança recebe,a
toda hora, todas as iniciações lingüísticas, lógica-matemática, espaciais,
corporais e outras. Cabe ao professor ou os pais estarem plugados (ligados) na
criança o tempo todo e sentirem que,
quando surgir o apetite pelo desafio do jogo, é importante ter em mãos os
recursos para que sejam usados com sobriedade e, principalmente, com a
co-participação de outras crianças e de adultos.
Outro elemento importante no
estímulo é observar a criança o tempo todo e anotar seus progressos, mesmo os
mais simples. Conservar uma ficha simples para cada inteligência e ir anotando
resultados ajuda a compreender melhor a criança. O fascínio da aprendizagem não
se manifesta pelo alcance de uma meta numérica, mas pela percepção do
progresso, mesmo o mais modesto. Jamais compare o progresso de uma criança
com o de outra. Nunca confunda velocidade na aprendizagem com inteligência.
Andar mais cedo, resolver um problema mais depressa, falar com maior fluência,
sensibilizar-se pelo som de um música precocemente não é sinal de inteligência
maior, reflete apenas heranças genéticas diferentes.
As inteligências em um ser humano
são mais ou menos como janelas de um quarto. Abrem-se aos poucos, sem pressa, e
para cada etapa dessa abertura existem múltiplos estímulos. Não se fecham
presumivelmente até os 72 anos de idade, mas próximo à puberdade perdem algum
brilho. Essa perda não significa desinteresse, apenas ocorre a consolidação do
que se aprendeu em período de maior abertura. Abrem-se praticamente para todos
os seres humanos ao mesmo tempo, mas existe uma janela para cada inteligência.-
É um erro supor que o estímulo possa fazer a janela abrir mais depressa. Por
isso, essa abertura precisa ser aproveitada por pais e professores com
equilíbrio, serenidade e paciência. O estímulo não atua diretamente sobre a
janela , mas, se aplicado adequadamente, desenvolve habilidades e estas, sim, conduzem a aprendizagens
significativas.(ANTUNES, Celso, Jogos para a estimulação das múltiplas
inteligências. Petrópolis, RJ:Vozes, 1998)
Aldry Suzuki
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