B.5 – COMPROMETIMENTOS PSICOPEDAGÓGICOS
Os comprometimentos
psicopedagógicos têm como resultado um mau rendimento escolar acompanhado de um
desfavorável desempenho da criança na escola.
Normalmente, este
comprometimento esta ligado a falhas por inaptidão para a aprendizagem,
imaturidade, distúrbio psicomotor, dificuldades emocionais e conflitos ligados
a criança, a escola e a família.
Nossa experiência com crianças
pré-escolares mostra qual há maior freqüência desses distúrbios no último
período de jardim de infância (período preparatório) e em classes alfabetizadoras.
Citaremos relatos de pacientes
de nossa vivência:
ü
mau relacionamento da criança com a escola e/ou
professora;
ü
mau relacionamento da criança com seus amigos;
ü
mudanças constantes de escolas e residências que
levam a síndrome da migração;
ü
influências do bilingüismo;
ü
excesso e ma dosagem de atividades paralelas a
escola que traz para a criança manipulações por diversas pessoas e técnicas
diferentes (inglês, ballet, judô, natação, ginástica olímpica e etc...);
ü
choque por uma não integração escola/família;
ü
métodos inadequados para atender a
individualidade de cada criança;
ü
pouca importância ao processo criativo;
ü
excesso de preocupação em exercícios e cadernos
de prontidão que as vezes atendem mais as necessidades da família do que as da
própria criança;
ü
desvalorização das atividades criativas não
colaborando para a evolução do grafismo;
ü
métodos ultrapassados;
ü
repressões e castigos (embora amenizados, são
perceptíveis pela criança);
ü
discriminação e desinteresse pela criança lenta,
pela que não acompanha o grupo e pela introjetda;
ü
preferência individual pela criança mais meiga e
carinhosa;
ü
excesso de valorização para as crianças que se
desempenham melhor, deixando assim frustações nas demais;
ü
Conceitos, notas e gratificações escritas nos
trabalhos das crianças, (muito bem, excelente; parabéns);
ü
Conceitos, notas e observações até bem
intencionadas que trazem conflitos para as crianças (você precisa melhorar,
vamos estudar, etc...);
ü
Falta de material(que pode até significar
pobreza criativa do educador em não usar material de sucata) trazendo falta de
interesse na criança por sempre usar o mesmo material que passa a não
motiva-la;
ü
Distribuição inadequada de tarefas usando todas
as crianças em critério de rodízio, etc...
ü
Acrescento neste
item a discalculia que nada mas é do uma dificuldade na compreensão e
nos processos matemáticos, sendo que as causas podem ser pedagógicas,
capacidade intelectual limitada ou uma disfunção do sistema nervoso central. Os
distúrbios do raciocínio lógico podem ser encontrados em crianças que
apresentam incapacidade para:
Estabelecer
correspondência um a um, ou termo a termo;
Associar
símbolos auditivos e visuais, (faz contagem oral mas não identifica o número
visualmente);
Aprender a
contagem através dos números cardinais e ordinais;
Visualizar
conjunto de objetos dentro de um conjunto maior;
Compreender o
princípio de conservação de quantidade;
Compreender o
significado dos sinais das quatro operações (audição, subtração, multiplicação
e divisão);
Compreender os
princípios da medida;
Obedecer e
recordar os passos das operações;
Escolher os
princípios (somar, subtrair, multiplicar, dividir) para solucionar problemas.
(CND, Curitiba – Paraná, 2003)
Como
educadores, sabemos o quanto é difícil não falhar, mas tentaremos chegar sempre
o mais próximo do quase ideal, pensando sempre que promover crianças de turmas
e etapas sem que ela apresente uma prontidão para tal, só nos trará prejuízo,
pois é sempre mais fácil trabalhar as áreas prejudicadas, embora com um pequeno
atraso, do que para satisfazer a pais e até mesmo a escola, promove-las,
deixando lacunas que as prejudicarão no resto da sua escolaridade.
O bom senso, a observação, a avaliação e os critérios
adotados devem ser cuidadosamente vistos e revistos para que se diminua o número
de crianças na primeira série com etapas falhas que não foram bem trabalhadas
na época ideal.
Ressaltamos que com nossa experiência profissional
consideramos como fator essencial para uma boa aprendizagem que a criança
esteja bem com ela mesma e com o mundo que a rodeia.
D - ATRASO NA LINGUAGEM
Linguagem é o processo pelo qual
se desenvolve a cultura humana. O atraso
de linguagem na sua função expressiva
pode estar presente mediante transtornos em suas funções internas (simbolizações) eu/ou receptivas
(decodificações).
Constatamos atraso de
linguagem em crianças com retardo mental(PC) podendo estar afetadas as suas
três funções devido a um déficit intelectual, tornando-se muito difícil para
ela uma simbolização de acordo com a da sua cultura. Contudo, os atrasos de
linguagem que espomos neste capítulo são os atrasos por problemas maturacionais
ou psicológicos.
Através do
desenvolvimento da linguagem podemos observar a maturação e o processo de
simbolização da criança.
Quando houver um atraso mais fonético do que
lingüístico, podemos considerar um atraso simples da fala e quando houver um
atraso homogêneo de todas as funções da linguagem, tanto fonético quanto
lingüisticamente podemos considerar um atraso simples de linguagem.
O atraso simples da fala é decorrente de problemas
maturacionais e de simboliza simbolização.
Podemos considerar como um atraso simples de fala ou
de linguagem, quando a criança não atinge o estágio de comunicação verbal
relativo a sua idade cronológica.
Para efeito de orientação descrevemos a ontogenia da
linguagem, na fase pré-escolar:
1 – Fase
Pré-linguística
#Balbucio: São
as primeiras manifestações vocais consideradas como um ato reflexo, automático
e instintivo. Surge por volta dos três meses.
# Linguagem Gesticulatória
: São manifestações de exteriorização de alguns desejos através de gestos e
mímica facial. Surge por volta dos 6 mese.
2 – Fase
Compreensiva
#Vocalização: É
o estágio em que a criança emite sons sem articulação com gritos intencionais
ou experimentando a voz em fonemas vocálicos. Surge por volta dos 9 meses.
# Palavra
–frase: É o período monovocabular onde surgem as primeiras tentativas de
articular a voz e pronunciar as primeiras palavras para expressar seu
pensamento. Surge por volta dos 12 mese.
# Linguagem
Telegráfica: É um período de estilo telegráfico, pois a criança já fala algumas
palavras (inclusive nome de pessoas e objetos conhecidos) de forma substantiva,
formando orações rudimentares. Surge por volta dos 15 meses.
3 - Fase da Organização do Pensamento Concreto
# Linguagem
Designativa: É o estágio em que a criança refere-se a si mesma pelo próprio
nome, emprega a conjunção “e” e o progressivo “meu”, aprendendo a noção de que
cada coisa tem seu nome. Nesta etapa a palavra serve para traduzir necessidades
(fase do egocentrismo) e começam as perguntas insistentes. Surge aos 18 meses.
4 – Fase da
Interioriazação
# Linguagem
Oracional: Neste estágio podemos considerar o início da solicitação da criança
que já começa a usar orações mais complexas do ponto de vista gramatical (
substantivo, adjetivo, advérbio) embora de forma restrita a começa a usar o
pronome eu referindo-se a si mesma. Surge por volta dos 3 anos.
# Linguagem
Melonatica:Nesta etapa a criança
descobre o futuro e intensificam-se as perguntas. O vocabulário esta por volta de 500 palavras e já integrou
a terceira pessoa do verbo, utilizando também o possessivo “seu”. Surge aos 4
anos e vai até os 5 anos,quando as percepções já estão integradas, apresentando
um enriquecimento progressivo do vocabulário com maior facilidade de abstração.
Aos 6 anos, o pensamento não se dá mais por analogias, tornando-se lógico e concreto.
A respeito das causas dos atrasos
simples de linguagem, devemos considerar as condições sócio-culturais, as
alterações das funções intelectivas, a baixa estimulação externa para seu
desenvolvimento psicolingüístico, problemas emocionais decorrentes do
relacionamento familiar, bilinguistico e imaturidade neurológica. Quanto aos
atrasos simples da fala, encontramos as hipoacusias , baixa estimulação externa
para o seu desenvolvimento psicolingüístico, problemas emocionais decorrentes
do relacionamento familiar, bilingüismo e imaturidade neurológica .
C.1 – ATRASO
SEVERO DE LINGUAGEM
É um distúrbio emocional resultando
numa desordem da organização do “eu” e da relação da criança com o mundo que a
cerca.
Encontramos alterações de linguagem
como destruição, redução, e neoformação.
A destruição significa perda da
ordem, da organização e do funcionamento da linguagem. Verificamos o
desaparecimento da estruturação presa ao diálogo que se desintegra e desaparece
em formas mais complexas até mesmo gramaticais. A função é vista como se
desaparecesse as noções que foram adquiridas por últimos na evolução da criança,
portanto, perde-se e desaparece a função
simbólica, chegando a casos de total desaparecimento(funcional) da linguagem,
ficando a criança a nível de emissão de uma série de sons sem conteúdo
semântico a que chamamos de linguagem de linguagem motora.
Quando o paciente encontra-se neste
nível, apresenta uma ecolalia que
representa seu nível de destruição. A ecolalia é para ele o que ele ouve dos
outros e as vezes o que até acaba de ouvir minutos antes, podendo também apresentar
repetição de sons ouvidos em outras situações que se repetem automaticamente. A ausência da identificação
pessoal é a troca da primeira pela
terceira pessoa, é a desordem da organização do seu Eu, referindo-se a sim
próprio como “ele” e não como “eu”.
A redução e a expressão do vazio, da
desagregação do paciente. A linguagem se reduz e os períodos são substituídos
por frases isoladas, chegando até a palavra frase. Chama-se de linguagem
telegráfica . Esta redução poderá evoluir até o mutismo total.
A neoformação e neologismo de início
lingüístico que muitas vezes pode redundar em uma nova linguagem, aparecendo as
vezes total recusa do paciente em se expressar convencionalmente. Normalmente
esses distúrbios podem vir acompanhados de alterações do timbre e da
intensidade da voz que estão relacionadas
com o processo de atraso severo de fala
que tem origem central, não tendo nada a ver com os órgãos da
articulação.
As causas da fragilidade das
estruturas dessas crianças ainda são
discutíveis, pensa-se em cargas genéticas que passam de geração e que dentro da
relação familiar e necessário se eleger alguém que é a mãe e, por acaso,
pensa-se e suspeita-se de hereditariedade, fatores bioquímicos, fatores
emocionais graves, papel da mãe desde a fase que foi gerada até o desmame.
As características ainda não estão
definidas, citaremos algumas:
- Crianças que
não organizam seu pensamento e apresentam total desinteresse diante de um
brinquedo ou trocam de brinquedos sem estilo e muitas vezes são agressivas com
esses brinquedos podendo até destruí-los.
Observamos que a medida em que o pensamento começa a se organizar as
brincadeiras e os brinquedos também o fazem, fazendo com que essas crianças
brinquem por todo tempo indefinidas, mostrando-se totalmente desligadas do
ambiente e os que as rodeiam.
-
- Irritabilidade quando tentamos desliga-las de sua
brincadeira podendo chegar a uma hiperatividade de insistirmos.
- Apresentam um
prejuízo no grafismo, negando-se as vezes a desenhar quando solicitadas,
apresentando-se quase sempre na fase da rabiscação e/ou com desenhos estranhos.
- A linguagem
apresenta-se bastante prejudicada preferindo sempre o uso do ele através de
molongos simples.
- As crianças as
vezes ainda não iniciaram nada, ainda não começaram.
- Atitude da
ansiedade, mostrando-se quase sempre assustadas.
- Não
compreensão da ansiedade, mostrando-se quase sempre assustadas.
- Não
compreensão intencional de comunicações verbais, mesmo que se use gestos ou
sinais.
- As vezes observa-se nenhuma tentativa de imitação
gráfica.
- Fixação a
figura materna nem sempre demostrada.
- Ritmo de
procura sem encontro principalmente no que diz respeito aos brinquedos.
- Pegam-nos e
largam-nos, podendo até nem se interessar em pega-los.
- Há uma grande
dificuldade de relacionamento, principalmente, quando é com mais de dois.
- Pouca
receptividade da mãe com o filho.
De nosso
trabalho, podemos dizer que a terapia fonoaudiológica deve ser complementada com a atuação de uma
equipe multiprofissional, que será incorporada a criança lentamente.
- Observamos que
a criança com severo atraso de linguagem luta para se manter isolada, parecendo
não querer se comunicar. Cabe-nos persistência, tranqüilidade e paciência para
trata-la.
Em alerta a
educadora, lembramos que estas crianças são muito sensíveis a pessoas “novas e
estranhas” e principalmente quando elas são tratadas por uma “equipe”.
Aconselhamos que mudanças de
terapeutas devem sob qualquer hipótese
ser evitadas pois elas reagem a modificações que logo observamos pela mudança
de seu comportamento. Levando até a casos de regressão terapeutica. Nossa
experiência tem mostrado êxitos na terapia fonoaudilogica que não tem por
finalidade específica fazer com que a criança fale. É importante para nos um
desenvolvimento mais amplo de sua fase oral que sempre se apresenta carente.
Nos preocupamos com seu desenvolvimento
psicomotor, com sua criatividade e com especificamente a sua linguagem seja ela
de que forma for. Na estimulação dessa linguagem expressiva, assim como de todas
as áreas em que a criança e carente, é utilizada terapia de forma lúdica,
usamos música e um instrumento como direção desta.
Finalizamos dizendo que em nossa
experiência altamente positiva com
pacientes portadores de severo atraso na fala, a família é de real importância,
principalmente a mãe, que tem de ser trabalhada paralelamente para aceitar e
ajudar seu filho.
Nossa conduta terapêutica e de que a
criança seja mantida em escola de crianças normais(principalmente os
pré-escolares) e que o elo escola,
terapeutas, família seja uma constante.
A terapia que empregamos não é
programada e sim conduzida conforme o estado emocional e sua disponibilidade
naquele momento e contato terapêutico.
Reintegra-lo, dar fala ao seu “eu”
consiste o básico para nos neste distúrbio tão grave.
D- AFASIA
É um termo que não é coerente com o
distúrbio que representa porque tem todo afásico apresenta ausência de fala,
mas sim transtornos de linguagem interferindo na fala (disfasia), podendo
chegar até ausência de fala (afasia).
”Entretanto
afasia está associada à pertubação da linguagem decorrente de distúrbios no
funcionamento cerebral. Caracteriza-se por falhas na compreensão e na expressão verbal.
Podemos observar
a afasia em uma criança que:
o Ouve
a palavra mas não consegue interioriza-la com significado;
o Apresenta
gestos inadequados e deficientes;
o Demora
em compreender o que lhe é solicitado;
o Confunde
frases ou palavras com outras similares;
o Apresenta
dificuldade de evocação, exteriorizada por ausência de respostas ou tentativa
incompleta para achar a expressão ou emissão que a substituem.” (CND, Curitiba-
Paraná, 2003)
Algumas vezes, a
dificuldade de evocação manifesta-se com substituições do tipo descritivo, como
coisa de comer em lugar de colher,
em outras, é parafrásica : garfo em lugar de colher.
Nos casos mais graves de afasia, a
recepção oral está sempre prejudicada, ou seja:
a criança é incapaz de compreender o que ouve.
Quanto a inteligência, as crianças
afásicas não apresentam deficiência em
testes não-verbais.
O aluno que manifesta características
afásicas deve ser encaminhado ao foniatra, que se encarregará da terapia,
fazendo a correção de seu gesto, criando um significado e iniciando a
linguagem.(Distúrbios da fala. Fiu- Pereira Barreto)
Mas, para não criarmos grandes controvérsias, momentaneamente
consideramos o termo afasia, levando em conta que esta nossa abordagem será em
crianças fisiopatologicamente diferentes de uma afasia em adultos, visto a
ilogicidade em comparar a integração e a organização funcional do encéfalo são
adulto com o da criança pequena.
Geralmente, a designação de afasia
infantil é um rótulo sintomático diagnosticado pelo fonoaudiologo para
caracterizar os distúrbios de linguagem de origem neurológica , excluídas as
alterações sensoriais, intelectuais ou psíquicas que possam se apresentar por
ausência de linguagem.
A nossa classificação das afasias
infantis foi baseada em ORLANDO SCHRAGER:
Afasia Sensorial
Infantil
1)
afasoidismo – caracterizado por uma perturbação
compreensivo-expressiva.
2)
Surdez troncular integrativa – caracterizada por uma
pertubação severa devido a falta de conexão entre os diferentes níveis do SNC
para a formação verbal e proprioceptivo-cinestésica.
3)
Agnosia auditiva – caracterizada por uma pertubação
severa onde os sons puros não adquirem significado.
Afasia mista
infantil
1)
síndrome cortico-sub-corticais caracterizada por um
transtorno misto de compreensão e expressão, de grau variável.
Afasia Motora
Infantil
1)
Apractognosia infantil – caracterizada por atraso na
aquisição da fala, com falhas do esquecimento corporal, proprioceptividade,
percepção e potencialidade corporal, com nível de compreensão relativamente
bom.
2)
Desorganização proprioceptiva – vestibular
caracterizada por apraxia, dispraxia para a linguagem falada por não
estruturação do esquema corporal a alterações posturais, do equilíbrio do
tronco muscular que impedem o desenvolvimento da potencialidade corporal e
conseqüentemente, o aprendizado.
Levando em conta que o diagnóstico diferencial da afasia deve ser feito
por uma equipe médica e terapêutica, descrevemos aspectos genéricos que são
observados em crianças afásicas e que servem de orientação para pais e
educadores, em geral:
·
dificuldade em comunicar-se;
·
isolamento;
·
audição variável;
·
difícil reconhecimento de sua imagem corporal;
·
dominância lateral não definida;
·
falhas no desenho do corpo humano;
·
falhas de percepção visual;
·
falhas de atenção e memorial;
·
a
inteligência pode estar próxima do normal, dependendo da lesão;
·
linguagem
interior pobre e mal integrada;
·
compreensão pobre e nula;
·
expressão pobre ou nula.
Atualmente, usamos o
atendimento precoce a criança que não consegue seguir as etapas de linguagem,
com orientações a família que será a
nossa grande colaboradora para o processo de estimulação nas A . V. D.,
contribuindo assim para um desenvolvimento mais rápido da criança.
Convém esclarecer que
independentemente dos processos citados, existem patologias neurológicas e
neurocirúrgicas bem definidas, tais como: hemorragias cerebrais, isquemias e
tumores que podem levar, conseqüentemente a uma afasia adquirida que após o
tratamento neurológico será encaminhada a equipe terapêutica para a reabilitação. Lembramos também, de que
a afasia adquirida na criança difere da do adulto, na sua reabilitação,em
virtude da própria estrutura cerebral ainda estar num processo de
amadurecimento, ao passo que no adulto, o seu sistema nervoso já esta
estruturado.
Finalizando, é importante
diagnosticar o mais precocemente possível a afasia infantil porque o atraso em
seu tratamento adia as possibilidades de melhorar o completo sistema de
inter-comunicação para associar a linguagem com as experiências vividas.
E – DEFICIÊNCIA AUDITIVA
O desenvolvimento da função
auditiva é todo um processo que o individuo passa desde o momento em que nasce
até a habilidade plena de ouvir reconhecer e interpretar os sons através do que
ouve.
- Classificação dos distúrbios
auditivos:
# hipoacusia leve – è a diminuição da audição ou seja a incapacidade de
ouvir a voz normal além de uma distância de 3 metros.
# hipoacusia moderna – é a dificuldade de ouvir conversa normal a pequena
distância ou seja 1 metro.
# hipoacusia grave – o paciente não pode ouvir conversação a não ser em
voz alta ou com o uso de próteses.
- Causas:
- Podem ser adquiridas (otites comuns na infância,
tampões ceruminosos, etc...) e podem ser congênitas ou
hereditarias-microtia e melotia (atresia do meato acústico externo)
membrana do tímpano rudimentar ou ausente, etc. Na hipoacusia grave a
rebeola e a principal causa adquirida
pela mãe no terceiro mês de gestação, e a sífilis.
-
Quanto a localização do fator etiológico:
Disacusia de transmissão ou condução:
# Características – lesões situadas no
aparelho transmissor da onda sonora, que é formada pelo ouvido externo e ouvido médio.
# Causas – ouvido
externo – tampão ceruminoso, otite externa, corpo estranho, traumatismo, etc...
ouvido médio – modificações
na membrana do tímpano:
- otoesclerore;
- retração;
- espessamento;
- processo inflamatórios do ouvido médio;
- traumatismo, etc.
Disacusia de
Percepção ou Neuro-sensorial:
Características
– o elemento lesivo se localiza no órgão de corti e/ou num nervo acústico ou
nas vias auditivas centrais, da cóclea e retrococlea (tronco cerebral e lobo
temporal).
Causas – ouvido
interno – problemas vasculares, problemas traumáticos, processo inflamatórios e
infeccionsos, trauma acústico, alguns medicamentos específicos.
Disacusia Mista:
Características
– comprometimento simultâneo da patologia
que lesa o ouvido externo, o médio e o interno, na transmissão e
percepção. Como exemplo podemos citar os casos de otoesclerose em estados
avançados, otites crônicas e etc...
-
Problemas audiológicos na criança e os distúrbios de
linguagem.
Um estudo médico e terapêutico complexo e essencial para o início do trabalho
com o deficiente auditivo.
Esperamos desse resultado condutas para analisar a
linguagem da criança, sua capacidade mental, seu estado psicológico(estudo do
seu comportamento e seu desenvolvimento afetivo) e uma posição psicosocial.
A nível fonoaudilógico observamos uma linguagem muito rudimentar às vezes
inexistente, presença da linguagem mínima gestual aonde vamos através de
atividades lúdicas(jogos e etc...) observar possibilidade de comunicação da
criança.
Partindo do princípio de que existe linguagem
propriamente dita, trabalharemos a evolução de seu nível de expressão verbal,
de elementos da palavra, onde encontraremos na articulação, na voz, etc...
E importante avaliar e comparar a compreensão e a
realização do ato da linguagem expressiva como nível auditivo mental e
emocional que se encontra na criança. Assim podemos julgar a linguagem e como
ela mesma pode e deve estar atuando e servindo de meio de comunicação para a
criança.
E importante citar que após a avaliação
fonoaudiológica, deve-se encaminhar o paciente para um otorrino que avaliará a
criança visando um estudo de audição através de um registro que graficamente
nos fornece as perdas auditiva. Esse registro gráfico chama-se audiograma, que
de acordo com as respostas aos sons
puros de diversas freqüências nos da uma resposta aos sons e uma medida
objetiva da função auditiva. Esse exame tem a denominação de audiometria.
A equipe que avaliou e reeducará a criança, deverá
orientar o otorrino a prescrever o uso
de prótese auditiva que e primordialmente médica, já que caberá a este
diagnosticar a patologia auditiva do paciente e ver se há ou não indicação.
A difícil tarefa do otorrrino é a seleção do aparelho
adequado para cada criança. Sabemos que
em princípio e em alguns casos a prótese poderá ser uma alternativa no
tratamento e o paciente em alguns casos poderá escolher entre uma cirurgia ou
uma prótese. Em outras situações a prótese poderá ser complementar a cirurgia.
Citar os casos de pacientes que precisam de prótese, é
para a equipe muito difícil, pois sentimos que a prótese auditiva esta ligada
ao meio sócio-cultural do paciente.
A utilização de prótese otofonicas nas crianças cria
as vezes problemas especiais. Atualmente adaptamos a prótese o mais cedo
possível. Alguns médicos aconselham sua utilização aos 18 meses de idade. Nos
particularmente aconselhamos o médico a medir a idade mental da criança para
que sua adaptação seja ideal e não tão precoce, a nível de haver rejeição ou
inadequação. Sentimo-nos responsáveis pela criança, pois ela necessita ser ouvida e entendida para que se
estruture para a expressão.
Aconselhamentos de atividades especificas que
facilitarão o desenvolvimento da criança com problemas auditivos (consciência
auditiva, científicação auditiva, discriminação auditiva, seguência auditiva,
memória e ritmo “percepção auditiva”, rimas e brincadeiras auditivas).
Pensamos sempre que nunca precisaremos ensinar a
criança os “sons do mundo”, e sim fazer com o decorrer do tempo que ela vá
adquirindo sua linguagem dentro de suas limitações e de nossos conhecimentos
para ajuda-la.
Lembramos ainda que o ouvido humano é composto de
mecanismo de defesa para os sons produzidos pela natureza. Logo, não estamos
capacitados auditivamente para agüentar os sons que o homem vem produzindo
crescentemente sem limites que acabam trazendo danos severos e até
irreversíveis para a audição.
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