ESCOLA CANTINHO BRASILEIRO
Discurso Direto – Discurso Indireto –
Discurso Indireto livre
Discurso
Direto
O discurso direto no plano expressivo,
emite força na narração, pois constitui
sua capacidade de atualizar cada fala, emitindo assim, vida ao personagem,
ganham naturalidade e vivacidade, enriquecidas por elementos linguísticos tais como: exclamações,
interrogações, interjeições, vocativos e
imperativos, que costumam impregnar
de emotividade a expressão oral.
Apresenta-se alguns verbos declarativos
ou verbos de elocução que indicam
quem esta emitindo a mensagem: acrescentar, afirmar, concordar, consentir,
contestar, continuar, declarar, determinar, dizer, esclarecer, exclamar,
explicar, gritar, indagar, insistir, interrogar, interromper, intervir, mandar,
ordenar, pedir, perguntar, prosseguir, protestar, reclamar, repetir, replicar,
responder, retrucar, solicitar . Note que esses verbos caracterizam até estados
interiores, ou situações emocionais das personagens, como por exemplo, os verbos
protestar, gritar, ordenar, e outros. Esse efeito pode ser também obtido com o
uso de adjetivos ou advérbios aliados aos verbos de elocução: falou calmamente,
gritou histérica, respondeu irritada, explicou docemente.
A personagem fala diretamente, geralmente é
introduzido pelo sinal de travessão (-) ou vem entre aspas(“”), Há autores, no
entanto, que preferem em vez do travessão colocam entre aspas as falas das
personagens.
“Quando lhe
entreguei a folha de hera com formato de coração (um coração de nervuras
trementes se abrindo em leque até as bordas verde-azuladas), ela beijou a folha
e levou-a ao peito. Espetou-a na malha do suéter: “Esta vai ser guardada aqui”.
Mas não me olhou nem mesmo quando eu saí tropeçando no cesto.” (Lígia Fagundes Teles. “Herbarium” in os
melhores contos)
Na passagem do romance de
Graciliano Ramos, “Vidas Secas”, ficamos sabendo do sofrimento e da rudeza de
Fabiano, o protagonista, através da forma como ele se dirige ao filho.
“ Os juazeiros
aproximaram-se, recuaram, sumiram-se. O menino mais velho pôs-se a chorar,
sentou-se no chão.
-Anda,
condenado do diabo, gritou-lhe o pai.”
Exemplos
de Discurso direto
ü Presente
O eletricista, irritado, comentou:
- agora é o interruptor que não funciona!
ü Futuro do
presente
Pedrinho gritou:
- Só sairei do meu quarto amanhã.
ü Pretérito
perfeito
Já esperei demais, retrucou com indignação.
ü Imperativo
Olhou-a e disse secamente:
-Deixe-me em paz.
ü Primeira ou
segunda pessoa
ü Yasmim disse:
- Não quero
sair com Guilherme hoje.
ü Demonstrativo este ou esse
Retirou o livro
da estante e acrescentou:
-Este é
o melhor.
ü Vocativo
Você quer café,
John? perguntou a prima.
ü Forma
interrogativa ou imperativa
Abriu o estojo,
contou os lápis e depois
Perguntou
ansiosa:
-E o amarelo?
ü Advérbios de
lugar e de tempo
Aqui, daqui, agora, hoje, ontem, amanhã.
ü Pronomes
demonstrativos e possessivos
Essa(s), esta(s), esse(s), este(s), isso, isto, meu , minha, teu, tua,
nosso, nossa.
No discurso
direto o narrador, reproduz textualmente a fala da personagem.
Discurso
indireto
No
discurso indireto, o narrador exprime indiretamente a fala da personagem. O
narrador funciona como testemunha auditiva e passa para o leitor o que ouviu da
personagem. Nessa transcrição, é
imprescindível a presença dos verbos declarativos (dizer,
responder, retrucar, replicar, perguntar, pedir, exclamar, contestar,
concordar, ordenar, gritar, indagar, declarar, afirmar, mandar, etc.) seguidos
dos conectivos que (afirmativo) ou se ( interrogativo), para introduzirem
a fala da personagem na voz do narrador.
No discurso indireto o narrador conta o que a
personagem fala.
Obs: Os
sinais de pontuação (aspas, travessões, dois-pontos) e outros recursos como
grifo ou itálico, presentes no discurso direto, não aparecem no discurso
indireto, a não ser que se queira insistir na autenticidade do enunciado.
A mesma passagem de Graciliano Ramos em
“Vidas Secas”, no discurso indireto, o narrador “conta” o que a
personagem disse. Conhecemos suas palavras indiretamente. A passagem mencionada
acima ficaria assim:
O pai gritou-lhe que andasse, chamando-o de
condenado do diabo.
Exemplos
de Discurso Indireto
ü Pretérito imperfeito
O eletricista,
irritado, comentou que naquele momento (ou instante) era o
interruptor que não funcionava.
ü Futuro do pretérito
Pedrinho gritou que só
sairia do seu quarto (ou do quarto dele) no dia
seguinte.
ü Pretérito mais-que-perfeito
Retrucou com
indignação que já esperava (ou tinha esperado) demais.
ü Pretérito imperfeito do subjuntivo
Olhou-a e disse
secamente que ela o deixasse em paz.
ü Terceira pessoa
Yasmim disse que não queria sair com Guilherme
naquele dia.
ü Demonstrativo aquele
Retirou o livro da
estante e acrescentou que aquele era o melhor.
ü Objeto indireto na oração principal
A prima perguntou a John
se ele queria café.
ü Forma declarativa
Abriu o estojo, contou
os lápis e depois perguntou ansiosa pelo amarelo.
ü Advérbios de lugar e de tempo
Lá, dali, de lá,
naquele momento, naquela ocasião, então, naquele dia, no dia anterior, na
véspera, no dia seguinte.
ü Pronomes demonstrativos e possessivos
Aquela(s), aquele(s),
aquilo, seu, sua (dele(s), dela(s)).
Discurso indireto livre
Resultante
da mistura dos discursos direto e indireto,são pontuações que marque a passagem
da fala do narrador para a fala da personagem, mas com transposições do tempo
do verbo (pretérito imperfeito), dos pronomes (primeira pessoa) e, como são
questionamentos da personagem, os trechos aparecem geralmente com ponto de
interrogação. O foco narrativo deve ser de terceira pessoa. Pois, o narrador passa do discurso indireto para o direto sem
usar o verbo declarativo ou travessão.A fala surge de repente, no meio da
narração, como se fossem palavras do narrador, Mas na verdade, são palavras do
personagem, que surgem como atrevidas, sem avisar.Em outras palavras, funde-se a terceira pessoa,
usada pelo escritor para narrar a história , e a primeira pessoa, com a
personagem onde exprime seus
pensamentos, já que este tipo de discurso pode revelar o fluxo do pensamento da
personagem (as idéias, os sentimentos, as reflexões).
Exemplos
de discurso indireto livre
Carolina já não sabia
o que fazer .Estava desesperada, com a fome encarrapitada. Que fome! Que faço? Mas parecia que uma luz existia...
A fala da personagem –
em negrito, para que você possa enxergá-la, não foi destacada. Cabe ao leitor
atento a sua identificação.
Exemplo do mesmo romance, de Graciliano
Ramos “Vidas Secas”, em outra passagem do romance ,o narrador utiliza o
discurso indireto livre para caracterizar a personagem de seu Tomé.
Seu Tomé da bolandeira falava bem, estragava os
olhos em cima de jornais e livros , mas não sabia mandar: pedia. Esquisitice de
um homem remediado ser cortês. Até o povo censurava aquelas maneira. Mas todos
obedeciam a ele. Ah! Quem disse que não
obedeciam?
Podemos observar que a
última reflexão não é do narrador, e sim da personagem, pensando sobre a
questão.
Prof Dr Master Reikiana Aldry Suzuki
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