domingo, 9 de setembro de 2012

Dificuldades e Distúrbios de Aprendizagem III DISTÚRBIOS DA FALA







II  DISTÚRBIOS APRESENTADOS


DISTÚRBIOS DA FALA


A - DISLALIA


Dislalia é um transtorno da articulação caracterizado por trocas, omissões, distorções, acréscimos e inversões de fonemas. Estas alterações tem caráter continuo e sistematizado, produzindo-se todas as vezes que o indivíduo pronúncia o fonema alterado.

*omissão – não pronuncia sons –“omei”  = “tomei”;

*substituição – troca alguns sons por outros – “telo” = “quero”;

* acréscimo – introduz mais um som – “Atelântico” = “atlântico”.(CND, Curitiba, Paraná, 2003)


As dislalia podem ser classificadas em:

A-1 - DISLALIA FISIOLOGICA OU DE EVOLUÇÃO

A dislalia fisiológica obedece a uma  evolução fonética relacionada com a maturação e a idade evolutiva da criança.

O processo de aquisição da linguagem apresenta etapas, que podem estacionar ou ser, parcialmente, vencidas em decorrência de problemas emocionais, familiares, ambientais, sociais, e culturais.

Freqüentemente, encontramos uma fala infantilizada que perdura na criança cuja necessidade de manter a postura de proteção faz com que ela não se esforce para ser compreendida, mas sim que o mundo a veja como um bebe, ou seja, a criança nega-se a crescer.

Ao entrar em contato com a escola, o problema se agrava e comumente poderá traumatizar a criança que num ambiente escolar não é reforçada  como em casa e recebe um tratamento diferente, chegando a não ser compreendida pela sua maneira de falar.

Evolutivamente, a criança apresenta dislalias provenientes de uma incompleta estruturação lingüística,mas conhecida como TATI BITATI, que ultrapassando a faixa etária dos 4 anos, deve ser considerada como um atraso de evolução de fala, conseqüentemente, patológica.

Logo, excluindo o ato motor da fala poderemos encontrar falhas das funções intelectivas que deverão ser avaliadas e trabalhadas para que complementem um saudável processo de comunicação.


A - 2 - DISLALIA FUNCIONAL

           É um transtorno na articulação dos fonemas por alterações funcionais dos órgãos periféricos da fala.

CAUSAS:

·      Conservação de movimentos defeituosos dos músculos articuladores na primeira infância (dislalia fisiológica);

·    Percepção prejudicada, causando impressões incompletas a criança. A criança apresenta problemas de articulação;

·      Inabilidade funcional e pouca elasticidade dos órgãos que intervem na emissão da palavra como hipotonia labial, lingual, etc;

·      Problemas emocionais, tais como: desajustes familiares, escolares, etc;

·      Bilingüismo. É a situação vivenciada por uma criança que durante o processo de aquisição da linguagem manteve uma relação direta e dependente de duas ou mais culturas com línguas distintas.


A -3 - DISLALIA SOCIAL OU CULTURAL


A  dislalia social ou cultural é caracterizada pelas trocas ou omissões Assistemáticas    de Fonemas e Sistemáticas das Palavras.

            CAUSAS:

·      Meio sócio-cultural carente de informações e conhecimentos;

·      Regionalismos.

As dislalias sociais ou culturais (conhecidas vulgarmente como vícios de linguagem)   são adquiridas pelos indivíduos através do discurso verbal de determinadas comunidades e reproduzidas sistematicamente num encadeamento lingüístico cujo feed-back acústico-articulatório reforça a expressão oral  divergente do padrão fonético da cultura dominante,  reproduzindo também na fala as relações de poder de uma sociedade.

Portanto, é fundamental que esses “vícios de linguagem” sejam corrigidos a partir da própria  escola, onde encontramos muitas professoras que se expressam indevidamente ( como um produto social) e reforçam o “falar mal”. Nota-se, também, a dificuldade de um alfabetizado em ter de escrever palavras que não estão integradas a sua realidade e conhecimentos (vivencias), já que no processo da escrita há a necessidade de nos expressarmos corretamente.

            Lembramos de que é expressamente difícil mudarmos hábitos comunitários e familiares, porém caberá ao profissional iniciar um trabalho social, mostrando a necessidade de transformar expressões erradas a partir da própria criança.

Por outro lado, há  casos de regionalismos que assimilaram  de tal modo certas expressões que mesmo em meios sócio-culturais com um maior nível de informação, encontramos variantes incorretas de expressão verbal.

Com isto,não estamos querendo interferir nos “dialetos” ou “falares regionais” de forma a pensarem que nosso enfoque seja evolucionista ou etnocentrista, pois não pretendemos mudar as características culturais de expressão verbal de variadas regiões do País, mas sim, fazer com que a linguagem, como um todo, seja um instrumento mais eficaz de comunicação humana.


A - 4 -DISLALIA AUDIOGENA

É  a dislalia proveniente de uma audição deficiente ( hipoacusia).No desenvolvimento da linguagem da criança, é fundamental que haja uma boa audição para que a fala evolua num processo natural de aprendizagem.

A criança hipoacusia geralmente apresenta dificuldades na aprendizagem escolar: atraso de fala, atraso de linguagem e comportamento social alterado.

A dislalia audiogena varia sua grande severidade com a  relativa perda auditiva da criança.

Logo, é importante detectarmos o mais cedo possível essa perda auditiva para que, com o uso da prótese, a criança possa vir a ter oportunidade de manter o mesmo desenvolvimento psicolingüístico de uma criança normal.


A -5  -DISLALIA ORGÂNICA

É um transtorno na articulação dos fonemas por alterações orgânicas dos órgãos periféricos da fala.

            CAUSAS:

§  Más-formações congênitas;

§  Distúrbios de crescimento;

§  Traumatismos;

§  Má-formação da arcada dentária.


Más-formações congênitas:


·      Fissura labial  uni ou bilateral;

·      Fissura palatina completa – as que ultrapassam o formação incisivo e atingem a arcada alveolar;

·      Fissura palatina incompleta – são as posteriores ao formarem incisivo;

·      Fissura submucosa –não existe união muscular na linha média do palato mole.


Estas transformações saem na disposição do tecido embriológico mole e denso do lábio superior, boca, faringe, base do crânio e vértebra cervical.Há normalmente, deslocamentos das estruturas adjacentes a linha onde a união não for feita. Aparecem então distúrbios que não poderíamos deixar de citar tais como: hipernasalidade (excesso de nasalização nas vogais), hiponasalidade (falta de ressonância nos sons nasais), distúrbios associados poderão aparecer em crianças portadoras destas lesões, assim como: dificuldades nas áreas perceptivas, distúrbios neurológicos, dificuldades de aprendizagem, problemas emocionais, psíquicos e sociais.

ü Úvula Bilida – é uma anomalia que não possui importância funcional. Pode, entretanto ser sinal patognomomico  de um palato curto e /ou fissura submucosa que devem ser diagnosticados e tratados.

ü Macroglossia – língua excessivamente grande.

ü Microglossia – língua pequena.

ü Freio lingual e labial – hipertrofiado ou prejudicado – comprometendo a motilidade dos mesmos.

ü Más-oclusões dentárias, problemas articulatórios (disglossias ou palatolias).

ü Mau funcionamento das estruturas orofaciais, disfunções velo-faringeas, dificuldades na emissão do sopro nasal,presão intra-oral, esterognosia oral prejudicada, retardados ou atrasos no desenvolvimento da fala, disfonias caracterizadas por voz aspirada e rouquidão: sigmatismo e outros problemas articulatórios ligados aos problemas de ma-oclusão dentária, trejeitos nasais e faciais ocasionando mecanismos compensatórios.

            Alertamos, em especial, as patologias do palato para a seguinte conduta:

Idade própria para cirurgia – 24 meses (dois anos), pois o paciente apresenta um relativo desenvolvimento do terço médio da face e o deslocamento dos retalhos mucoperiosteos não acarretarão hipoplasias importantes a este nível. Em contra partida, o processo da fala ainda em fase de iniciação proporcionará um aprendizado com o véu paladar já recomposto, evitando o escape nasal exagerado (rinolalia aberta) e outros possíveis vícios na fala, o que facilitará o trabalho fonoaudiológico.

A pataloplastia deve ser complementada sempre que possível com um alongamento do palato mole, pois em geral os pacientes portadores de fissura palatina apresentam palato curto.

O Alongamento tem a finalidade de se obter um melhor fechamento do anel velo-faringeano, que será conseqüentemente mais competente.

Em crianças, somos favoráveis a utilização dos pilares amigdalinos posteriores (músculos palatofaríngeos) para conseguirmos tal alongamento.

Para as cirurgias de lábio, aconselhamos após os quatro meses de idade, época em que a criança já apresenta condições físicas para a cirurgia e um encontro de lábio ideal


Distúrbios de crescimento:

São caracterizados pela hipertrofia de adenóides e amigdalas , pelo excessivo crescimento da mandíbula, por vícios na articulação de fonemas, etc.


Traumatismos:

           Causas traumáticas que levaram a criança a perda precoce de dentes, defeitos na língua, nos lábios, palato e outros órgãos responsáveis pela fonação.


Má-formação da arcada dentária:

É importante ressaltar que a dentição temporária ou decídua ( 0 a 6 anos) tem como finalidade eliminar hábitos que podem estar estimulando posições indesejáveis dos dentes e que futuramente poderão se instalar como definitivas, se não forem observadas com atenção.

Odontopediatra pode ajudar em alguns casos, como perda precoce de dentes, mordida cruzada posterior, etc.


B-  DISFEMIA

Disfemia (dys, mal-fheme, fala) é o termo pelo qual designamos as interrupções que se processam na fala.

Muito se tem dito e estudado a respeito das disfemias. Suas linhas teóricas percalçam caminhos distintos e contraditórios, fazendo com que a relação de choque seja muito mais freqüente do que a integração.

Segundo a escola européia, a disfemia  é causada pelas dificuldades do indivíduo em coordenar o pensamento com os meios para traduzi-lo, enquanto as escolas americanas defendem pontos de vista mais mecaniscistas com fort e influência das teorias cibernéticas e behavioristas.

Logo, não pretendemos discutir as possíveis causas da gagueira, visto que não há comprovação científica universalmente reconhecida a respeito destas causas.

Entretanto, queremos deixar bem claro que os fatores emocionais estão diretamente relacionados com as influências de expressão verbal, e que de um enfoque genérico podemos assegurar eu todos os indivíduos apresentam disfluências em maior ou menor grau.

As disfemias podem ser classificadas em:


B-1 - DISFEMIA FISIOLÓGICA OU DE EVOLUÇÃO

É a disfluência apresentada pela criança, durante o estágio de aquisição da linguagem. Geralmente esta associada a anciedade pela necessidade de se fazer ouvir.

Pode durar até os cinco ou seis anos de idade e desaparecer sem necessidade de uma terapia fonoaudiológica, contudo, como a disfemia fisiológica é quase idêntica a disfemia funcional infantil, a criança que persistir após os quatro anos de idade deve ser encaminhada a uma terapia para um acompanhamento adequado e orientação a seus pais e professores, cujas infuências podem ser decisivas na manutenção e persistência de tal estágio.

Ao final do capítulo das disfemias apresetamos uma lista de atividades e cuidados que e devem ser tomados por pais e professores, com a criança disfemica (gaga)


B - 2 -DISFEMIA FUNCIONAL

1-     Disfluência Normal

A disfluência normal ocorre no dia-a-dia de todo indivíduo. São as causas de memória, Atos falhos verbalizados, prolongamentos de sons para ligar uma idéia a outra, repetições sistemáticas de palavras com entonação interrogativa, etc. Geralmente aparecem com maior freqüência , quando o individuo é centro das atenções de um determinado grupo e nos estados de cansaço mental por excesso de trabalho ou de problemas emocionais


2-   Gagueira

Gagueira é a disfluência  acentuada, caracterizada por: repetições sistemáticas e continuas de fonemas e/ ou sílabas e/ou palavras; prolongamentos e/ou pausas; ecolalias (repetição de som final), tensão nos músculos articulatóriso; esforço motor generalizado com torções corporais, etc.

           A vanguarda fonoaudiológica do estudo da gagueira deixa de lado a rigidez dos métodos tradicionais de terapia para enfocar diretamente o gago, dentro do seu meio sócio-cultural e das suas possibilidades de participação com um ser aditivo no processo de transformação do homem.

Rompeu-se com a linha experimental a preocupação excessiva em utilizar  técnicas que nada adiantam para dinamizar a sua postura mediante o mundo.

A respeito das características acima descritas, resguardamo-nos de apresentar as emocionais, visto serem bastante subjetivas e questionáveis sob a relação de causas e efeitos, cabendo ao fonoaudiólogo analisar cada tipo de variantes emocionais, contribuindo assim, para que o gago adulto se assuma como tal e descubra as suas próprias possibilidades.


3-  Taquilalia


É uma aceleração no ritmo da fala     prejudicando     a compreensão    do que esta sendo

 Transmitido.

Muito se discute a respeito das causas da taquilalia chegando alguns a discordarem sobre alguma disfunção no sistema nervoso central.

Do nosso ponto de vista, a taquilalia é uma disfemia funcional, encontrada geralmente em pessoas cujo grau de ansiedade é elevadíssimo e que leva a distúrbios associados como a respiração bucal e dependendo  da idade em que é instalada, pode levar a deformação da arcada.


B -3 - DISFEMIA ORGÂNICA

A Disfemia orgânica é encontrada sob a forma de disprosodia associada a problemas neurológicos. O ritmo da fala geralmente esta alterado com o indivíduo apresentando um bradilalia (lentificação no ritmo) e a entonação prejudicada.

A disfemia orgânica é encontrada nos indivíduos afásicos, disartricos, esquisofrênicos e no parquinsonismo, sendo que essas patologias são mais freqüentes em adultos.

Aconselhamos aos pais e professores:

v  Nunca chame a criança de gaga;

v  Nunca peça par que ele se exiba em público (fulano, declamando, etc.);

v  Nunca ensine truques ou crendices absurdas para que ela fale sem bloqueios;

v  Nunca deixe que a criança perceba que você esta preocupada com a sua fala;

v  Nunca peça a criança para relaxar;

v  Nunca antecipe suas palavras nem limite o seu tempo de fala;

v  Olhe sempre para a criança quando ela estiver falando; dando uma demonstração de interesse pelo que ela diz e pela sua forma  de falar;

v  Mostrar sempre que puder, que quando as pessoas estão cansadas, ansiosas, com medo, etc, sua fala poderá ser prejudicada;

v   Dar oportunidade de fala em situações de igualdade para todas as crianças que convivem juntas;

v  Lembrar sempre a criança gaga, por seus componentes emocionais provenientes das dificuldades de expressão, é muito mais suscetível a sentir-se agredida e exposta. Por isso, trate como as outras  crianças, mas seja cuidadoso com os excessos neuróticos que os adultos costumam descarregar sobre as crianças.

Seguindo as instruções acima, o adulto além de satisfazer a necessidade vital da criança gaga, que é ser ouvida com tranqüilidade, estará exercitando o maior e mais poderoso instrumento da sabedoria humana: saber ouvir.


C-   DISARTRIA

É  a alteração da fala devido a transtorno       do tônus    e do movimento dos músculos da

Fonação, respiração, articulação, ressonância ou prosódia, em conseqüência  de leões em zonas do sistema nervoso, responsáveis pelo comando destes mecanismos,” sendo um problema de articulação que se manifesta através de uma dificuldade que o indivíduo tem para realizar os movimentos necessários à emissão verbal. Esta dificuldade na fala pode se originar de uma lesão no sistema nervoso ou de uma perturbação nos músculos que intervêm na produção de sons lingüísticos” (CND, Curitiba, Paraná, 2003) .

A disartria não engloba nenhuma perturbação da construção e do emprego das palavras, sendo a formulação verbal simbólica  normal, porque somente esta afetado o mecanismo de produção dos sons verbais.

Clinicamente, as disartrias de origem cerebral não se manifestam isoladamente, pois sempre estão associadas a outras alterações. Há uma incoordenação de movimentos, resultante do problema motor.Os tipos mais leves de disartria se limitam a afetar as palavras fluentes. Os transtornos da coordenação na execução dos padrões motores fonéticos provocam  sons inexatos, falhas na dicção e perda da entonação. A respiração não se sincroniza com a fala e podemos encontrar até uma bradilalia ou taquilalia.
Prof Dr Master Reikiana
Aldry Suzuki

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