II-2 -DISTÚRBIOS DE ARTICULAÇÃO
São dificuldades ligadas a articulação onde existem comprometimentos dos
músculos, arcada dentária e outros órgãos responsáveis pela emissão de fonemas
e deglutição.
Classificamos os distúrbios de articulação em três grupos:
Articulação propriamente dita, deglutição e respiração.
A – SIGMATISMO
São dificuldades apresentadas na pronúncia do /s/ e /z/, caracterizadas
por uma disfunção mecânica dos órgãos articulatórios que denominamos de
sigmatismo.
Os sigmatismos de origem maxilo-mandibulares se dividem conforme sua
origem:
- Sigmatismo Lábio Dental
Caracterizado pelo /s/ soprado entre os incisivos superiores e o lábio
inferior. É comum encontrarmos nas prognatias mandibulares (classe III) e nas
protusões maxilares (classe II).
- Sigmatismo Interdentário ou Central
Evidencia-se pelo avanço do ápice da língua sobre os incisivos superiores
e inferiores. É observado em crianças com problemas ligados a raquitismo com
má-formação e em crianças com protusão da arcada dentaria superior,
principalmente quando tem hábitos viciosos, mordida aberta anterior e quase
sempre diastema.
-Sigmatismo Lateral
Encontra-se quando a língua apóia-se isoladamente de um lado e levanta-se
do outro, tomando assim, contato com outros dentes.
Aparece normalmente nas prognatias e nas vestibularizações de maxilares
que apresentam atresia.
-Sigmatismo Estridente
É produzido pela dispersão de ar que
se processa sobre os incisivos superiores que se encontram mal posicionados.
B-
DEGLUTIÇÃO
É um ato continuo de transportar substâncias liquidas, gasosas e sólidas
da boca até o estômago.
Encontra-se em três fases:
FASE
1:
Voluntária, começa quando o bolo alimentar é empurrado para trás, num
plano inclinado, formado pela calha da língua, cola-se palato abaixando a base.
O bolo alimentar desliza até a faringe lubrificada pela saliva.
FASE 2 :
Faringeana ou involuntária, é a chamada deglutinação reflexa não
consciente. O bolo alimentar vai despertar no faríngeo uma série de reflexos
que irão se contrair para impedir a volta do alimento para a boca, fossas
nasais e vias aéreas inferiores empurrando o alimento para o esôfago .
FASE 3 :
Esofageana e involuntária é o ato reflexo que ocasiona a passagem do
alimento para o estômago.
B-1 - DEGLUTIÇÃO ATÍPICA
É a forma incorreta pela qual os alimentos são transportados desde a
cavidade oral até o estômago. Consideramos deglutição atípica quando nas duas primeiras fases da deglutição
encontramos uma total desarmonia que se desencadeia em situações constantes de
anormalidades trazendo assim inúmeros prejuízos aos órgãos articulatórios que
em função da dificuldade poderão ficar bastante prejudicados. É importante
citar que a deglutição de forma incorreta poderá trazer inúmeros transtornos
para a arcada dentária.
As principais causas da deglutição atípica são:
§
Quebra de
reflexo de sucção:
§
Sucção de
dedo e artefatos de borracha
§
Amigdalites constantes;
§
Respiração bucal;
§
Anadontias;
§
Macroglossia.
Devemos estar sempre atentos a observação da criança com respeito a:
§
Hábitos de dormir;
§
Tipo de respiração;
§
Tipo de alimentação;
§
Postura da língua;
§
Tipo de mastigação;
§
Modificações na arcada dentária;
§
Dificuldades da motricidade facial;
§
Tonicidade da língua.
C- PROJEÇÃO
LINGUAL
É um distúrbio da articulação ligado diretamente ao
funcionamento da língua, associada aos órgãos articulatórios. A projeção
lingual ocorre de forma constante, sempre que a criança emite os fonemas /t/ ,
/d/ , /n/.
Principais causas:
v
Mau posicionamento da língua causado por vícios
e maus hábitos;
v
Desequilíbrio muscular e tonicidade da língua
prejudicado;
v
Distúrbios emocionais.
A Projeção lingual poderá
contribuir para a má-formação da arcada dentária e para aumentar os problemas
emocionais, caso já existam.
É muito comum ao observarmos uma criança que proteja a língua ao falar
salivar em excesso. Partindo daí, a família, os amigos e a professora tendem a
sempre chamar a atenção da criança com repressões que poderão trazer conflitos
emocionais para a criança.
Observações como:
v
“Bota a língua para dentro”;
v
“Cuidado par não cuspir na hora de falar”;
Não devem ser feitas,pois independe da criança o ato de faze-lo. As perdas prematuras dos
incisivos centrais inferiores e superiores poderão trazer para a criança vícios
de projeção da língua. É importante, quando dificuldades como estas aparecer,
consultarmos e pedirmos orientação ao odontopediatra que caberá indicar a conduta
correta.
D- INTERPOSIÇÃO
LINGUAL
É interposição lingual observamos
um mau posicionamento da
língua que se dispõe entre os incisivos superiores e inferiores.
Com freqüência encontramos a língua mantendo contato a partir do primeiro
e do segundo molar.
As principais causas da interposição lingual são:
v
Respiração bucal;
v
Massa lingual volumosa;
v
Má-formação das estruturas orais da criança;
v
Hábitos
viciosos;
v
Pouca mobilidade e tonicidade da língua;
Nossa experiência estabelece uma
relação entre respiração bucal, deglutição
atípica, projeção lingual, sigmatismo e interposição lingual.
Isto não impede que a criança
possa ter um único problema isoladamente.
A preocupação em prevenir no
pré-escolar, interferindo com a correção da interposição lingual, caso ela
ocorra, é para que futuramente não seja necessária uma correção ortodôntica
para a má-oclusão dentária, causada pela língua interposta.
A relação criança, fonoaudiólogo, deve ser estreita e constante, pois a
finalidade principal deste tratamento é evitar a correção ortodôntica
E-
RESPIRAÇÃO
A respiração é de máxima importância na articulação. A finalidade
da respiração é
através da expiração restituir a
energia armazenada por todas as
contrações musculares determinadas pela inspiração, portanto a elasticidade dos
pulmões distendidos pela inspiração, a energia acumulada durante o movimento de
afastamento e de tensão das costelas, da volta da musculatura abdominal que
retoma a posição normal, seguindo o diafragma que se descontrai.
Na inspiração, o músculo de maior importância é o diafragma. Quando ele
se contrai o volume da porção inferior da caixa torácica leva os pulmões a expandirem-se na mesma direção.
Na expiração, o diafragma deixa de pressionar o ventre por que o eleva.
Há um movimento espontâneo da parte superior do abdômen para voltar a sua
posição de repouso.
Pela contração conjugada desses músculos, as costelas se deslocam para
cima e para fora e em conseqüência desse movimento, na inspiração há um aumento
do diâmetro transverso e na expiração, o movimento é contrário.
Na respiração normal, ao inspirar enquanto o ar desce, o diafragma
aplana-se, o gradil costal inferior eleva-se, o superior movimenta-se muito
pouco para frente e o ventre dilata-se. Ao expirar, o diagragma se relaxa e
volta a adquirir o feitio de cúpula; o gradil costal inferior baixa e os
músculos abdominais se contraem.
Portanto a respiração fisiologicamente correta é aquela em que predomina
funcionalmente a atuação da região costo-diafragmática.
Assim sendo, todo indivíduo que inspira ou expira com predominância da
região costal superior esta indo contra a fisiologia do organismo prejudicando,
portanto a fala, sua voz, sua digestão, sua arcada dentária, sua postura, seu
perfil facial, os órgãos orofaríngeos, etc.
E importante citarmos as anomalias respiratórias:
o
Respiração lenta;
o
Respiração acelerada;
o
Dificuldade na respiração;
o
Respiração rápida e profunda;
o
Respiração bucal.
Na criança há grande predominância da respiração bucal, onde ela usa a
cavidade oral para inspirar e expirar.
CAUSAS:
q Obstruções
respiratórias altas;
q Distúrbios
respiratórios localizados acima da laringe;
q Hipertrofia
de amigdalas significantes;
q Hipertrofia
de adenóides;
q Desvio
de septo;
q Anomalias
congênitas em nível do nariz;
q Infecções
repetidas;
q Processos
alérgicos (rinites alérgicas);
q Pólipos
(é raro aparecer em crianças de 0 a 6 anos);
q Tumores
(é raro aparecer em crianças de 0 a 6 anos);
q Cornetos
inflamados.
Estas
causas podem levar sérios transtornos para uma criança, como lesões
respiratórias altas; sinusites, insuficiências respiratórias e infecções sérias
e sistemáticas. É importante não afastar as doenças respiratórias baixas, como
as bronquites, bronquealites e até asma bronquealites e até asma brônquica.
É fácil observar para se detectar o respirador bucal. Ele apresenta
fácies atípicas (chamadas de fácies adenoideanas). É a criança que sempre que
não se encontra falando, esta com a boca aberta. A criança que tem um
hiperdesenvolvimento da mandíbula, que poderá leva-la a uma futura má-oclusão
dentária e a um perfil prejudicado, pode até se
apresentar com um tórax diferente (chamado peito de pombo), é comum uma
distensão abdominal, principalmente nas crianças de baixa idade cronológica e
até em conseqüência desta distensão uma lordose (encurvamento da coluna
vertebral par diante).
Justifica-se que para a criança é mais fácil respirar pela boca do que
pelo nariz, pois a boca esta mais próxima do pulmão. Isto resulta em menor
resistência e maior probalidade de infecções, pois quando a criança respira
pelo nariz, o ar, sofre filtragem, aquecimento e purificação, fazendo com que
ele chegue aquecido e bastante purificado nas vias respiratórias inferiores e
assim não traga conseqüências para essa região.
A criança em franco e bom desenvolvimento deve ser tratada das causas
precocemente para que a dificuldade não se instale e torne mais difícil
corrigi-las. O otorrino eliminara a causa, porém o mau hábito de respirar pela
boca perdurará até que seja tratado pelo fonoaudiólogo, que com avaliações
técnica e terapêuticas irá reabilita-lo.
CONCLUSÕES:
Por ser a boca uma zona de extrema sensibilidade, cuja significação
psicológica tem sido muito estudada por psicólogos, fonoaudiólogos,
odontopediatras, pediatras, etc.
Ao nascer, a criança usa sua
cavidade oral para alimentar-se e comunicar-se com o mundo que a rodeia.
Partindo daí, surge a nossa preocupação com todas as disfunções
miofuncionais (distúrbios de articulação) já citados.
É necessário uma avaliação cuidadosa e detalhada para uma perfeita
integração de procedimentos, técnicas e tratamentos para se reeducar padrões
musculares inadequados que se interligam e causam diversas disfunções
miofuncionais e/ou distúrbios da articulação.
Prof Dr Master Reikiana
Aldry Suzuki
Nenhum comentário:
Postar um comentário