PLANEJAR É...
Fazer a planta da casa, prever o
futuro desejável, verificar as possibilidades, os limites que se tem; estudar o
terreno, vendo dificuldades e pontos de apoio;propor ações, modos de agir e
regras, para construir a casa de modo que ela fique o mais próxima possível da
realidade expressa pela planta.(Gandin e Cruz)
Planejamento
faz parte da nossa vida. Pense no seu dia-a-dia: você planeja a que horas vai
acordar, o horário que pretende sair de casa, o caminho que vai seguir para
chegar ao trabalho ou a outro lugar, as tarefas que deve cumprir... você
planeja uma viagem, um curso, casamento, filhos... vida.
Planejar
é analisar uma dada realidade, refletindo sobre as condições existentes, e
prever as formas alternativas de ação para superar as dificuldades ou alcançar
os objetivos desejados. Portanto, o planejamento é um processo mental que
envolve análise, reflexão e previsão. (Haydt,1997:94) No campo da educação
temos vários níveis de planejamento de acordo com os âmbitos administrativos:
sistema, escola, currículo e ensino (curso, unidade didática e aula).
O
planejamento didático ou de ensino constituiu a expressão das ações e
procedimentos que o professor/a professora realizará junto a seus alunos/suas
alunas, em conformidade com objetivos educacionais anteriormente definidos. É a
operacionalização do plano curricular.
Entre
os autores tradicionais, a principal utilidade do planejamento didático é
neutralizar a rotina e a improvisação. Mas podemos acrescentar benefícios: um
planejamento serve para explicitar a intencionalidade
e o compromisso de uma ação, indicar
a racionalidade da dinâmica a
adotar(metodologia), dirigir o empenho
dos participantes, estabelecer critérios
de rendimento, localizar falhas e
prover ajustes oportunos; serve para adequar/adaptar
o processo ensino-aprendizagem; serve para amparar a inventividade docente.
A
intencionalidade e o compromisso de uma ação estão invariavelmente relacionados
aos objetivos do ensino. A
determinação dos objetivos educacionais específicos no planejamento de ensino
condiciona a seleção do conteúdo e dos procedimentos de ensino e estratégias de
aprendizagem para uma situação dada.
A
noção de objetivo no planejamento didático significa: um resultado esperado em
função de uma ação particular. Ou melhor ainda, o objetivo educacional é um
ponto de chegada de uma ação que conduz à mudança (Martin e Savary, 1996). Ele
é preciso, observável e personalizável (expressa-se em cada pessoa).
Os
objetivos no planejamento didático se exprimem de acordo com a estrutura da
seqüência das aprendizagens. O seu começo, no entanto, parte das seguintes
considerações (Meirieu, 1998:129-135):
a)
Só se pode ensinar, apoiando-se no sujeito, em suas
aquisições anteriores, nas estratégias que lhe são familiares. Paradoxalmente,
o que é determinante em uma aprendizagem é o “já-existente”.
b)
A ação didática deve, portanto, esforçar-se para fazer
com que haja a emergência da informação que possibilita essa articulação.
c)
A ação didática, se só pode partir do sujeito tal como
ele é, deve ter como fim enriquecer suas competências e suas capacidades e
permitir que ele experimente novas estratégias.
Planejar o ensino é adapta-lo às
estratégias de aprendizagem dos alunos; é descobrir aquilo que se pode variar
em seu ensino, como se pode negociar a situação-problema, adaptar a programação
didática, organizar um quadro de propostas e recursos(Meirieu,1998).
Todos conhecem a forma tradicional de
planejar o ensino. Todavia, em muitas partes de nosso mundo, a escola rompeu com
a transmissão clássica de conhecimentos e introduziu a “pedagogia do problema”.
Assim, fala-se menos em aula e mais em atividades, tarefas,
Uma aula ou uma unidade didática(algumas
aulas) supõe atividades que devem ser selecionadas segundo as condições e
necessidades dos alunos/das alunas, as quais podem ser assim resumidas
(Meirieu, 1998:150-1):
Sensibilização: aquilo que “prende” e
permite iniciar mais facilmente o trabalho...
Identificação: aquilo que ajuda a ficar
atento, a escutar, ver ou ler aquilo que é proposto...
Estruturação: aquilo que facilita a
compreensão, permite ligar o que se aprende aquilo que já se sabia e construir
um sistema de explicações...
Apropriação: aquilo que permite tornar
efetivamente sua aprendizagem, é capaz de explica-la a outrem e de responder a
suas eventuais questões ou objeções...
Memorização: aquilo que fornece os
meios de acumular as aquisições efetuadas a fim de poder restituí-las...
Revisão: aquilo que garante a melhor
eficiência nas retomadas e revisões
sistemáticas efetuadas posteriormente sobre conjuntos de conhecimentos...
Transferência: aquilo que torna
possível a utilização pessoal de um conhecimento em um novo contexto, sua
aplicação em situações inéditas.
Auto-avaliação: aquilo que coloca o
sujeito em situação de visão crítica sobre seu próprio trabalho e o ajuda a
melhorar seus resultados...
Boa leitura,
com carinho Prof Dr Aldry Suzuki
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