II DISTÚRBIOS
APRESENTADOS
DISTÚRBIOS DA FALA
A - DISLALIA
Dislalia é um transtorno da articulação caracterizado por trocas,
omissões, distorções, acréscimos e inversões de fonemas. Estas alterações tem
caráter continuo e sistematizado, produzindo-se todas as vezes que o indivíduo
pronúncia o fonema alterado.
*omissão – não pronuncia sons –“omei”
= “tomei”;
*substituição – troca alguns sons por outros – “telo” = “quero”;
* acréscimo – introduz mais um som – “Atelântico” =
“atlântico”.(CND, Curitiba, Paraná, 2003)
As dislalia podem ser classificadas em:
A-1 - DISLALIA FISIOLOGICA OU DE EVOLUÇÃO
A dislalia fisiológica obedece a uma evolução fonética relacionada com a maturação
e a idade evolutiva da criança.
O processo de aquisição da linguagem apresenta
etapas, que podem estacionar ou ser, parcialmente, vencidas em decorrência de
problemas emocionais, familiares, ambientais, sociais, e culturais.
Freqüentemente, encontramos uma fala infantilizada
que perdura na criança cuja necessidade de manter a postura de proteção faz com
que ela não se esforce para ser compreendida, mas sim que o mundo a veja como
um bebe, ou seja, a criança nega-se a crescer.
Ao entrar em contato com a escola, o problema se
agrava e comumente poderá traumatizar a criança que num ambiente escolar não é
reforçada como em casa e recebe um
tratamento diferente, chegando a não ser compreendida pela sua maneira de
falar.
Evolutivamente, a criança apresenta dislalias
provenientes de uma incompleta estruturação lingüística,mas conhecida como TATI
BITATI, que ultrapassando a faixa etária dos 4 anos, deve ser considerada como
um atraso de evolução de fala, conseqüentemente, patológica.
Logo, excluindo o ato motor da fala poderemos
encontrar falhas das funções intelectivas que deverão ser avaliadas e
trabalhadas para que complementem um saudável processo de comunicação.
A - 2 - DISLALIA
FUNCIONAL
É
um transtorno na articulação dos fonemas por alterações funcionais dos órgãos
periféricos da fala.
CAUSAS:
·
Conservação de movimentos defeituosos dos
músculos articuladores na primeira infância (dislalia fisiológica);
·
Percepção prejudicada, causando impressões incompletas
a criança. A criança apresenta problemas de articulação;
·
Inabilidade funcional e pouca elasticidade dos
órgãos que intervem na emissão da palavra como hipotonia labial, lingual, etc;
·
Problemas emocionais, tais como: desajustes
familiares, escolares, etc;
·
Bilingüismo. É a situação vivenciada por uma
criança que durante o processo de aquisição da linguagem manteve uma relação
direta e dependente de duas ou mais culturas com línguas distintas.
A -3 - DISLALIA SOCIAL OU
CULTURAL
A dislalia social ou cultural é
caracterizada pelas trocas ou omissões Assistemáticas de Fonemas e Sistemáticas das Palavras.
CAUSAS:
·
Meio sócio-cultural carente de informações e
conhecimentos;
·
Regionalismos.
As dislalias sociais ou culturais (conhecidas vulgarmente como vícios de
linguagem) são adquiridas pelos
indivíduos através do discurso verbal de determinadas comunidades e
reproduzidas sistematicamente num encadeamento lingüístico cujo feed-back
acústico-articulatório reforça a expressão oral
divergente do padrão fonético da cultura dominante, reproduzindo também na fala as relações de
poder de uma sociedade.
Portanto, é fundamental que esses “vícios de linguagem” sejam corrigidos
a partir da própria escola, onde
encontramos muitas professoras que se expressam indevidamente ( como um produto
social) e reforçam o “falar mal”. Nota-se, também, a dificuldade de um
alfabetizado em ter de escrever palavras que não estão integradas a sua
realidade e conhecimentos (vivencias), já que no processo da escrita há a necessidade
de nos expressarmos corretamente.
Lembramos de que é expressamente
difícil mudarmos hábitos comunitários e familiares, porém caberá ao
profissional iniciar um trabalho social, mostrando a necessidade de transformar
expressões erradas a partir da própria criança.
Por outro lado, há casos de
regionalismos que assimilaram de tal
modo certas expressões que mesmo em meios sócio-culturais com um maior nível de
informação, encontramos variantes incorretas de expressão verbal.
Com isto,não estamos querendo interferir nos “dialetos” ou “falares
regionais” de forma a pensarem que nosso enfoque seja evolucionista ou
etnocentrista, pois não pretendemos mudar as características culturais de
expressão verbal de variadas regiões do País, mas sim, fazer com que a linguagem,
como um todo, seja um instrumento mais eficaz de comunicação humana.
A - 4 -DISLALIA AUDIOGENA
É a dislalia proveniente de uma
audição deficiente ( hipoacusia).No desenvolvimento da linguagem da criança, é
fundamental que haja uma boa audição para que a fala evolua num processo
natural de aprendizagem.
A criança hipoacusia geralmente apresenta dificuldades na aprendizagem
escolar: atraso de fala, atraso de linguagem e comportamento social alterado.
A dislalia audiogena varia sua grande severidade com a relativa perda auditiva da criança.
Logo, é importante detectarmos o mais cedo possível essa perda auditiva
para que, com o uso da prótese, a criança possa vir a ter oportunidade de
manter o mesmo desenvolvimento psicolingüístico de uma criança normal.
A -5 -DISLALIA ORGÂNICA
É um transtorno na articulação dos fonemas por alterações orgânicas dos
órgãos periféricos da fala.
CAUSAS:
§
Más-formações congênitas;
§
Distúrbios de crescimento;
§
Traumatismos;
§
Má-formação da arcada dentária.
Más-formações congênitas:
·
Fissura labial
uni ou bilateral;
·
Fissura palatina completa – as que ultrapassam o
formação incisivo e atingem a arcada alveolar;
·
Fissura palatina incompleta – são as posteriores
ao formarem incisivo;
·
Fissura submucosa –não existe união muscular na
linha média do palato mole.
Estas
transformações saem na disposição do tecido embriológico mole e denso do lábio
superior, boca, faringe, base do crânio e vértebra cervical.Há normalmente,
deslocamentos das estruturas adjacentes a linha onde a união não for feita.
Aparecem então distúrbios que não poderíamos deixar de citar tais como:
hipernasalidade (excesso de nasalização nas vogais), hiponasalidade (falta de
ressonância nos sons nasais), distúrbios associados poderão aparecer em
crianças portadoras destas lesões, assim como: dificuldades nas áreas
perceptivas, distúrbios neurológicos, dificuldades de aprendizagem, problemas
emocionais, psíquicos e sociais.
ü
Úvula Bilida – é uma anomalia que não possui
importância funcional. Pode, entretanto ser sinal patognomomico de um palato curto e /ou fissura submucosa
que devem ser diagnosticados e tratados.
ü
Macroglossia – língua excessivamente grande.
ü
Microglossia – língua pequena.
ü
Freio lingual e labial – hipertrofiado ou
prejudicado – comprometendo a motilidade dos mesmos.
ü
Más-oclusões dentárias, problemas articulatórios
(disglossias ou palatolias).
ü
Mau funcionamento das estruturas orofaciais,
disfunções velo-faringeas, dificuldades na emissão do sopro nasal,presão
intra-oral, esterognosia oral prejudicada, retardados ou atrasos no
desenvolvimento da fala, disfonias caracterizadas por voz aspirada e rouquidão:
sigmatismo e outros problemas articulatórios ligados aos problemas de
ma-oclusão dentária, trejeitos nasais e faciais ocasionando mecanismos
compensatórios.
Alertamos,
em especial, as patologias do palato para a seguinte conduta:
Idade própria para cirurgia – 24 meses (dois anos),
pois o paciente apresenta um relativo desenvolvimento do terço médio da face e
o deslocamento dos retalhos mucoperiosteos não acarretarão hipoplasias
importantes a este nível. Em contra partida, o processo da fala ainda em fase
de iniciação proporcionará um aprendizado com o véu paladar já recomposto,
evitando o escape nasal exagerado (rinolalia aberta) e outros possíveis vícios
na fala, o que facilitará o trabalho fonoaudiológico.
A pataloplastia deve ser complementada sempre que
possível com um alongamento do palato mole, pois em geral os pacientes
portadores de fissura palatina apresentam palato curto.
O Alongamento tem a finalidade de se obter um melhor
fechamento do anel velo-faringeano, que será conseqüentemente mais competente.
Em crianças, somos favoráveis a utilização dos
pilares amigdalinos posteriores (músculos palatofaríngeos) para conseguirmos
tal alongamento.
Para as cirurgias de lábio, aconselhamos após os
quatro meses de idade, época em que a criança já apresenta condições físicas
para a cirurgia e um encontro de lábio ideal
Distúrbios de crescimento:
São caracterizados pela hipertrofia de adenóides e
amigdalas , pelo excessivo crescimento da mandíbula, por vícios na articulação
de fonemas, etc.
Traumatismos:
Causas traumáticas que levaram a
criança a perda precoce de dentes, defeitos na língua, nos lábios, palato e
outros órgãos responsáveis pela fonação.
Má-formação da arcada dentária:
É importante ressaltar que a dentição temporária ou
decídua ( 0 a 6 anos) tem como finalidade eliminar hábitos que podem estar
estimulando posições indesejáveis dos dentes e que futuramente poderão se
instalar como definitivas, se não forem observadas com atenção.
Odontopediatra pode ajudar em alguns casos, como
perda precoce de dentes, mordida cruzada posterior, etc.
B- DISFEMIA
Disfemia (dys, mal-fheme, fala) é o termo pelo qual
designamos as interrupções que se processam na fala.
Muito se tem dito e estudado a respeito das
disfemias. Suas linhas teóricas percalçam caminhos distintos e contraditórios,
fazendo com que a relação de choque seja muito mais freqüente do que a
integração.
Segundo a escola européia, a disfemia é causada pelas dificuldades do indivíduo em
coordenar o pensamento com os meios para traduzi-lo, enquanto as escolas
americanas defendem pontos de vista mais mecaniscistas com fort e influência
das teorias cibernéticas e behavioristas.
Logo, não pretendemos discutir as possíveis causas
da gagueira, visto que não há comprovação científica universalmente reconhecida
a respeito destas causas.
Entretanto, queremos deixar bem claro que os fatores
emocionais estão diretamente relacionados com as influências de expressão verbal,
e que de um enfoque genérico podemos assegurar eu todos os indivíduos
apresentam disfluências em maior ou menor grau.
As disfemias podem ser classificadas em:
B-1 - DISFEMIA FISIOLÓGICA OU DE EVOLUÇÃO
É a disfluência apresentada pela criança, durante o
estágio de aquisição da linguagem. Geralmente esta associada a anciedade pela
necessidade de se fazer ouvir.
Pode durar até os cinco ou seis anos de idade e
desaparecer sem necessidade de uma terapia fonoaudiológica, contudo, como a
disfemia fisiológica é quase idêntica a disfemia funcional infantil, a criança
que persistir após os quatro anos de idade deve ser encaminhada a uma terapia
para um acompanhamento adequado e orientação a seus pais e professores, cujas
infuências podem ser decisivas na manutenção e persistência de tal estágio.
Ao final do capítulo das disfemias apresetamos uma
lista de atividades e cuidados que e devem ser tomados por pais e professores,
com a criança disfemica (gaga)
B - 2 -DISFEMIA
FUNCIONAL
1-
Disfluência Normal
A disfluência normal ocorre no dia-a-dia de todo
indivíduo. São as causas de memória, Atos falhos verbalizados, prolongamentos
de sons para ligar uma idéia a outra, repetições sistemáticas de
palavras com entonação interrogativa, etc. Geralmente aparecem com maior
freqüência , quando o individuo é centro das atenções de um determinado grupo e
nos estados de cansaço mental por excesso de trabalho ou de problemas
emocionais
2-
Gagueira
Gagueira é a disfluência acentuada, caracterizada por: repetições
sistemáticas e continuas de fonemas e/ ou sílabas e/ou palavras; prolongamentos
e/ou pausas; ecolalias (repetição de som final), tensão nos músculos
articulatóriso; esforço motor generalizado com torções corporais, etc.
A vanguarda fonoaudiológica do estudo
da gagueira deixa de lado a rigidez dos métodos tradicionais de terapia para
enfocar diretamente o gago, dentro do seu meio sócio-cultural e das suas
possibilidades de participação com um ser aditivo no processo de transformação
do homem.
Rompeu-se
com a linha experimental a preocupação excessiva em utilizar técnicas que nada adiantam para dinamizar a
sua postura mediante o mundo.
A respeito das características acima descritas,
resguardamo-nos de apresentar as emocionais, visto serem bastante subjetivas e
questionáveis sob a relação de causas e efeitos, cabendo ao fonoaudiólogo
analisar cada tipo de variantes emocionais, contribuindo assim, para que o gago
adulto se assuma como tal e descubra as suas próprias possibilidades.
3- Taquilalia
É
uma aceleração no ritmo da fala prejudicando a compreensão do que esta sendo
Transmitido.
Muito se discute a respeito das causas da taquilalia
chegando alguns a discordarem sobre alguma disfunção no sistema nervoso
central.
Do nosso ponto de vista, a taquilalia é uma disfemia
funcional, encontrada geralmente em pessoas cujo grau de ansiedade é
elevadíssimo e que leva a distúrbios associados como a respiração bucal e
dependendo da idade em que é instalada,
pode levar a deformação da arcada.
B -3 - DISFEMIA
ORGÂNICA
A Disfemia orgânica é encontrada sob a forma de
disprosodia associada a problemas neurológicos. O ritmo da fala geralmente esta
alterado com o indivíduo apresentando um bradilalia (lentificação no
ritmo) e a entonação prejudicada.
A disfemia orgânica é encontrada nos indivíduos
afásicos, disartricos, esquisofrênicos e no parquinsonismo, sendo que essas
patologias são mais freqüentes em adultos.
Aconselhamos
aos pais e professores:
v Nunca
chame a criança de gaga;
v Nunca
peça par que ele se exiba em público (fulano, declamando, etc.);
v Nunca
ensine truques ou crendices absurdas para que ela fale sem bloqueios;
v Nunca
deixe que a criança perceba que você esta preocupada com a sua fala;
v Nunca
peça a criança para relaxar;
v Nunca
antecipe suas palavras nem limite o seu tempo de fala;
v Olhe
sempre para a criança quando ela estiver falando; dando uma demonstração de
interesse pelo que ela diz e pela sua forma
de falar;
v Mostrar
sempre que puder, que quando as pessoas estão cansadas, ansiosas, com medo,
etc, sua fala poderá ser prejudicada;
v Dar oportunidade de fala em situações de
igualdade para todas as crianças que convivem juntas;
v Lembrar
sempre a criança gaga, por seus componentes emocionais provenientes das
dificuldades de expressão, é muito mais suscetível a sentir-se agredida e exposta.
Por isso, trate como as outras crianças,
mas seja cuidadoso com os excessos neuróticos que os adultos costumam
descarregar sobre as crianças.
Seguindo as instruções acima, o adulto além de
satisfazer a necessidade vital da criança gaga, que é ser ouvida com
tranqüilidade, estará exercitando o maior e mais poderoso instrumento da
sabedoria humana: saber ouvir.
C-
DISARTRIA
É a alteração da fala devido a transtorno do tônus e do movimento dos músculos da
Fonação,
respiração, articulação, ressonância ou prosódia, em conseqüência de leões em zonas do sistema nervoso,
responsáveis pelo comando destes mecanismos,” sendo um problema de articulação
que se manifesta através de uma dificuldade que o indivíduo tem para realizar
os movimentos necessários à emissão verbal. Esta dificuldade na fala pode se
originar de uma lesão no sistema nervoso ou de uma perturbação nos músculos que
intervêm na produção de sons lingüísticos” (CND, Curitiba, Paraná, 2003) .
A disartria não engloba nenhuma perturbação da
construção e do emprego das palavras, sendo a formulação verbal simbólica normal, porque somente esta afetado o
mecanismo de produção dos sons verbais.
Clinicamente, as disartrias de origem cerebral não
se manifestam isoladamente, pois sempre estão associadas a outras alterações.
Há uma incoordenação de movimentos, resultante do problema motor.Os tipos mais
leves de disartria se limitam a afetar as palavras fluentes. Os transtornos da
coordenação na execução dos padrões motores fonéticos provocam sons inexatos, falhas na dicção e perda da
entonação. A respiração não se sincroniza com a fala e podemos encontrar até
uma bradilalia ou taquilalia.
Prof Dr Master Reikiana Aldry Suzuki
Nenhum comentário:
Postar um comentário