II.3 – DISTÚRBIOS DA LINGUAGEM
Preocupação é o termo exato para definir nossa postura
quando apresentamos ou discutimos a temática dos distúrbios da linguagem,
principalmente porque os estudos realizados nesse campo são enfocados quase
sempre de uma maneira unilateral, do ponto de vista médico, pedagógico ou
psicológico, sendo poucos aqueles que se aventuram a integrar enfoques a fim de
permitir uma posição mais clara perante os quadros enfocados.
A leitura existente sobre distúrbios
da linguagem é, sem duvida, riquíssima sob o ponto de vista em que cada autor
se apóia. Muito se tem estudado a respeito e, com eficiência, mas o que nos
leva a questionar é justamente a
objetividade no plano concreto, de como bem caracterizar os distúrbios de
linguagem, tais como: afasia, dislexia, mutismo, etc... , sem que haja uma
necessidade de rotular as crianças com alguns sintomas desse quadro,
levando-as, assim, a persistirem no quadro por reforço externo da sua
incapacidade ou por tratamentos parciais e/ou inadequados.
Conseqüentemente, tornou-se muito
difícil definir, classificar e apresentar esses distúrbios de forma
superficial, pois seria necessária uma análise muito mais profunda que só
caberá, em efeito, num livro ou em palestras específicas para determinadas
patologias, onde poderemos nos situar, claramente, de qual é nossa postura
mediante tanta parafenalia de rótulos, teorias, métodos, etc... , que nos
agridem profundamente como terapeutas e, as vezes chegam a nos confundir como
cientistas dos distúrbios da comunicação.
Quando citamos a literatura
existente e excluímos o fonoaudiólogo é porque não conhecemos nenhum trabalho
editado em nossa área que não estivesse profundamente embasado em medicina,
pedagogia ou psicologia fugindo sempre de uma visão fonoaudilogica mais
concreta.
É exatamente por isto que nosso
método terapêutico é estruturado a partir de um estudo global e profundo de
cada caso, tendo como base o potencial e o resultado positivo de alguns métodos
adotados; portanto, seguimos uma linha experimental calçada em constantes
observações de cada criança e de trocas com profissionais de todas as áreas que
englobam a criança como um todo.
A – PRÉ-DISLEXIA
É um distúrbio da linguagem que normalmente se apresenta
quando não há prontidão para a alfabetização em nível suficiente sob
determinados aspectos para que se inicie o processo da função simbólica, que é
a leitura e a sua transposição gráfica, que é a escrita.
O processo de aprendizagem, em
geral, depende de uma complexa integração dos processos neurológicos,
sócio-cultural e harmoniosa evolução das funções motoras e intelectivas.
Do ponto de vista fonoaudiologico é
fundamental que a criança saiba pronunciar corretamente todos os fonemas, antes
de ser iniciada a alfabetização, pois a criança fará uma transposição gráfica
que transcendera as suas limitações, chegando, em algumas vezes, a transpor
graficamente a sua fala que poderá não estar correta.
Verificar-se-á então substituições,
omissões e acréscimos de fonemas na escrita. Logo, é necessário deixar bem
claro que uma dislalia pode levar a uma pré-dislexia e até a uma disortografia.
Através das áreas intelectivas e
motoras, o educador poderá observar se a criança apresenta um desempenho
compatível com o desenvolvimento do grupo em que se encontra.
As áreas intelectivas e motoras
estão integradas ao mecanismo de recepção, elaboração e expressão, logo
qualquer falha nas áreas relacionadas nos mostrará “ uma não prontidão para a
alfabetização”.
- Imagem, controle e conceito corporal;
- Orientação
espacial e temporal;
- Percepção visual, auditiva e tátil;
- Compreensão e raciocínio;
- Associação de idéias;
- Memória.
Qualquer falha no processo integrativo ou falta de condições de
treinamento necessário, provocarão desarmonias ou poderão resultar em
dificuldades maiores e/ou menores proporções no contexto geral do aprendizado
da leitura e da escrita.
B-DISLEXIA
Dislexia é uma síndrome caracterizada por um severo
distúrbio de aprendizagem que atua diretamente na escrita e na leitura
acompanhada, ocasionalmente de distúrbios psicomotores, intelectivos, emocionais,
que levam a criança a um baixo rendimento escolar. Tais comprometimentos
geralmente ocorrem por conta de uma disfunção cerebral mínima.
“Dislexia é uma dificuldade da leitura e,
conseqüentemente, na escrita, ou seja, a criança não identifica símbolos gráficos
(letras e/ou números), o que acarreta fracasso em áreas que dependam da leitura
e da escrita. Apesar de não ler é uma criança bastante inteligente”.
Normalmente a criança
dislexia é considerada desatenta e preguiçosa, trazendo conseqüências graves no
nível emocional. Necessitam de auxílio especializado e principalmente da ajuda
do professor.
Podemos reconhecer se
as dificuldades são devidas à dislexia, respondendo-se as perguntas que se
seguem:
SE A CRIANÇA TEM CERCA DE OITO ANOS E MEIO:
o
Ela ainda tem dificuldades de leitura?
o
Ela ainda apresenta dificuldades para
soletrar?
o
Isso nos surpreende?
o
Temos a impressão de que em atividades
não relacionadas com leitura e soletração ela é uma criança esperta e
inteligente?
o
Inverte “B” no lugar de “D”?
o
Necessita usar blocos ou dedos para
fazer cálculos?
o
Apresenta dificuldade incomum em lembrar
a tabuada?
o
Demora em responder o que lhe é
solicitado?
o
Confunde direita e esquerda?
o
É desajeitada?
o
Tem dificuldade em pegar ou chutar bola?
o
Apresenta dificuldade em atar os
sapatos, fazer nó, vestir-se ou trocar a roupa?
SE
A CRIANÇA TIVER 8 A 12 ANOS:
o
Ainda comete erros negligentes na
leitura?
o
Ainda comete erros esquisitos na
soletração?
o
Omite algumas letras nas palavras?
o
Não tem bom senso de direção,
confundindo às vezes direita com esquerda?
o
Ás vezes confunde “B” com “P”?
o
Ainda tem dificuldade na tabuada?
o
Utiliza os dedos das mãos, dos pés,
sinais no papel para fazer cálculos?
o
A compreensão de leitura é mais lenta do
que a esperada para sua faixa etária?
o
Leva mais tempo do que a média para
fazer trabalhos escritos?
o
O tempo de que necessita para fazer as
quatro operações, parecem mais lentas do que o esperado?
o
Demonstra insegurança e baixa apreciação
sobre si mesmo ? (CND, Curitiba- Paraná , 2003
Entretanto, deixando patente a nossa
preocupação e conduta em rotular uma criança de dislexia, pois o quadro é
bastante complexo e deve ser cuidadosamente analisado para que não seja
confundido com outros distúrbios de aprendizagem, que não apresentam em sua
sintomatologia tamanho grau de comprometimento.
Características da Dislexia
As características descritas estão
associadas a leitura e escrita, sem a obrigatória necessidade de estarem todas
presentes:
·
Disortografia;
·
Disgrafia (abordada em distúrbios psicomotores);
·
Leitura prejudicada;
·
Disfunção cerebral mínima;
·
Prejuízo na dominância lateral;
·
Comprometimento psicopedagógico.
Lembramos que o diagóstico de dislexia não devera ser feito apenas
através dos comprometimentos da leitura e da escrita. Esses sintomas associados
por dificuldades perceptuais e motoras e acompanhados de uma D.C.M. ,
permitirão a afirmação do quadro de dislexia.
B-DISORTOGRAFIA
É a dificuldade que o sujeito apresenta para transcrever
corretamente a linguagem oral, havendo
confusão de letras e trocas ortográficas. Exemplo:
- Confusão de letras com trocas auditivamente
semelhantes: f/v; p/b; ch/j;
- Confusão de sílabas com tonicidade
semelhante:falaram/falarão;
- Confusão de palavras com configurações semelhantes:
mapa/capa;
- Uso de palavras com um mesmo som para várias
letras: asa/aza; casar/cazar;
- Dificuldade em recordar a seqüência dos sons das
palavras, por exemplo: junções: doque / do que;
- fragmentações: es cola/escola; a contece/ acontece;
- inversões: prota/porta;
- adições: palalavra/palavra;
- omissões: tesora/tesoura; boeca/boneca.
Quando falamos
em disortografia devemos considerar o nível de escolaridade da criança e a
freqüência de seus erros. (CND, Curitiba- Paraná, 2003)
# Substituição
de letras, silabas ou palavras de sons semelhantes:
am X ão – foram X forão
pompo X pombo
Tedu X teto
Oche esta chovendo X hoje está
chovendo
# Omissão de
letras, silabas ou palavras:
plata X planta
meni X menina
vovo vê sacola X vove vê a sacola
# Inversão de
letras dentro de uma palavra:
pombo X bompo
pato X tapo
# Acréscimo de
letras, silabas ou palavras:
dorr X dor
cafefe X café
a menina toma o café café com pão
#
Inversão(espelhamento)
p X q
b X d
# Fragmentação
de palavras ( dissociação)
em bora X embora
a inda X ainda
# Confusão de
diversos tipos de letras ( cursiva misturada com impresa, script misturada com
impresa, etc...)
CABeça
MacacA
# Mistua de
letras maiúsculas com minúsculas, mostrando uma desorganização sem um sentido
ideal, podem ocorrer em palavras ou em frases:
banaNa
a casa de talita é Bonita.
# Agregação de
palavras:
japescou X já pescou
# Confusão entre
letras de formas vizinhas no alfabeto:
ch X x – chave X chave
r X r – caro X carro
lh X li – velia X velha
s X z - caza X casa
# Trocas entre
letras simétricas, ( de forma visual)
u X v
n X m
n X h
o X a
# Repetição de
palavras:
fui a praia praia ontem
# Troca e omissões na escrita dos dígrafos:
ceijo X queijo
As disortografia podem ocorrer
isoladamente formando um quadro específico ou como um dos componentes da
dislexia.
Logo, deve haver uma preocupação em
avaliar e diagnosticar o quadro isolado da disortografia, que tem prognóstico
favoráveis em seu tratamento.
Características das Disortografias
Dificuldades de discriminação visual
ocasionadas por problemas oftalmológicos tais como:
Ametropias
– (miopia, hipermetropia e astigmatismo) causando defeitos na leitura e na
escrita a ponto de serem observados na escola pela professora e em casa pela
família. Estes distúrbios são caracterizados pela necessidade que a criança tem
de copiar do colega do lado ao invés de faze-lo diretamente do quadro.Existem
trocas de letras simétricas, há um enorme desinteresse da criança em ler e
escrever, seus olhos podem lacrimejar e sentir-se até sonolenta.
Distúrbios de
Motilidade – É responsável pelo desinteresse e desatenção na leitura e escrita, levando a criança a omitir
letras, silabas, palavras e linhas ocasionando diplopias ( imagens duplas)
cefaléia e sonolência pelo cansaço dos músculos oculares externos que fazem o
movimento incessante de convergência e divergência.
Falhas na discriminação visual
ocasionadas por dificuldades de visualização tais como:
Posição no
espaço – Por uma estruturação da
imagem, do conceito ou do controle
corporal. Para a criança tudo esta distorcido, tem dificuldade de
perceber um objeto em relação ao observador, seus movimentos são desajeitados e
apresenta dificuldades nos conceitos: dentro/fora, acima/ abaixo, direita/
esquerda. É comum apresentar falhas no inicio da aprendizagem sistemática,
confundindo números, letras e frases.
Relação
especial – dificuldades do observador em perceber dois ou mais objetos em
relação a ele e aos outros; caracterizada na escrita e na leitura pela
deficiência em perceber corretamente a seqüência das letras em uma palavra, de
palavra numa frase, dificuldade em lembrar a seqüência dos processos envolvidos
em problemas matemáticos.
Coordenação
viso-motora – É a presença de um movimento das mãos ou do corpo em reposta
a um estímulo, em perfeita consonância e harmonia com o mesmo. A criança com
distúrbios nesta área apresenta dificuldades para recortar, colar e traçar
linhas com trajetórias determinadas, distração e atenção que ocasionam perda de
continuidade nas letras e suas
associações e dificuldades em ler da esquerda para a direita e controlar o
gesto para uma escrita legível e ordenada.
Constancia de
percepção – É a incapacidade de identificação de um objeto em situações
diferentes, independentemente do seu tamanho, forma, posição e cor, acarretando
uma dificuldade em identificar figuras iguais, dispostas na mesma posição ou
invertidas, identificar o tamanho real abstraindo a dimensão do desenho,
identificar determinadas cores em suas varias tonalidades, identificar número
ou palavras que já conhece ao encontra-los num texto diferente ( na cor, no
tamanho, e no estilo de expressão).
Figura –
fundo – É a dificuldade de destacar uma determinada figura isoladamente,
dentro de um conjunto sem que outros elementos intervenha, acarretando
dificuldades em manter a atenção em determinadas atividades, dificuldades de
localizar uma frase numa pagina, uma palavra no dicionário e resolver
exercícios quando escritos em páginas muito extensas.
Dificuldades na discriminação
auditiva, ocasionadas por:
Atenção
auditiva – É a associação imediata dos sons a sua fonte produtora.
Percepção
auditiva – É o sentimento do som exato com suas diferentes características
de freqüência e intensidade.
Memória
auditiva – É a habilidade de lembrar seqüências de sons, fonemas, palavras,
números e frases.
B.2- LEITURA PREJUDICADA
Leitura é um processo de
recodificação dos símbolos escritos eu são transformados e integrados em
idéias.
A criança pode apresentar falhas
neste processo, caracterizadas da seguinte forma:
Pronto Reconhecimento dos
significantes
-As falhas
apresentadas são as substituições de letras( por simetria visual, ou não), as
omissões de letras ou sílabas, as repetições de letras, fragmentação,
contaminação e inversão.
Fluência da Leitura
-Poderá estar
comprometida por omissões ou repetições de palavras, linhas ou parágrafos e por
inadequada pontuação. Como causas da fluência da leitura podemos considerar os
distúrbios psicomotores, falhas nas áreas cognitivas (visualização, atenção,
percepção e evocações de símbolos visuais e auditivos) e falhas no processo de
aquisição dos mecanismos básicos da leitura.
Leitura Silenciosa
-Um dos aspectos
significativos na avaliação da dislexia e observar que a criança apresenta
dificuldades em ler silenciosamente, usando recursos auxiliares, tais como os
movimentos lábias que poderão estar ou não acompanhados de sons, movimentos de
apoio com o dedo, lápis ou régua.
Leitura compreensiva
-Na área
pedagógica, a leitura compreensiva pode ser feita sob formas de leitura oral e
silenciosa.
O processo compreensivo esta a nível
literal do texto que domina o mecanismo da leitura em níveis literal do texto
que domina o mecanismo da leitura em níveis de significante, interpretação de
texto (compreensão em termo de significado), de forma a estar apto a colaborar
e responder ao que esta sendo proposto, sendo capaz de escrever ou verbalizar o que captou.
As crianças com essas dificuldades
apresentam incapacidade para reproduzir totalmente o que leram; em nível de
interpretação poderá ocorrer uma inabilidade de determinar a idéia principal.
As causas dessas dificuldades
relacionam-se com a estruturação temporo-espacial, comprometendo memorização, raciocínio, generalização e
imaginação. Em nível de linguagem há uma má estruturação na linguagem receptiva
e expressiva (significado).
B.3- DISFUNÇÃO CEREBRAL MÍNIMA
Ao nosso ver compete ao
neurologista normalmente tomar
conhecimento de uma forma ou de outra, das crianças com suspeita de D.C.M.. É
de sua competência o diagnóstico clínico desta síndrome.
É da responsabilidade de uma equipe
terapêutica levar a termo o tratamento da criança portadora de D.C.M.
Do ponto de vista médico, os
progressos sobre a D.C.M. são recentes. Suas causas ainda não estão aprovadas,
apesar de se considerar que o fator genético é relevante visto a freqüência com
que se verifica em uma família e segundo alguns autores neurolingüistas a
D.C.M. é o resultado de sinapses incompletas, interferindo assim nos processos
elétricos e motores que estariam relacionados com alterações metabólicas em
mediadores químicos neuronais.
As crianças portadoras de D.C.M.
terão prognósticos tanto favoráveis quanto mais cedo for detectada a disfunção.
A nossa experiência tem mostrado
que em quase todos os nossos pacientes
com comprometimentos fonoaudiologicos ligados a linguagem tem sido demonstrada
esta síndrome. Temos observado que quase todas as crianças que nos são
encaminhadas por escolas, psicólogos e médicos são portadoras de
sintomatologias que nos fazem suspeitar de D.C.M. :
o
Inteligência próxima da média, média ou superior
a média;
o
Defeitos de percepção, atenção, conceituação,
linguagem, memória, controle da atenção e dos impulsos ou da função motora;
o
Distúrbios de aprendizagem, os mais variados
possíveis, levando geralmente a um quadro de dislexia;
o
Incoordenação motora (dispraxias) podendo ser
considerada como fruto de imatura sinergia de músculos agonistas e antagonistas
participantes da motricidade voluntária;
o
Hiperatividade: a atividade motora na D.C.M. se
apresenta exageradamente intensa, tornando os pacientes incômodos e exaustivos
para seus circunstantes;
o
Hipoatividade: também pode estar presente em
certas crianças.Nossa experiência de trabalho nos mostra crianças paradas para
atividades diversas fazendo assim oscilações de hiperatividade e hipoatividade;
o
Sincinesias: são movimentos secundários
associados a um movimento qualquer realizado pelo corpo, embora possam ser
considerados fisiológicos traduzindo maturação cerebral até os 7 anos de idade,
que também podem ser encontradas na D.C.M.;
o
Distúrbios de comportamento e conduta de grau
leve ou severo: o compotamento do D.C.M. e trabalhado em relação ao
comportamento das pessoas que o rodeiam, transmitindo segurança ou insegurança
mediante a flexibilidade do seu quadro que pode apresentar flutuação de
sentimentos de insegurança, de ansiedade, inabilidade para prática de esportes,
mau rendimento escolar, exibicionismo, destruidade de brinquedos, mitomania,
podem ser negativistas ou então prepotentes, intolerantes a frustações e
irreverentes.
É importante realçar que existem
dois pólos de reações neste quadro:observam-se crianças dependentes, tristes,
retraídas, introvertidas, não agressivas e outras menos sensíveis e
desanimadas.
Levando em conta os problemas
citados, sugerimos que crianças
portadoras destes distúrbios ou semelhantes sejam sempre que possível
encaminhadas ao neurologistas que através do exame neurológico evolutivo
solicitara os exames complementares que julgue necessário e encaminhara a
criança para a equipe adequada evitando dessa forma que certas crianças fiquem
sendo tratadas inadequadamente.
Lembramos ainda a título de
esclarecimento que a I.M. normal ou
anormal assim com E.E.G. normal ou anormal não mostram isoladamente dados
significantes para detectação de um quadro de D.C.M.
Em síntese, achamos que toda criança
com suspeita de D.C.M. deve ser encaminhada ao neurologista, o que não
significa dizer que a mesma deva ser tratada. Descartar ou elucidar o
diagnóstico sim. Porém tratar só quando necessário. O neurologista, é claro,
usando o bom senso aliando a sua experiência pessoal Dara desfecho ao caso
juntamente com o grupo de tratamento integrado ao qual já nos referimos levando
em consideração sempre o bem-estar da criança.
B.4 – PREJUÍZOS
DA DOMINANCIA LATERAL
Muito se diz e é especulado a
respeito da importância de uma lateralidade definida, homolateral e não
contariada para um bom desenvolvimento motor e intelectivo.
Do ponto de vista, partimos da
premissa que lateralidade cruzada não é responsável por distúrbio qualquer de
aprendizagem.
Muitos fonoaudiólogos utilizam este
termo (cruzado) para definir a criança que apresenta lateralidade de pé, mão,
olho e ouvido, com dominância diferente.
No campo oftalmológico, somente é
valorizado o olho dominante como aquele que tem melhor visão e que nem sempre é
o mesmo a apresentar resposta ao hemisfério dominante.
A dominância visual para o
oftalmologista é importante somente nos casos de estrabismo, pois a dominância
se apresenta ora num olho, ora no outro (estrabismo alternantes), que ao exame
oftamológico de dominância visual associado ao grau de estrabismo determinará
os músculos que terão interveniência no ato cirúrgico.
Além disso, a lateralidade e
funcional e relativa. Não há destros absolutos nem sinistros totais e sempre há
uma lateralidade complementar que se coordena com a dominante.
Quanto às mãos, temos de considerar
que através de seus movimentos ativos, praticamente definimos o indivíduo de
destro ou sinistro.
Os pés, os olhos e ouvidos têm
ambos, na maioria das vezes, funções simétricas não lateralizadas.
Então, devemos considerar que para a
fonoaudiologia e de vital importância detectar, sem precipitação e indução, a
mão dominante da criança. Alguns problemas relacionados a não importância ao
que citamos levara a criança a distúrbios de esquemas corporal, orientação
espacial e temporal e das percepções, pois é baseada na sua preferência natural
que os esquemas foram adquiridos, integrados e interiorizados pela criança. É
importante citar que a avaliação e observação da criança sobre o posicionamento
de sua lateralidade só deve ser feita a partir de 4 anos de idade quando
supomos que já esteja estabelecida sua preferência manual.
Mencionamos e reforçamos os danos
que uma lateralidade contrariada sempre ocasiona em crianças de qualquer idade,
pois comprovamos que uma atividade não esclarecida por parte dos pais e
professores, que trazem conceitos tradicionais de destreza, só acarretam em
comprometimentos irreversíveis, em diversas áreas da linguagem.
Contudo, não são só pais e
educadores responsáveis pela preferência manual; sabemos e conhecemos
materiais e objetos feitos somente para
aqueles que melhor se desempenham com a mão direita. Como exemplo de pré-escolar
conhecemos escolas que possuem em sua arquitetura ambiental a funcionalidade
destra; citamos como exemplo as pias de banheiro que tem a torneira localizado
do lado direito, sem dar oportunidade da criança escolhera a mão que usara,
pois se ela for sinistra o esforço para manusear esta torneira estar
contribuindo para violenta-la.
Sabemos que uma única pia com uma
torneira mal localizada não será responsável
pela contrariedade do ato manual, mas infelizmente outros equipamentos seguem a mesma linha de habilidades.
Aconselhamos e pedimos uma atenção
especial para que educadores, principalmente os que estão ligados a creches
comecem a modificar esses conceitos de
equipamentos e materiais errôneos.
Há pouco tempo, tomamos conhecimento
que em São Paulo já existe uma firma que pensa no individuo como sinistro. Mas
só o vê como adulto, esquecendo que seus conflitos com o mundo “direito”,
“destro”, surge desde o seu nascimento.
É complexo para todos nos avaliarmos
quando a criança nasce qual será a sua preferência de lateralidade, mas é importante que a deixemos optar e
desenvolver-se dentro das limitações que o mundo destro já lhe impõe.
Definir lateralidade, par anos é
muito sério, pois nos preocupamos com aqueles que só pensam em adestrar.
Prof Dr Master Reikiana Aldry Suzuki
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