domingo, 9 de setembro de 2012

Dificuldades e Distúrbios na Aprendizagem XIII SUPERAR "síndrome do Encaminhamento"





autora: Aldry Suzuki

3.4.22 – Superar a “Síndrome de Encaminhamento


            É comum ouvirmos dos professores a queixa de que a disciplina por parte da direção deveria ser mais rígida, mais severa. Isto revela o equívoco da postura de “encaminhamento”:

  1. A transferência de responsabilidade (o professor não sabe o que fazer em sala, encaminha aluno esperando solução “mágica”).
  2. As diferentes visões(ex: encaminha-se o aluno esperando-se uma coisa e acontece outra).
  3. Os problemas de comunicação (ex: encaminha-se o aluno e não se sabe o que aconteceu com ele).

Por isto, seria importante não entrar na “Síndrome de encaminhamento”: de que adianta o professor ficar encaminhando alunos “problemas” para a orientação educacional, por exemplo, se o foco do conflito está em outro lugar?

            Os conflitos entre alunos e professores devem ser enfrentados, antes de mais nada, por eles próprios. Para isto, o professor deve ter condições de, por exemplo, entabular uma conversa mais particular com algum aluno, se as providências tomadas em sala de aula não foram suficientes para resolver o problema(OS COMBINADOS). Se a escola não tiver outra possibilidade, no limite, consideramos ser preferível, então, um membro da equipe ir para a sala de aula e o professo sair com o aluno para ter o diálogo. Alguém poderia ir logo dizendo: “Ah, se eu for fazer isto, vou ficar mais tempo fora do que dentro da sala”. Isto aconteceria se  deixasse o problema acumular; enfrentando logo no início, logo quando surge, muito provavelmente não haverá tanta necessidade assim de sair da sala. Isto é muito importante: enfrentar logo no começo. Muitos professores, para “não perder tempo”, acabam perdendo todo o tempo durante o ano, pois o tempo que o professor utiliza com estratégias de sobrevivência, quando não consegue equacionar adequadamente o problema da disciplina, chega a ser mais de 50% do tempo útil de aula.

            A questão não é, pois, ter uma equipe de especialistas de plantão para encaminhar alunos (fonoaudiólogos, psicólogos, neurologistas, médicos, assistentes sociais, orientadores educacionais, pedagogos, psicopedagogos, etc.) mas o professor ser formado, ser capacitado ( até com a ajuda destes profissionais) e ter condições mínimas para poder fazer melhor o seu trabalho.


3.4.23 –Papel da Equipe Diretiva


Que postura devem ter os membros das equipes diretivas escolares (coordenação pedagógica orientação educacional, supervisão escolar direção etc.) ?? Entendemos que basicamente é preciso criar um clima de confiança, baseado numa ética e no autêntico diálogo. Por exemplo:

Construir participativamente uma linha comum de atuação. Um dos pontos mais enfatizados pelos professores em escolas que estão com problemas de disciplina é a falta desta linha comum: que todos tenham a “mesma linguagem”.

Ajuda a manter uma visão de totalidade do problema. Algumas vezes, para fazer com que o professor assuma suas responsabilidades, não se fala de todo o resto, apenas questionando se ele já fez sua parte. É claro que isto vai provocar a sensação de ser o ‘bode expiatório” (“é sempre culpa do professor”; “Cai tudo nas costas do professor” etc.) Não deixar que se perca a visão de conjunto.

Não designar alguém na escola só para cuidar da “disciplina”; a construção da disciplina é tarefa de todos.

Subsidiar, apoiar o professor para que possa ser o autor da ação educativa, inclusive disciplinar; orientar, ajudar a formar o professor para o diálogo com os  alunos.

Resgatar o saber docente. Reconhecer que os professores construíram um saber a partir de suas experiências. Só que geralmente é um saber fragmentado e até contraditório. Daí a importância de partilhar, fazer a crítica e sistematizar como cultura pedagógica do grupo.

Confiar no grupo; superar o controle, a vigilância como se o professor fosse  irresponsável (ex. ficar passando pelo corredor e espiando a sala). Algo muito diferente ocorre quando, por exemplo, há um acordo para que alguém da equipe assista à aula, para depois refletir com o professor sobre sua prática.

Apoiar as iniciativas de mudança dos professores; isto é sinal de vida. Dar tempo para colocar em prática e analisar. Não frustrar com rigorismo e medo do erro.

Pesquisar mais a própria prática; ser capaz de levantar as representações dos professores. No caso aqui, o que pensam a respeito dos problemas de disciplina. Ter mais coragem de ouvir; esta é uma coisa que dificulta o trabalho de direção ou coordenação: os professores vêm com suas queixas; a equipe, com medo de que, com aqueles problemas todos, ele desanime, já começa a tentar dar explicações, justificativas, não os deixando falar até o fim. É preciso confiar mais em nossa capacidade, em nossa proposta, na força do próprio grupo e deixa-los falar tudo o que têm para falar, e só depois disto começara reconstruir coletivamente.

Ser “colo” quando necessário, mas também ser firme se a situação assim o exigir.

Num primeiro momento, trabalhar com um grupo menor, que esteja mais aberto, minimamente querendo, que revele uma base de humanidade preservada. Criar base para um trabalho maior.

Superar o formalismo; abrir espaços para que o professor possa atender os alunos em suas necessidades, sejam de aprendizagem ou relacionamento.

Apoiar o professor diante da comunidade. Os eventuais equívocos serão tratados internamente. Saber enfrentar pressões equivocadas dos pais. É muito desgastante quando o professor sente que seu  trabalho não tem o respaldo da equipe. Vejam, isto não significa conivência, acobertar erros, mas profissionalismo, tratar as coisas na hora e local adequados.

Favorecer clima ético; cortar “fofocas”, “diz-que-diz-que”.


            Como vimos, os desafios a serem enfrentamos são enormes. Se não encontrarmos um clima favorável nem entre os companheiros de trabalho, fica muito difícil manter o ânimo e a esperança de que as coisas podem de fato mudar.

            Como entender esta construção de uma nova disciplina na sala de aula e na escola??

Seria algo fácil, imediato??

 É evidente que não; é uma tarefa muito difícil, todavia importantíssima. Para enfrenta-la, é preciso ter uma Lista de processo:

  É algo extremamente complexo.Muitos fatores interferem. Necessário se faz atuar em todas as frentes. Nenhum fator em si, em princípio, é “decisivo”. Há que se analisar o caso concreto (ex: classe com 15 alunos e terríveis problemas de disciplina). Não desprezar nenhum fator, caso contrário vai acumulando uma série de pequenos problemas que gera um muito maior.

  A mudança não vai ocorrer de uma vez; porém, é um processo, que se dá por aproximações sucessivas; valorizar os passos pequenos, porém concretos e coletivos na nova direção.

  Quando mais participativo for este processo, maiores serão as possibilidades de dar certo.

  É preciso partir da realidade concerta que temos; não adianta ficar reclamando ou sonhando com outra. É esta a realidade, é este o ponto de partida para a transformação.

     

IV- PRECONCEITOS SOBRE OS EDUCANDOS


            O texto tem como objetivo central é a busca da compreensão da dimensão do não aprender em relação com alguns preconceitos postos no cotidiano da vida escolar.

            Pretendemos que este trabalho, possa fornecer alguns elementos que favoreçam a reflexão sobre o cotidiano da escola, pelo resgate da dimensão coletiva, tanto do aprender, quanto do não aprender em suas relações com os estigmas que se instalam neste processo.


4.1 – O Preconceito


            “uma das características fundamentais da vida cotidiana, é a existência de juízos provisórios, porque se antecipa à atividade possível e independe do confronto com a realidade. Quando um juízo provisório é refutado no confronto com a realidade concreta e mesmo assim se mantêm inabalável, imutável e cristalizado contra todos os argumentos da razão, não é mais um juízo provisório, mas um preconceito”.

            O cotidiano escolar é permeado de preconceitos e juízos prévios sobre os alunos e das famílias, que independem e não são abalados por qualquer evidência empírica que os refute racionalmente.

            “Crianças não aprendem porque são pobres, porque são negras, porque são  nordestinas, ou provenientes da zona rural; são imaturas, são preguiçosas; não aprendem porque seus pais são analfabetos, são alcoólatras, as mães trabalham fora, não ensinam os filhos...”

            O que acaba ficando é a sensação do que estamos diante de um sistema educacional  perfeito, desde que as crianças vivam uma vida artificial, sem nenhum tipo de problemas, enfim, crianças que provavelmente não precisariam da escola para aprender. Para a criança concreta, que vive neste mundo real, parece ser muito difícil, se não impossível, ensinar.

            Neste sentido, a escola, enquanto instituição social concreta, apresenta-se enquanto vítima de uma clientela inadequada”.


4.2 – A  Previsibilidade do não aprender...


            Um exemplo:

“Durante entrevista com professores, realizada no 1º bimestre do ano letivo, pediu-se que o professor indicasse em sua lista de alunos ( se  sentisse habilitado) os que iriam ser aprovados e os que seriam reprovados. Todos se prontificaram a executar essa tarefa; nenhum questionou a prática generalizada, nem mesmo sua capacidade para tanto. Nem  a precocidade da ação...

            Ao fim do ano letivo, esses dados foram confrontados com os resultados oficiais da escola, permitindo identificar quais e quantas crianças entre as previstas como futuras fracassadas, fracassaram...

            As previsões de reprovação, confirmaram-se em 94,1% dos casos, um índice altíssimo que comprova o caráter auto-realizador da previsão, transformando-a em profecia quase perfeita...

            As crianças que irão fracassar são identificadas logo no 1º bimestre letivo. Ou talvez se devesse falar em crianças que são destinadas a fracassar...

            A crença em sua capacidade preditiva é generalizada entre os professores , sem levar em conta a influência de sua previsão sobre a sua relação com a criança, influenciando diretamente na aprendizagem”.


4.3 – Como os alunos aprendem  - “O Estalo”


            “O discurso de diretores e professores poucas vezes se refere ao processo ensino aprendizagem. A impressão é de que na escola ocorre um processo exclusivamente de aprendizagem. A criança aprende ou não aprende.

            Este processo de aprendizagem “autônomo” é apresentado como decorrente de  mecanismos inatos à criança, de caráter mágico, inacessível ao professor. Por não possuir uma chave que possibilite o acesso a este mundo mágico, o professor nada pode fazer quando a criança não aprende.

            A referência ao “estalo” constitui uma das mais bem acabadas expressões dessa concepção de aprendizagem. O “estalo” remete a algo misterioso que ocorre como características inerentes à criança, independente de tudo que a cerca...

            Nesta indefinição do que seja, às vezes o estalo se confunde com o discurso da maturidade. Ou da imaturidade.

            O próprio conceito subjacente de maturidade também remete a um referencial mágico, em que a criança, subitamente, por motivos desconhecidos “desperta “ para o mundo... Não estaria aí embutida a ultrapassada noção de prontidão?? A criança “estalaria “ quando estivesse “pronta “??

            Finalizando, merece ser ressaltado que a idéia de estalo não encontra respaldo em qualquer das correntes teóricas sobre a natureza do processo de aprender. Nem o comportamentalismo, nem a teoria gestáltica (teve início na Alemanha. Para os psicólogos gestaltistas, como KOFFKA, KÖHLER e WERTHEIMER, primeiros pesquisadores, a aprendizagem acontece por insight, é uma forma em que a aprendizagem se dá “!por estalo”, parece que tudo fica claro e compreensível de repente, “Ah! já sei” , “A! já entendi”. Os desenhistas de histórias em quadrinhos mostram como acontece o Insight  como uma lâmpada acendendo em cima da cabeça do personagem.

De acordo com essa teoria, toda aprendizagem consiste na reorganização perceptiva (uma percepção do todo da situação-problema), ou seja, uma aprendizagem  por compreensão, sendo que a experiência anterior e o estímulo proposto também são fatores importantes( dois rostos e pode ver uma taça no centro – um rosto de menina e um rosto de uma velha) – Esta teoria da gestalt influenciou muito na área da percepção e também da aprendizagem, por tentar explicar os aspectos correspondentes à solução de problemas),ou a construtivista(é a aplicação pedagógica dos estudos de JEAN PIAGET(896-1980), educador, psicólogo, biólogo e filósofo suíço que reformou em bases funcionais as questões sobre pensamentos e linguagem. Ao mesmo tempo pensador e cientista experimental, a PIAGET interessava uma visão transformadora da Epistemologia. Segundo suas pesquisas, o conhecimento é construído através da interação do sujeito com o objeto. O desenvolvimento cognitivo se dá pela assimilação do objeto de conhecimento a estruturas anteriores presentes no sujeito e pela acomodação dessas estruturas em função do que vai ser assimilado. Para PIAGET, a criança se apodera de um conhecimento se “agir” sobre ele, pois aprender é modificar, descobrir, inventar. Nesse enfoque, a função do professor é propiciar situações para que a criança construa seu  sistema de significação, o qual, uma vez organizado na mente, será estruturado no papel ou oralmente.), menos ainda a sócio-histórica (O sociocontrutivismo é uma teoria que vem sendo desenvolvida a partir dos estudo de VYGOTSKY e seus seguidores. Vygotsky(1896-1934) graduou-se em Literatura na Universidade de Moscou. Lecionou Literatura e  Psicologia e criou um laboratório de Psicologia no Instituto de Treinamento de Professores. Trabalhou no Instituto de Treinamento de Professores. Trabalhou no Instituto  de treinamento de Psicologia e no Instituto nos Estudos de Deficiências em Moscou. No período de 1925 a 1934, reuniu um grupo (do qual participaram Luria e Leontiev) e iniciou estudos sobre a crise da Psicologia, buscando uma alternativa para  conflito entre as concepções idealistas e mecanicista. E estudo de Vygotsky e seguidores sobre a aquisição de linguagem como fator histórico e social enfatizam a importância da interação e da informação lingüística para a construção do conhecimento. O centro do trabalho passa a construção do conhecimento . o centro do trabalho passa a ser, então, o uso e a funcionalidade da linguagem, o discurso e as condições de produção. O  papel  do professor é o de mediador, facilitador, que interage com os alunos através da linguagem num processo dialógico. O sociocontrutivismo, hoje traz em si uma convergência das idéias piagetianas e vigotskyanas, enfatizando a construção do conhecimento numa visão social, histórica e cultural. Piaget trabalha com os níveis maturacionais, Vygosky trabalha com a relação aprendizagem-desenvolvimento. O socioconstrutivismo apresenta um conceito de zona de desenvolvimento proximal  como a distância entre o nível de desenvolvimento potencial. Diferencia nível  de desenvolvimento real(aquele que se caracteriza pelas etapas já alcançadas, resultado de processos de desenvolvimento já completados) de nível de desenvolvimento proximal 9 capacidade de desempenhar tarefas com a ajuda de adultos ou de companheiros mais capazes.) A zona de desenvolvimento proximal é um domínio psicológico em constante transformação: aquilo que uma criança é capaz de fazer hoje com a ajuda de alguém, conseguirá  fazer sozinha amanhã),nenhuma  teoria engloba conceitos, nem mesmo  embriões de idéias, em que a criança seja vista como ente “adormecido”, ausente, até o momento em que, por fatores desconhecidos, simplesmente desperta para o mundo”.


4.4Alunos doentes não aprendem...


            “Para praticamente todos os segmentos que compõem a sociedade brasileira, os problemas de saúde constituem uma barreira para a aprendizagem e logicamente uma das principais causas do fracasso escolar”.

            Para muitos profissionais da Saúde e da Educação, a doença impede a aprendizagem. Porém, que tipo de doença, em que gravidade? Aparentemente estas questões não se colocam. Estar doente, não importa a gravidade, nem a época da vida em que se esteve doente, nem o tempo, é um estado absoluto.

            Independente de formação e até mesmo da experiência, de onde vem a opinião generalizada de que qualquer problema de saúde compromete a aprendizagem escolar??...

            Tratando-se de preconceito, não há necessidade de rigor; diferentes preconceitos podem se fundir, se confundir, na mesma explicação.

            Aqui se põem duas questões importantes.

            Em primeiro lugar, nem a saúde, nem a doença podem ser pensadas enquanto fenômenos absolutos, e neste sentido, podem ser apenas um dos fatores que influenciam a aprendizagem.

            Em segundo lugar, as crianças que efetivamente apresentam problemas de saúde realmente comprometedores da aprendizagem, na sua grande maioria, não estão nas escolas públicas, e quanto estão, certamente em número bastante reduzido, comparativamente á clientela escolar  como um todo.

            Este processo de biologização, que coloca como causa do fracasso escolar quaisquer doenças das crianças, desloca o eixo de uma discussão político-pedagógica para causas e soluções pretensamente  médicas, portanto inacessíveis `a  educação... isentando-a, portanto, de suas responsabilidades junto ao indivíduo atípico”.

4.5 -Alunos com “problemas emocionais” não aprendem...


            “Ao se conversar sobre o não aprender nas escolas, é bastante comum a referência aos fatores emocionais como causas do desempenho escolar...

            Uma criança com problema psicológico sério poderá apresentar repercussões desse problema em todos os momentos de sua vida, em todas as suas atividades. Inclusive na escola. Inclusive, não apenas. Isso é óbvio demais, seria absurdo negar a importância do psiquismo sobre  toda a vida do ser humano. Entretanto, também é razoável supor que os mesmos não devam ocorrer com muita freqüência.

            As pessoas que vivem no Brasil de hoje, enfrentam, em sua maioria, problemas concretos, com os quais se defrontam cotidianamente, podendo ocasionar alterações emocionais. Doenças?? O que seria mais patológico, assimilar os golpes da vida e reagir ou pairar sobre a realidade, nem se dando conta do que acontece?

            As pessoas sentem, reagem, explodem... Vivem a vida moderna. Por isso são doentes??

            Nesta sociedade em que vivemos, será que existem pessoas sem problemas de ordem emocional? Então, por que enxergar tantos “defeitos” psíquicos...

            As crianças da classe trabalhadora apresentam problemas emocionais? Certamente, porém na em escala significativamente diferente de crianças de outras classes sociais. Problemas de ordem diferente, mas na com freqüência diferentes...

            Mas, então quem é a criança a quem se atribui com maior freqüência desajustes emocionais?? É a criança da periferia, que vive em um ambiente com valores diferentes, que é constantemente agredida pela vida, que precisa se defender para sobreviver. A criança que tem que ser forte. Que agredida, dela se diz agressiva...

            De modo geral, todas as falas sobre problemas emocionais centram-se me comportamentos, muito mais que na aprendizagem em si. Então, surge a indagação: o que é mais importante para a escola... aprender ou ter o comportamento esperado??

            Se se acredita que as causas do não aprender se situam na esfera emocional, a única solução só pode mesmo ser por meio da figura do psicólogo. A escola não tem competência – nem este é os eu papel – para lidar com problemas emocionais.

Porém, ao psicologizar uma questão iminentemente pedagógica, ela simplesmente transfere responsabilidade, exime-se de seu próprio fracasso. Em última instância, delega seu espaço para outra instituição, a saúde.


4.6 - Alunos não aprendem porque são imaturos...


            “Falar em imaturidade... pressupõe adotar o homem adulto como padrão... O ser em desenvolvimento se transforma no ser em amadurecimento...”.

            O sistema imunológico da criança pequena apresenta diferenças em relação ao de outras idades. Não por incompetência, ou por imaturidade, como se diz com freqüência. É diferente porque precisa ser assim, porque esta criança tem um ano e não trinta . Ele é competente para esta criança de um ano, como seria lógico esperar.

            A criança de cinco anos não é neurológica ou intelectualmente imatura ... é menos  ainda, emocionalmente imatura... Se a criança fosse um adulto em miniatura, ou apenas um adulto em potencial, não brincaria, não daria gargalhadas, não subiria em árvores, não andaria em enxurrada, não seria feliz. Não seria uma criança...

            A cada momento, o ser humano tem as características físicas, emocionais, cognitivas adequadas a este momento determinado. A criança de sete anos tem a maturidade conveniente aos seus sete anos. Ela é ela mesma, em cada fase. É pelo momento presente e não pelo que há de vir.

            Falar em imaturidade... é desconhecer que os ser humano é um ser histórico, permanentemente em construção. Inacabado, sim... Por isso mesmo, um agente de transformação”.



4.7 -Alunos não aprendem porque as famílias não colaboram...


            “Uma das queixas mais freqüentes que a escola faz em relação às famílias, em  tom acusatório, consistem que elas na colaboram com a escola”.

            Essa falta de colaboração, que se apresenta sob bários termos, como falta de disponibilidade, de interesse, de responsabilidade, de vontade, de conhecimento, etc, torna muito difícil, se não impossível à escola concretizar a sua tarefa: ensinar às crianças...

            A imagem que diretores e professores tem em sua mente ao se referirem às famílias de seus alunos, revela acima de tudo, seu aprisionamento a uma concepção idealizada de família...

            De modo geral, revelam seu desconhecimento sobre a vida concreta das pessoas com as quais lidam direta ou indiretamente...

            Quando existe algum conhecimento, este não costuma ser usado como elemento individualizado da criança... e enxergar a criança como indivíduo é respeita-la, passo essencial para estabelecer a relação biunívoca de ensinar e aprender. Com muita freqüência, este conhecimento alimenta os preconceitos do professor em relação ao aluno  e sua família, alicerçando estigmas pré-existentes...

            Construída uma norma ideológica, a qual nenhuma família concreta se adapta, esta passa a ser a base para a forma de pensar consensual das pessoas... os que não se ajustam à norma, por usufruírem de valores diferentes, ou talvez pela ausência de bens materiais, ou simplesmente por viverem um padrão distinto de família, passam a ser considerados, rotulados, ,como desajustados.

            Famílias desestruturadas geram crianças desajustadas, revoltadas, agressivas. Como se poderia pretender que aprendessem ??

            O campo da normalidade/ anormalidade fica aberto para conveniências momento,  de cada um. Em vez de diagnósticos – etapa final de um processo de investigação e raciocínio – rótulos. Visto pelo prisma da anormalidade, é o comportamento das famílias que provoca, linearmente, a não aprendizagem...

            E afinal... o que é colaborar com a escola?

            É participar?

            E participar, seria a submissão às normas impostas pela instituição, docilmente, sem questionamentos?

            Seria apresentar-se à escola, participar de reuniões, atender convocações, sobretudo sem poder discordar ou questionar? Como dialogar, com que acredita que os pais, delegam à escola responsabilidade que seriam suas?

            Seria ajudar os filhos nas lições de casa? E como ajudar, se a maioria dos pais já passou pelos bancos da escola e também não descobriu a “chave” que lhe daria acesso à  aprendizagem? Será que este pai, esta mãe, que “não ensinam em casa”, não são frutos também do fracasso escolar? E agora... é deste pai que a mesma escola vem exigir que ensine o seu filho, que o ajude nas lições...


4.8 – Avaliar para ensinar melhor


            Para que a avaliação sirva à aprendizagem é essencial conhecer cada aluno e suas necessidades. Assim o professor poderá pensar em caminhos para que todos alcancem os objetivos . o importante, diz Janssen Felippe da Silva, pesquisador da Universidade Federal de Pernambuco, não é identificar problemas de aprendizagem, mas necessidades.

            Se seu objetivo é fazer com que todos aprendam, uma das primeiras providências é sempre informar o que vai ser visto em aula e o porquê de estudar aquilo. Isso é parte do famoso contrato pedagógico ou didático, aquele acordo que deve ser estabelecido logo no início das aulas entre estudantes e professor com normas de conduta na sala de aula.

            A criança deve saber sempre onde está e o que fazer para avançar. Assim, fica mais fácil se envolver na aprendizagem. E dá para fazer isso até na pré-escola, desde que a maneira de dizer seja adequada à idade e ao nível de desenvolvimento da turma. É isso pode ser feito por meio da auto-avaliação. “se o professor quer que os alunos se avaliem, deve explicitar por que e para que fazer isso. Ele precisa perceber como essa prática ajuda a direcionar todo o processo de aprendizagem”. (diz Janssen Fellippe da Silva)


            UM ALERTA; o professor que se atém ao comportamento do estudante e o rotula acaba tendo uma atitude prejudicial. O agressivo e conversador sempre tende a ser visto dessa maneira. Assim como o atencioso e comportado. Por isso, não classifique seus alunos como se eles fossem sempre do mesmo jeito, com hábitos imutáveis – e, o mais importante, incapazes de se transformar. O ideal é tentar entender por que se comportam de determinada forma diante de uma situação. Rotular não leva a nada.



MADELENA:

É uma criança que não apresenta nenhum tipo de dificuldade na leitura, escrita, tabuada. Ela tem a letra bonita, mas só que ela começava a escrever quase no meio da linha do caderno. Seu parágrafo era uma regulação de uns três a quadro dedos e sua profº tinha que olhar o seu caderno e marcar com um lápis o parágrafo, para que ela começasse a segui-lo. E uma menina inquieta em sua carteira   derruba várias vezes os seus lápis a sua borracha é uma criança  HIPERATIVA – DISPRAXIAS.

            A Professora muito atenta, quando a criança não entende na 1ª explicação ela procura sempre mudar seu jeito de explicar até que a criança entende.

            A Professora desenha um desenho um desenho na lousa e forma uma historinha para que as crianças passe a  entender.

            Outro dia ela manda as crianças cada um desenhar o seu desenho e depois manda eles formar sua historinha, depois ela manda cada um cantar a sua historinha.

            Depois que cada criança mostra o seu desenho e conta sua historinha , ela  elogia escrevendo que lindo !! Parabéns!! Você é maravilhoso!! Você é  a menina ou menino dos meus sonhos.

            Na aula de matemática ela explica e a criança não entende ela procura cantar para que as crianças passe a entender.

Na hora em que ela corrige seus cadernos, ela procura chamar de um em um.

As outras crianças ficam quietas no seu lugar.

O mais incrível é que ela não bate, não grita com as crianças, ela só conversa com as crianças. Ela não é aquela profº que dá só prova para avaliar o seu aluno. A professora ela procura sempre dar desenhos para que ele procure pintar, contornar o seu desenho. Procura dar brincadeiras, como uma  dinâmica, de par ou impar, quantas vezes ele jogou a bola para seu amiguinho. E assim por diante. A profª mandar quatro, cinco, cada um com uma letra do alfabeto  para que eles possam aprender a ler e escrever, em fim ela avalia seus alunos de várias maneiras.

            Na medida em que algumas relações humanas orientam-se por preconceitos, estas perdem sua qualidade maior, quer seja, a promoção do desenvolvimento das partes nelas envolvidas...

            Lembramos aqui, que os preconceitos não nascem espontaneamente nas pessoas, mas são sustentados por “explicações”, por “idéias “ que atendem a interesses, em geral, interesses da classe dominante, que vitimam tanto aquele que sofre o preconceito, quanto aquele que os tem.

            Mas quando se estabelecem relações construtivas entre professores e alunos, quando são levadas em conta as características do desenvolvimento infantil, quando existe o domínio teórico dos conteúdos a serem ensinados e a competência técnica exigida pelas  ações pedagógicas, todos os alunos se mostram capazes de aprender, pois suas potencialidades passam a ser adequadamente exploradas na escola, e todos os professores, capazes de ensinar, pois assumiram de fato o seu papel enquanto educadores.
Prof Dr Master Reikiana
Aldry Suzuki

3 comentários:

  1. Seria interessante citar as fontes de onde pegou os textos, como por exemplo, o meu livro de Disciplina. Saudações.
    Celso Vasconcellos
    www.celsovasconcellos.com.br

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  2. Boa Noite Prezado Celso Vasconcelos, seu nome esta na referência bibliográfica , como dividi em partes , ela esta na conclusão do livro . Você é magnânimo, meu muito obrigada por tudo. com carinho e admiração Aldry Suzuki , desculpe a demora para responder!

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  3. Celso Vasconcellos, muita paz e luz em sua existência, com glórias e realizações sempre... Parabéns, pelos seus magníficos trabalhos.

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