domingo, 16 de setembro de 2012

CONTO DE GUILHERME KAZUO - CANTINHO BRASILEIRO


Conto de Português


Nome: Guilherme Kazuo
Profª: Aldry


Turminha do barulho... Tamikazu, John, Estefani, Edmar, Kazuo e yasmim.. bjs lindos
A minha história

Olá para você que está lendo agora a minha história, antes eu quero dizer que se não gosta de histórias bipolares eu não o aconselho a ler. Meu nome é Filipe, tenho 32 anos, dois filhos, lindos por sinal, são a cara da mãe.
            Eu nunca contaria a minha história para ninguém, saiba que escrevi isto porque preciso de dinheiro, e hoje, no ano em que estou, 2015, livro dá muito dinheiro.
            Dedico esse livro ao meu querido pai, que sempre cuidou de mim, e se você mãe estiver lendo isto, saiba que eu não odeio quem não conheço.
            Para começar a minha história voltarei um pouco no tempo, o ano é 1982 do mês de Novembro, o cenário é o belo país oriental: Japão. Meu pai estava de férias com a turma da faculdade em uma cidade chamada Okinawa, ele morava provisoriamente em uma pacata cidade chamada Tsu, lembro até hoje das piadas que ele fazia em relação ao nome da cidade, dizendo que tinha sorte por não vir o “name”. Minha mãe era de Okinawa mesmo, seu nome é Cecília, a idade 23 o comportamento, qualidade e defeitos eu tão pouco posso dizer... Leonardo, meu pai, tinha 22, era um cara alto, cabelo castanho, tão pouco falava igual seus amigos, só dizia o necessário, era uma homem esperto, como diziam na época “malandro”.
            No final do ano Okinawa sempre estava em festa, é extremamente comum números absurdos de turistas nessa época, principalmente de jovens que vão para farrear.
            O destino de Leonardo e Cecília estariam cruzados para sempre depois daquele 8 de Novembro, estava acontecendo uma festa no centro da cidade, apesar de ser no Japão, os brasileiros estavam para todos os lados em números bem maiores que japoneses. Meu pai estava com seus amigos, assim como Cecília, mas os dois se olhavam, pareciam conversar apenas por olhares intensos. O relógio já marcava a hora da noite fria, Cecília agora estava sozinha então meu pai aproximou-se e os dois começaram a conversar por beijos apaixonados. E aquilo terminou no quarto de um hotel na manhã seguinte, com uma nova vida iniciada, o motivo deste livro.
            Meu pai depois daquela noite não parava de pensar naqueles lábios doces, na voz encantadora de Cecília. Ela pensava o mesmo, horas e horas, até que um dia conseguiu contato com Leonardo, os dois sabiam que o tempo era curto, depois daquela temporada de festas ele teria que voltar para Tsu e consequentemente para os estudos.
            – Gostei muito daquele dia – disse Cecília.
            – Já não penso em outra coisa Cecília... vamos aproveitar o tempo que temos por favor.
            Depois da conversa os dois se encontraram no Luau brasileiro, o nome da festa, não chegaram a entrar para aproveitar a festa, só queriam um tempo para eles, só queriam amar um ao outro.
            E todos os dias foram assim, até o fim de Dezembro quando meu pai teria que ir embora da cidade, a despedida foi tranqüila para os dois, estavam pensando “valeu a pena”.
            Leonardo voltou para a sua rotina de estudos e Cecília para o seu trabalho em um sorveteria de Okinawa, tudo parecia normal, se não fosse pelo fato de um pensar no outro o dia todo.
            Em fevereiro Cecília começou a sentir algo estranho, um enjôo muito forte, ela pensava em mim, mas essa idéia do motivo da dor a fazia ficar pior. Então ela foi ao médico e descobriu que estava grávida de Leonardo, ligou para ele na mesma hora, a conversa foi longa e apesar das dificuldades os dois decidiram criar juntos a criança, Cecília ia morar em Okinawa até eu nascer e depois iria morar com meu pai.
            Os meses passaram, as horas pareciam estar desfilando para Zeus, andando cada vez mais devagar, como se estivessem com medo de serem fulminadas. Cecília não parecia estar muito contente com a minha futura chegada, hoje eu penso como ela está, se pensa em mim, no meu pai...
            Nove meses se passaram, em 10 de Agosto eu estava sendo colocado nas mãos de minha mãe, que só vira quando bebê. Leonardo estava lá, dando apoio à Cecília. Depois de eu sair da maternidade, fomos morar em Tsu, onde meu pai estudava.
            Minha mãe ainda não aparentava estar feliz, não que eu lembre, mas eu sempre pedia para Leonardo contar a expressão de minha mãe quando me pegava no colo, talvez para tentar ser forte.
            Em setembro minha mãe disse que ia fazer compras em um mercado bem perto da nossa casa, depois daquele dia ela nunca mais voltou, nem se quer mandou uma carta perguntando como eu estava.
            Agora era só eu e meu pai, é agora que minha história começa.
            Completei dez anos e meu pai disse que eu conheceria o Brasil, que íamos morar lá, me dizia como o país era belo, como as pessoas eram alegres.
             Eu não lembro muito bem dos três primeiros anos depois que viajamos, só me recordo bem de uma menina linda que conheci, a Fernanda, tinha a minha idade, tinha os cabelos louros, os olhos claros e a voz ah... aquela voz me encantava.
            Quando completei quatorze anos meu pai apresentou a mulher que eu chamaria de madrasta, agora eu entendo o porquê de “malandro”. Joyce, minha madrasta, era perfeitamente linda, parecia com a Fernanda.
            Os anos foram se passando, e eu aprendendo uma coisa nova a cada dia, tudo parecia indo tão bem até o dia que completei dezoito anos e chegou uma carta em casa dizendo que eu teria que me alistar no exército, enfim virar um cão de guarda. Só que esse não era o único problema. Paulo era o namorado de Fernanda, ele também completou dezoito anos e iria para o exército comigo, só que ele morre de raiva de mim por Fernanda conversar muito comigo, algumas vezes até esquece dele, imagina quando ele souber que é dela quem eu gosto... Ele pode me matar com apenas um golpe de barriga bem concentrado, ele parecia um caminhão de gigante!
            Ei você leitor, vou pular a parte do exército ok? Não quero demonstrar toda a minha ingenuidade, sofri tanto naquele exército... principalmente na mão do Paulo.
            E eu não estou com bom pressentimento, acho que sou amaldiçoado por morar em cidades pequenas, porque olhem só a minha situação: aqui onde eu moro o “xerife” manda e desmanda em tudo a hora que bem entender, e adivinhem quem tornou-se xerife? Se você disse Paulo, parabéns, para minha infelicidade você acertou!
            Já faz um ano que aquele safado assumiu o cargo e eu já fui preso duas vezes! Uma porque ele ficou com ciúmes de Fernanda e a outra por eu ter jantando com Chiquinha, a irmã do xerifezinho.
            Não agüento mais morar aqui, se eu tocar no cachorro fedorento dele eu vou preso também, tenho certeza! É todo dia xilindró, as duas ultimas vezes eu consegui escapar porque convenci o cara das chaves da delegacia.
            Chiquinha começou a perceber que o irmão estava abusando do poder, conversou com ele, com a mãe, pai, avô, tia, cachorro todos que pudessem parar Paulo. E eu acho que deu certo, já fazem alguns anos que eu não fui preso por sair de casa, ou conversar com Fernanda, entre outros motivos.
            E ah, eu estava com tanta raiva que até esqueci de contar, eu estava namorando com Chiquinha, ela era bonita, extrovertida, mas não era a Fernanda...
            Todos os dias que eu era preso eu ficava  pensando naqueles cabelos louros, na voz encantadora, era difícil tirar Fernanda da cabeça, mesmo namorando com Chiquinha, eu me sentia culpado por isso... A irmã de Paulo realmente gostava de mim.
            Eu sabia que seria preso por isso, sabia que sofreria com a ira de Paulo mais tarde, mas eu não podia mais segurar, conversei com Fernanda sobre meus sentimentos lembro que na época eu tinha exatamente a idade do meu pai quando ele conheceu Cecília, 22 e Fernanda tinha a idade da minha mãe ,23. Pensei se era um indício de que tudo entre eu Fernanda daria errado igual meu minha e Cecília... Mas para minha surpresa não, Fernanda me beijou, tudo parecia diferente agora, parecia que o tempo tinha parado, e para o clima ficar ainda melhor eu ouvi alguém me chamando:
            –Sargento!
            Era Paulo, o delegado da cidade, eu acabei sendo preso de novo, mas dessa vez valeu a pena, eu agora estava namorando com quem sempre quis, a Fernanda, e aquele emprego de sargento eu já podia largar, só o mantinha para ser o “cara das chaves”. Ai, ai... aquele delegado era um tolo mesmo.

            Vou terminar este livro por aqui, quem sabe quando tiver com meus 60 anos não escrevo como estão as coisas? O que aconteceu com o delegado tolo. E repetindo, este livro é uma dedicatória a meu pai querido, e minha mulher a Fernanda.




Este é um conto criado por Guilherme Kazuo da costa, baseado em um sargento de milícia mais calmo, não tão malandro, mas cativante.

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