domingo, 9 de setembro de 2012

Dificuldades e Distúrbios na Aprendizagem V DISTÚRBIOS DA LINGUAGEM







II.3 – DISTÚRBIOS DA LINGUAGEM


            Preocupação é o termo exato para definir nossa postura quando apresentamos ou discutimos a temática dos distúrbios da linguagem, principalmente porque os estudos realizados nesse campo são enfocados quase sempre de uma maneira unilateral, do ponto de vista médico, pedagógico ou psicológico, sendo poucos aqueles que se aventuram a integrar enfoques a fim de permitir uma posição mais clara perante os quadros enfocados.

            A leitura existente sobre distúrbios da linguagem é, sem duvida, riquíssima sob o ponto de vista em que cada autor se apóia. Muito se tem estudado a respeito e, com eficiência, mas o que nos leva a  questionar é justamente a objetividade no plano concreto, de como bem caracterizar os distúrbios de linguagem, tais como: afasia, dislexia, mutismo, etc... , sem que haja uma necessidade de rotular as crianças com alguns sintomas desse quadro, levando-as, assim, a persistirem no quadro por reforço externo da sua incapacidade ou por tratamentos parciais e/ou inadequados.

            Conseqüentemente, tornou-se muito difícil definir, classificar e apresentar esses distúrbios de forma superficial, pois seria necessária uma análise muito mais profunda que só caberá, em efeito, num livro ou em palestras específicas para determinadas patologias, onde poderemos nos situar, claramente, de qual é nossa postura mediante tanta parafenalia de rótulos, teorias, métodos, etc... , que nos agridem profundamente como terapeutas e, as vezes chegam a nos confundir como cientistas dos distúrbios da comunicação.

            Quando citamos a literatura existente e excluímos o fonoaudiólogo é porque não conhecemos nenhum trabalho editado em nossa área que não estivesse profundamente embasado em medicina, pedagogia ou psicologia fugindo sempre de uma visão fonoaudilogica mais concreta.

            É exatamente por isto que nosso método terapêutico é estruturado a partir de um estudo global e profundo de cada caso, tendo como base o potencial e o resultado positivo de alguns métodos adotados; portanto, seguimos uma linha experimental calçada em constantes observações de cada criança e de trocas com profissionais de todas as áreas que englobam a criança como um todo.


            A – PRÉ-DISLEXIA

            É um distúrbio da linguagem que normalmente se apresenta quando não há prontidão para a alfabetização em nível suficiente sob determinados aspectos para que se inicie o processo da função simbólica, que é a leitura e a sua transposição gráfica, que é a escrita.

            O processo de aprendizagem, em geral, depende de uma complexa integração dos processos neurológicos, sócio-cultural e harmoniosa evolução das funções motoras e intelectivas.

            Do ponto de vista fonoaudiologico é fundamental que a criança saiba pronunciar corretamente todos os fonemas, antes de ser iniciada a alfabetização, pois a criança fará uma transposição gráfica que transcendera as suas limitações, chegando, em algumas vezes, a transpor graficamente a sua fala que poderá não estar correta.

            Verificar-se-á então substituições, omissões e acréscimos de fonemas na escrita. Logo, é necessário deixar bem claro que uma dislalia pode levar a uma pré-dislexia e até a uma disortografia.

            Através das áreas intelectivas e motoras, o educador poderá observar se a criança apresenta um desempenho compatível com o desenvolvimento do grupo em que se encontra.

            As áreas intelectivas e motoras estão integradas ao mecanismo de recepção, elaboração e expressão, logo qualquer falha nas áreas relacionadas nos mostrará “ uma não prontidão para a alfabetização”.

  • Imagem, controle e conceito corporal;
  • Orientação  espacial e temporal;
  • Percepção visual, auditiva e tátil;
  • Compreensão e raciocínio;
  • Associação de idéias;
  • Memória.


Qualquer falha no processo integrativo ou falta de condições de treinamento necessário, provocarão desarmonias ou poderão resultar em dificuldades maiores e/ou menores proporções no contexto geral do aprendizado da leitura e da escrita.


            B-DISLEXIA

            Dislexia é uma síndrome caracterizada por um severo distúrbio de aprendizagem que atua diretamente na escrita e na leitura acompanhada, ocasionalmente de distúrbios psicomotores, intelectivos, emocionais, que levam a criança a um baixo rendimento escolar. Tais comprometimentos geralmente ocorrem por conta de uma disfunção cerebral mínima.

            “Dislexia é uma dificuldade da leitura e, conseqüentemente, na escrita, ou seja, a criança não identifica símbolos gráficos (letras e/ou números), o que acarreta fracasso em áreas que dependam da leitura e da escrita. Apesar de não ler é uma criança bastante inteligente”.

Normalmente a criança dislexia é considerada desatenta e preguiçosa, trazendo conseqüências graves no nível emocional. Necessitam de auxílio especializado e principalmente da ajuda do professor.

Podemos reconhecer se as dificuldades são devidas à dislexia, respondendo-se as perguntas que se seguem:


 SE A CRIANÇA TEM CERCA DE OITO ANOS E MEIO:

o   Ela ainda tem dificuldades de leitura?

o   Ela ainda apresenta dificuldades para soletrar?

o   Isso nos surpreende?

o   Temos a impressão de que em atividades não relacionadas com leitura e soletração ela é uma criança esperta e inteligente?

o   Inverte “B” no lugar de “D”?

o   Necessita usar blocos ou dedos para fazer cálculos?

o   Apresenta dificuldade incomum em lembrar a tabuada?

o   Demora em responder o que lhe é solicitado?

o   Confunde direita e esquerda?

o   É desajeitada?

o   Tem dificuldade em pegar ou chutar bola?

o   Apresenta dificuldade em atar os sapatos, fazer nó, vestir-se ou trocar a roupa?


SE A CRIANÇA TIVER 8  A 12 ANOS:

o   Ainda comete erros negligentes na leitura?

o   Ainda comete erros esquisitos na soletração?

o   Omite algumas letras nas palavras?

o   Não tem bom senso de direção, confundindo às vezes direita com esquerda?

o   Ás vezes confunde “B” com “P”?

o   Ainda tem dificuldade na tabuada?

o   Utiliza os dedos das mãos, dos pés, sinais no papel para fazer cálculos?

o   A compreensão de leitura é mais lenta do que a esperada para sua faixa etária?

o   Leva mais tempo do que a média para fazer trabalhos escritos?

o   O tempo de que necessita para fazer as quatro operações, parecem mais lentas do que o esperado?

o   Demonstra insegurança e baixa apreciação sobre si mesmo ? (CND, Curitiba- Paraná , 2003


            Entretanto, deixando patente a nossa preocupação e conduta em rotular uma criança de dislexia, pois o quadro é bastante complexo e deve ser cuidadosamente analisado para que não seja confundido com outros distúrbios de aprendizagem, que não apresentam em sua sintomatologia tamanho grau de comprometimento.

            Características da Dislexia

            As características descritas estão associadas a leitura e escrita, sem a obrigatória necessidade de estarem todas presentes:

·    Disortografia;

·    Disgrafia (abordada em distúrbios psicomotores);

·    Leitura prejudicada;

·    Disfunção cerebral mínima;

·    Prejuízo na dominância lateral;

·    Comprometimento psicopedagógico.

Lembramos que o diagóstico de dislexia não devera ser feito apenas através dos comprometimentos da leitura e da escrita. Esses sintomas associados por dificuldades perceptuais e motoras e acompanhados de uma D.C.M. , permitirão a afirmação do quadro de dislexia.


      B-DISORTOGRAFIA

           É a dificuldade que o sujeito apresenta para transcrever corretamente a linguagem oral, havendo  confusão de letras e trocas ortográficas. Exemplo:


  • Confusão de letras com trocas auditivamente semelhantes: f/v; p/b; ch/j;

  • Confusão de sílabas com tonicidade semelhante:falaram/falarão;
  • Confusão de palavras com configurações semelhantes: mapa/capa;
  • Uso de palavras com um mesmo som para várias letras: asa/aza; casar/cazar;
  • Dificuldade em recordar a seqüência dos sons das palavras, por exemplo: junções: doque / do que;
  • fragmentações: es cola/escola; a contece/ acontece;
  • inversões: prota/porta;
  • adições: palalavra/palavra;
  • omissões: tesora/tesoura; boeca/boneca.

Quando falamos em disortografia devemos considerar o nível de escolaridade da criança e a freqüência de seus erros. (CND, Curitiba- Paraná, 2003)


# Substituição de letras, silabas ou palavras de sons semelhantes:

            am X ão – foram  X forão

            pompo X pombo

            Tedu X teto

            Oche esta chovendo X hoje está chovendo


# Omissão de letras, silabas ou palavras:

            plata X planta

            meni X menina

            vovo vê sacola X vove vê a sacola


# Inversão de letras dentro de uma palavra:

            pombo X bompo

            pato X tapo


# Acréscimo de letras, silabas ou palavras:

            dorr X dor

            cafefe X café

            a menina toma o café café com pão


# Inversão(espelhamento)

            p X q

            b X d


# Fragmentação de palavras ( dissociação)

            em bora X embora

            a inda X ainda


# Confusão de diversos tipos de letras ( cursiva misturada com impresa, script misturada com impresa, etc...)

            CABeça

            MacacA


# Mistua de letras maiúsculas com minúsculas, mostrando uma desorganização sem um sentido ideal, podem ocorrer em palavras ou em frases:

            banaNa

            a casa de talita é Bonita.


# Agregação de palavras:

            japescou X já pescou


# Confusão entre letras de formas vizinhas no alfabeto:

            ch X x – chave X chave

            r X r – caro X carro

            lh X li – velia X velha

            s X z  - caza X casa


# Trocas entre letras simétricas, ( de forma visual)

            u X v

            n X m

            n X h

            o X a


# Repetição de palavras:

            fui a praia praia ontem


# Troca  e omissões na escrita dos dígrafos:

            ceijo X queijo


            As disortografia podem ocorrer isoladamente formando um quadro específico ou como um dos componentes da dislexia.

            Logo, deve haver uma preocupação em avaliar e diagnosticar o quadro isolado da disortografia, que tem prognóstico favoráveis em seu tratamento.

            Características das Disortografias

            Dificuldades de discriminação visual ocasionadas por problemas oftalmológicos tais como:

Ametropias – (miopia, hipermetropia e astigmatismo) causando defeitos na leitura e na escrita a ponto de serem observados na escola pela professora e em casa pela família. Estes distúrbios são caracterizados pela necessidade que a criança tem de copiar do colega do lado ao invés de faze-lo diretamente do quadro.Existem trocas de letras simétricas, há um enorme desinteresse da criança em ler e escrever, seus olhos podem lacrimejar e sentir-se até sonolenta.

Distúrbios de Motilidade – É responsável pelo desinteresse e desatenção na  leitura e escrita, levando a criança a omitir letras, silabas, palavras e linhas ocasionando diplopias ( imagens duplas) cefaléia e sonolência pelo cansaço dos músculos oculares externos que fazem o movimento incessante de convergência e divergência.

            Falhas na discriminação visual ocasionadas por dificuldades de visualização tais como:

Posição no espaço – Por  uma estruturação da imagem, do conceito ou do controle  corporal. Para a criança tudo esta distorcido, tem dificuldade de perceber um objeto em relação ao observador, seus movimentos são desajeitados e apresenta dificuldades nos conceitos: dentro/fora, acima/ abaixo, direita/ esquerda. É comum apresentar falhas no inicio da aprendizagem sistemática, confundindo números, letras e frases.

Relação especial – dificuldades do observador em perceber dois ou mais objetos em relação a ele e aos outros; caracterizada na escrita e na leitura pela deficiência em perceber corretamente a seqüência das letras em uma palavra, de palavra numa frase, dificuldade em lembrar a seqüência dos processos envolvidos em problemas matemáticos.

Coordenação viso-motora – É a presença de um movimento das mãos ou do corpo em reposta a um estímulo, em perfeita consonância e harmonia com o mesmo. A criança com distúrbios nesta área apresenta dificuldades para recortar, colar e traçar linhas com trajetórias determinadas, distração e atenção que ocasionam perda de continuidade nas letras e  suas associações e dificuldades em ler da esquerda para a direita e controlar o gesto para uma escrita legível e ordenada.

Constancia de percepção – É a incapacidade de identificação de um objeto em situações diferentes, independentemente do seu tamanho, forma, posição e cor, acarretando uma dificuldade em identificar figuras iguais, dispostas na mesma posição ou invertidas, identificar o tamanho real abstraindo a dimensão do desenho, identificar determinadas cores em suas varias tonalidades, identificar número ou palavras que já conhece ao encontra-los num texto diferente ( na cor, no tamanho, e no estilo de expressão).

Figura – fundo – É a dificuldade de destacar uma determinada figura isoladamente, dentro de um conjunto sem que outros elementos intervenha, acarretando dificuldades em manter a atenção em determinadas atividades, dificuldades de localizar uma frase numa pagina, uma palavra no dicionário e resolver exercícios quando escritos em páginas muito extensas.


            Dificuldades na discriminação auditiva, ocasionadas por:

Atenção auditiva – É a associação imediata dos sons a sua fonte produtora.

Percepção auditiva – É o sentimento do som exato com suas diferentes características de freqüência e intensidade.

Memória auditiva – É a habilidade de lembrar seqüências de sons, fonemas, palavras, números e frases.


            B.2- LEITURA PREJUDICADA

            Leitura é um processo de recodificação dos símbolos escritos eu são transformados e integrados em idéias.

            A criança pode apresentar falhas neste processo, caracterizadas da seguinte forma:

            Pronto Reconhecimento dos significantes

-As falhas apresentadas são as substituições de letras( por simetria visual, ou não), as omissões de letras ou sílabas, as repetições de letras, fragmentação, contaminação e inversão.


            Fluência da Leitura

-Poderá estar comprometida por omissões ou repetições de palavras, linhas ou parágrafos e por inadequada pontuação. Como causas da fluência da leitura podemos considerar os distúrbios psicomotores, falhas nas áreas cognitivas (visualização, atenção, percepção e evocações de símbolos visuais e auditivos) e falhas no processo de aquisição dos mecanismos básicos da leitura.


            Leitura Silenciosa

-Um dos aspectos significativos na avaliação da dislexia e observar que a criança apresenta dificuldades em ler silenciosamente, usando recursos auxiliares, tais como os movimentos lábias que poderão estar ou não acompanhados de sons, movimentos de apoio com o dedo, lápis ou régua.


            Leitura compreensiva

-Na área pedagógica, a leitura compreensiva pode ser feita sob formas de leitura oral e silenciosa.

            O processo compreensivo esta a nível literal do texto que domina o mecanismo da leitura em níveis literal do texto que domina o mecanismo da leitura em níveis de significante, interpretação de texto (compreensão em termo de significado), de forma a estar apto a colaborar e responder ao que esta sendo proposto, sendo capaz de escrever  ou verbalizar o que captou.

            As crianças com essas dificuldades apresentam incapacidade para reproduzir totalmente o que leram; em nível de interpretação poderá ocorrer uma inabilidade de determinar a idéia principal.

            As causas dessas dificuldades relacionam-se com a estruturação temporo-espacial, comprometendo  memorização, raciocínio, generalização e imaginação. Em nível de linguagem há uma má estruturação na linguagem receptiva e expressiva (significado).


            B.3- DISFUNÇÃO CEREBRAL MÍNIMA

            Ao nosso ver compete ao neurologista  normalmente tomar conhecimento de uma forma ou de outra, das crianças com suspeita de D.C.M.. É de sua competência o diagnóstico clínico desta síndrome.

            É da responsabilidade de uma equipe terapêutica levar a termo o tratamento da criança portadora de D.C.M.

            Do ponto de vista médico, os progressos sobre a D.C.M. são recentes. Suas causas ainda não estão aprovadas, apesar de se considerar que o fator genético é relevante visto a freqüência com que se verifica em uma família e segundo alguns autores neurolingüistas a D.C.M. é o resultado de sinapses incompletas, interferindo assim nos processos elétricos e motores que estariam relacionados com alterações metabólicas em mediadores químicos neuronais.

            As crianças portadoras de D.C.M. terão prognósticos tanto favoráveis quanto mais cedo for detectada a disfunção.

            A nossa experiência tem mostrado que  em quase todos os nossos pacientes com comprometimentos fonoaudiologicos ligados a linguagem tem sido demonstrada esta síndrome. Temos observado que quase todas as crianças que nos são encaminhadas por escolas, psicólogos e médicos são portadoras de sintomatologias que nos fazem suspeitar de D.C.M. :

o    Inteligência próxima da média, média ou superior a média;

o    Defeitos de percepção, atenção, conceituação, linguagem, memória, controle da atenção e dos impulsos ou da função motora;

o    Distúrbios de aprendizagem, os mais variados possíveis, levando geralmente a um quadro de dislexia;

o    Incoordenação motora (dispraxias) podendo ser considerada como fruto de imatura sinergia de músculos agonistas e antagonistas participantes da motricidade voluntária;

o    Hiperatividade: a atividade motora na D.C.M. se apresenta exageradamente intensa, tornando os pacientes incômodos e exaustivos para seus circunstantes;

o    Hipoatividade: também pode estar presente em certas crianças.Nossa experiência de trabalho nos mostra crianças paradas para atividades diversas fazendo assim oscilações de hiperatividade e hipoatividade;

o    Sincinesias: são movimentos secundários associados a um movimento qualquer realizado pelo corpo, embora possam ser considerados fisiológicos traduzindo maturação cerebral até os 7 anos de idade, que também podem ser encontradas na D.C.M.;

o    Distúrbios de comportamento e conduta de grau leve ou severo: o compotamento do D.C.M. e trabalhado em relação ao comportamento das pessoas que o rodeiam, transmitindo segurança ou insegurança mediante a flexibilidade do seu quadro que pode apresentar flutuação de sentimentos de insegurança, de ansiedade, inabilidade para prática de esportes, mau rendimento escolar, exibicionismo, destruidade de brinquedos, mitomania, podem ser negativistas ou então prepotentes, intolerantes a frustações e irreverentes.

 É importante realçar que existem dois pólos de reações neste quadro:observam-se crianças dependentes, tristes, retraídas, introvertidas, não agressivas e outras menos sensíveis e desanimadas.

            Levando em conta os problemas citados, sugerimos que  crianças portadoras destes distúrbios ou semelhantes sejam sempre que possível encaminhadas ao neurologistas que através do exame neurológico evolutivo solicitara os exames complementares que julgue necessário e encaminhara a criança para a equipe adequada evitando dessa forma que certas crianças fiquem sendo tratadas inadequadamente.

            Lembramos ainda a título de esclarecimento que a I.M. normal  ou anormal assim com E.E.G. normal ou anormal não mostram isoladamente dados significantes para detectação de um quadro de D.C.M.

            Em síntese, achamos que toda criança com suspeita de D.C.M. deve ser encaminhada ao neurologista, o que não significa dizer que a mesma deva ser tratada. Descartar ou elucidar o diagnóstico sim. Porém tratar só quando necessário. O neurologista, é claro, usando o bom senso aliando a sua experiência pessoal Dara desfecho ao caso juntamente com o grupo de tratamento integrado ao qual já nos referimos levando em consideração sempre o bem-estar da criança.


B.4 – PREJUÍZOS DA DOMINANCIA LATERAL

            Muito se diz e é especulado a respeito da importância de uma lateralidade definida, homolateral e não contariada para um bom desenvolvimento motor e intelectivo.

            Do ponto de vista, partimos da premissa que lateralidade cruzada não é responsável por distúrbio qualquer de aprendizagem.

            Muitos fonoaudiólogos utilizam este termo (cruzado) para definir a criança que apresenta lateralidade de pé, mão, olho e ouvido, com dominância diferente.

            No campo oftalmológico, somente é valorizado o olho dominante como aquele que tem melhor visão e que nem sempre é o mesmo a apresentar resposta ao hemisfério dominante.

            A dominância visual para o oftalmologista é importante somente nos casos de estrabismo, pois a dominância se apresenta ora num olho, ora no outro (estrabismo alternantes), que ao exame oftamológico de dominância visual associado ao grau de estrabismo determinará os músculos que terão interveniência no ato cirúrgico.

            Além disso, a lateralidade e funcional e relativa. Não há destros absolutos nem sinistros totais e sempre há uma lateralidade complementar que se coordena com a dominante.

            Quanto às mãos, temos de considerar que através de seus movimentos ativos, praticamente definimos o indivíduo de destro ou sinistro.

            Os pés, os olhos e ouvidos têm ambos, na maioria das vezes, funções simétricas não lateralizadas.

            Então, devemos considerar que para a fonoaudiologia e de vital importância detectar, sem precipitação e indução, a mão dominante da criança. Alguns problemas relacionados a não importância ao que citamos levara a criança a distúrbios de esquemas corporal, orientação espacial e temporal e das percepções, pois é baseada na sua preferência natural que os esquemas foram adquiridos, integrados e interiorizados pela criança. É importante citar que a avaliação e observação da criança sobre o posicionamento de sua lateralidade só deve ser feita a partir de 4 anos de idade quando supomos que já esteja estabelecida sua preferência manual.

            Mencionamos e reforçamos os danos que uma lateralidade contrariada sempre ocasiona em crianças de qualquer idade, pois comprovamos que uma atividade não esclarecida por parte dos pais e professores, que trazem conceitos tradicionais de destreza, só acarretam em comprometimentos irreversíveis, em diversas áreas da linguagem.

            Contudo, não são só pais e educadores responsáveis pela preferência manual; sabemos e conhecemos materiais  e objetos feitos somente para aqueles que melhor se desempenham com a mão direita. Como exemplo de pré-escolar conhecemos escolas que possuem em sua arquitetura ambiental a funcionalidade destra; citamos como exemplo as pias de banheiro que tem a torneira localizado do lado direito, sem dar oportunidade da criança escolhera a mão que usara, pois se ela for sinistra o esforço para manusear esta torneira estar contribuindo para violenta-la.

            Sabemos que uma única pia com uma torneira mal localizada não será responsável  pela contrariedade do ato manual, mas infelizmente outros  equipamentos seguem a mesma linha de habilidades.

            Aconselhamos e pedimos uma atenção especial para que educadores, principalmente os que estão ligados a creches comecem a modificar esses  conceitos de equipamentos e materiais errôneos.

            Há pouco tempo, tomamos conhecimento que em São Paulo já existe uma firma que pensa no individuo como sinistro. Mas só o vê como adulto, esquecendo que seus conflitos com o mundo “direito”, “destro”, surge desde o seu nascimento.

            É complexo para todos nos avaliarmos quando a criança nasce qual será a sua preferência de lateralidade, mas é  importante que a deixemos optar e desenvolver-se dentro das limitações que o mundo destro já lhe impõe.

            Definir lateralidade, par anos é muito sério, pois nos preocupamos com aqueles que só pensam em adestrar.
Prof Dr Master Reikiana Aldry Suzuki

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